No país vizinho de Espanha na década de 30 do século XX, produziu-se uma violentíssima e cruenta perseguição religiosa: 13 bispos, 4184 sacerdotes, 2365 frades e monjes, 283 irmãs, e milhares de leigos foram assassinados "in odium fidei", a esmagadora maioria no decorrer da Guerra Civil Espanhola. A tragédia, apesar de toda a dor, constítui uma das páginas mais gloriosas da Santa Igreja Católica com o martírio de uma multidão de santos e santas que por amor a Deus e à sua Igreja deram a suas vidas, e dos quais sou afinal, irmão na Fé pela graça do Baptismo. Este espaço é a todos eles e elas dedicado! Que a intercessão destes santos e beatos junto de Nosso Senhor Jesus Cristo me ajude a ser um cristão coerente e verdadeiro neste nosso século XXI!

Não é minha pretensão com este blog julgar os assassinos ou seus herdeiros ideológicos. Ao Senhor pertence o julgamento. Eu, que apenas ambiciono ser um simples seguidor de Cristo na sua Igreja, cabe-me perdoar, tal como o fizeram aos seus carrascos estes mártires espanhois que aqui vão ser apresentados. Faço minhas as palavras do cardeal vietnamita Nguyen Van Thuân - que passou 12 anos em prisões comunistas - quando dizia "não me sentiria cristão se não perdoasse".

Nesta nossa sociedade de 2012, de indiferentismo religioso, hiper-consumista, hedonista e abandono de valores cristãos, foi Graças à "descoberta" das histórias individuais de todos estes mártires, à sua imolação, ao seu holocausto; que dei por mim num caminho de conversão. Re-encontrei-me com Jesus Cristo e com a Santa Igreja Católica.

"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc 13,13).

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Monges Cistercienses de Viaceli - mártires

Fotografia do mártir Pe. Pío Heredia, formador e Mestre de Noviços do mosteiro, com vários dos mártires cistercienses.

Caríssimos leitores, hoje venho apresentar-vos os nossos mártires da Abadia cisterciense de Santa Maria de Viaceli, da Ordem Cisterciense da Estrita Observância (vulgo Trapistas), na diocese de Santander (província de Cantábria).
Também esta pacífica e contemplativa comunidade monástica da nossa amada Igreja católica foi perturbada pela agressão marxista da vil perseguição religiosa em Espanha em 1936, tendo vários dos seus monges sido chamados ao martírio.

Esta comunidade cristã de humildes monges de Viaceli reconhece ao Senhor a especial Graça de ter oferecido à Igreja o testemunho de profunda fidelidade e adesão inquebrantável a Cristo, de muitos dos seus monges: o Pe. Pío Heredia e mais 14 Irmãos, que depois de várias ofensas, entregaram suas vidas por amor a Jesus Cristo.
Seu processo de beatificação, iniciado em 1997, encontra-se em processo bastante avançado, já na fase Romana.

Tais como todos os outros que neste Blog já fui apresentando, também estes mártires deram sua vida unicamente pelo seu amor a Cristo e por não aceitarem o convite de se tornarem apóstatas.
6 padres e 9 Irmãos, e nenhum apóstata da Fé! Um exemplo para as nossas vidas, para a minha em particular! Meu bom Senhor, tende piedade de mim, e dái-me uma Fé como a destes meus santos irmãos cistercienses para que Te possa amar com mais empenho!

Não cometeram nenhum crime contra ninguém. Não cometeram nenhum crime contra o Estado. Seu único crime, naqueles tempos de em que o fanatismo marxista e o laicismo agressivo ateu campeou pelos campos, vilas e cidades de Espanha, foi o de terem abraçado livremente a Regra monástica de São Bento e São Bernardo e serem fiéis à Santa Igreja de Roma. Isso, meus caros, os marxistas não podiam tolerar. Não podia haver outro Deus do que Marx, Lenine ou Estaline.

A 8 de setembro de 1936 a comunidade foi detida, tendo o Pe. Pío Herédia, responsável pelos Irmãos (uma comunidade monástica divide-se entre monges sacerdotes e monges Irmãos), foi sujeito a violento interrogatório pelo responsável do Comitê de Guerra. Cobriram o seu corpo de golpes, bastonadas, para além de todos os impropérios blasfemos que lhe dirigiam. O seu silêncio, a sua calma e gestos de perdão para com os seus carrascos marxistas deixava-os ainda mais enfurecidos.


Abadia cisterciense de Santa Maria de Viaceli: "O sangue dos mártires é o melhor antídoto contra a apatia religiosa".

O Pe. Pío Herédia junto com os Irmãos do mosteiro vieram a ser assassinados nas falésias do Cabo Mayor, junto à cidade de Santander. Vários testemunhos afirmam e louvam a Fé daqueles jovens e inocentes monjes, quando a caminho da sua imolação, em cima do um camião que os transportava, cantavam salmos de louvor ao Senhor. "Iam morrer, e iam a cantar. Nunca me poderei esquecer disso", diz uma testemunha que na época tinha apenas 15 anos. (Ver outro meu post anterior: "Mártires de Barbastro").

Foram atirados aos rochedos e ao mar, durante a noite, de mãos fortemente atadas à cintura. Uns morreram despedaçados nas rochas, outros afogados, e outros gravemente feridos, acabaram por morrer por falta de quem os socorresse. Para os marxistas, eliminar a Igreja Católica em Espanha era um desígnio a cumprir.

Uns dias depois, a 3 de dezembro de 1936, o mar devolveu às praias da zona de Santander, alguns corpos. Um deles o do Servo de Deus Pe. Pío Herédia. Com os braços atados atrás das costas, e com a boca cozida. O horror da tortura dos inimigos da Igreja aos que permaneceram fiéis a Cristo não tinha fim.




Visão geral do Cabo Mayor, junto a Santander. Daqui foram atirados ao mar e às rochas os jovens mártires monges de Viaceli.



Monumento erigido no Cabo Mayor (Santander) em memória dos mártires. As inscrições na base do monumento foram entretanto retiradas pela democracia.



Os mártires da abadia de Viaceli eram na sua maioria bastante jovens. Eram a esperança vocacional de uma comunidade florescente, que se converteram na semente semeada na boa terra, fecunda para germinar novas vocações à Santa Igreja Católica. Aqui ficam, para memória, seus nomes e idades destes nossos irmãos na Fé de Jesus Cristo:


Pe. Pío Herédia, 61 anos;
Pe. Amadeo, 31 anos;


Pe. Valeriano, 30 anos;


Pe. Juan Bautista, 31 anos;


Pe. Eugenio, 33 anos;


Pe. Vicente, 31 anos;


Ir. Álvaro, 21 anos;


Ir. Marcelino, 23 anos;


Ir. Antonio, 21 anos;


Ir. Eustáquio, 45 anos;


Ir. àngel, 68 anos;


Ir. Ezequiel, 19 anos;


Ir. Eulogio, 20 anos;


Ir. Bienvenido, 28 anos;


Ir. Leandro, 21 anos.


Actual comunidade monástica da Abadia de Santa Maria de Viaceli. Aspecto do refeitório da comunidade.

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