No país vizinho de Espanha na década de 30 do século XX, produziu-se uma violentíssima e cruenta perseguição religiosa: 13 bispos, 4184 sacerdotes, 2365 frades e monjes, 283 irmãs, e milhares de leigos foram assassinados "in odium fidei", a esmagadora maioria no decorrer da Guerra Civil Espanhola. A tragédia, apesar de toda a dor, constítui uma das páginas mais gloriosas da Santa Igreja Católica com o martírio de uma multidão de santos e santas que por amor a Deus e à sua Igreja deram a suas vidas, e dos quais sou afinal, irmão na Fé pela graça do Baptismo. Este espaço é a todos eles e elas dedicado! Que a intercessão destes santos e beatos junto de Nosso Senhor Jesus Cristo me ajude a ser um cristão coerente e verdadeiro neste nosso século XXI!

Não é minha pretensão com este blog julgar os assassinos ou seus herdeiros ideológicos. Ao Senhor pertence o julgamento. Eu, que apenas ambiciono ser um simples seguidor de Cristo na sua Igreja, cabe-me perdoar, tal como o fizeram aos seus carrascos estes mártires espanhois que aqui vão ser apresentados. Faço minhas as palavras do cardeal vietnamita Nguyen Van Thuân - que passou 12 anos em prisões comunistas - quando dizia "não me sentiria cristão se não perdoasse".

Nesta nossa sociedade de 2012, de indiferentismo religioso, hiper-consumista, hedonista e abandono de valores cristãos, foi Graças à "descoberta" das histórias individuais de todos estes mártires, à sua imolação, ao seu holocausto; que dei por mim num caminho de conversão. Re-encontrei-me com Jesus Cristo e com a Santa Igreja Católica.

"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc 13,13).

quarta-feira, 13 de agosto de 2014


 
II PEREGRINAÇÃO DO BLOG "Mártires de Espanha"
26 e 27 de Agosto de 2014
 
 
 
Recordando os santos mártires cristãos, vítimas do ódio a Jesus Cristo e à Santa Igreja Católica, por parte do ateísmo organizado (comunistas, anarquistas e socialistas) durante a Guerra Civil Espanhola, o blog "Mártires de Espanha" irá pela segunda vez, em peregrinação a alguns dos locais mais emblemáticos da maior perseguição do século XX na Europa.
 
No dia 26 de agosto de 2014, estaremos em oração aos pés do monumento ao Sagrado Coração de Jesus, no bonito santuário do Cerro de los Angeles (Getafe), Madrid, que em agosto de 1936, foi local do famoso fuzilamento, por parte das forças comunistas de Madrid.
 
 A famosa imagem infame de um grupo de comunistas espanhóis a fuzilar a imagem do Santíssimo  Sagrado Coração de Jesus em agosto de 1936.
 Imagem da cabeça do Sagrado Coração de Jesus, após ter sido fuzilada e martelada com picaretas e martelos pelos comunistas. O ódio à Santa Igreja não conhecia limites!

 
 
Ainda no dia 26, visitaremos o espaço sagrado de Paracuellos de Jarama, (Cemitério dos Mártires)esse solo embebido com o sangue de milhares de mártires católicos, assassinados em grupo, pelas rajadas frias das metralhadoras dos vermelhos. Um local que todos os católicos deveriam ir em peregrinação, pelo menos uma vez ao longo de suas vidas. Relembro que nas 522 beatificações de Tarragona, de 2013, 67 dos novos beatos da Santa Igreja, morreram assassinados em Paracuellos de Jarama, cujos restos permanecem naquelas valas comuns. Ali, pediremos a intercessão a Nosso Senhor jesus Cristo, através destes homens que deram testemunho d'Ele, até ao fim. Cujo exemplo de vida, e martírio, nunca caia no esquecimento, desta Europa secularizada e negadora do Divino.
 
Cemitério de valas comuns, onde foram fuzilados alguns milhares de inocentes cristãos (entre membros do clero, e simples leigos) in odium fidei pelos comunistas em novembro de 1936.
 
No dia 27 de agosto, estaremos no grande monumento, que celebra a PAZ entre os dois lados da Guerra Civil Espanhola, no Valle de los Caidos. Aí assistiremos ao Santo Sacrifício da Missa, onde terminará a nossa Peregrinação.
 
 
 
 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Frei Manuel da Sagrada Família – monge Jerónimo - Beato



Beatificado no passado dia 13 de outubro de 2013 em Tarragona (Espanha), Frei Manuel da Sagrada Família foi um homem providencial. Cristão de fé adulta, foi em 1925 o restaurador do ramo masculino da Ordem dos Jerónimos, comunidade religiosa contemplativa. Uma ordem monástica com uma enorme tradição eclesial em Espanha e Portugal. (Quem não conhece o belíssimo “mosteiro dos Jerónimos” em Lisboa? – antiga casa-mãe da Ordem dos Jerónimos em Portugal).


Manuel Sanz Domínguez nasceu em Sotodosos (Guadalajara) em 1887. Seu primeiro emprego foi na Companhia de Caminhos de Ferro Espanhola.

Dali, passou à Banca, e começou a trabalhar na London Country Westmister and Parr’s Foreign Bank na famosa Gran Vía em Madrid. Sua notoriedade na banca rapidamente se fez notar e depressa foi contratado pelo mais influente Banco Rural.

Testemunhos de conhecidos e amigos recordam esses tempos de empregado dos Caminhos de Ferro, quando ainda não tinha feito os 25 anos, onde falava da Boa Nova de Jesus Cristo aos colegas. Socialistas, anarquistas e comunistas procuravam escarnecer dele. Tarefa inútil, pois Manuel Sanz nunca se deixou abater perante as críticas, as incompreensões, os insultos. A Adoração Noturna, os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola, os vários retiros espirituais, e a sua própria acção evangelizadora  acabaram por o levar a sentir o apelo do Senhor.  Pensou tornar-se jesuíta, mas a saúde do seu pai, e o facto de que suas irmãs dependiam economicamente dele, obrigaram Manuel a atrasar sua decisão. No entanto, nunca se tornaria jesuíta. O Senhor tinha para ele, um outro plano.

Em 1920, cumpria-se o décimo quinto centenário da morte de São Jerónimo. Com excepção dos nossos dias, este tipo de datas sempre foram celebradas com solenidade e publicidade. E no início dos anos 20, entre os católicos de Espanha surgiram uma série de publicações sobre o santo. Coincidindo com este acontecimento, Manuel Sanz entrou em contacto com os escritos de São jerónimo através de um companheiro da Adoração Nocturna que tinha tentado, sem êxito, restaurar a Ordem Jerónima.

Durante o tempo de doença do seu pai, Manuel introduziu-se na espiritualidade jerónima, e na gloriosa história da Ordem, condenada à morte prematura pelas legislações anti-clericais do século XIX em Portugal e Espanha. No entanto, seu pai veio a falecer e suas irmãs, encontraram a independência económica. Manuel estava agora com as condições para dar resposta ao projecto que o Senhor lhe propunha: não seria sacerdote jesuíta, mas sim monge jerónimo.

- “Mas a Ordem Jerónima não existe!”, lhe dizia seu director espiritual quando Manuel lhe confiou os seus planos.

- “Pois bem, a restaurarei!”

~E restaurou-a mesmo. Com outros cinco corajosos vocacionados, e contando com o apoio incondicional das monjas, que do Mosteiro Jerónimo de la Concepción de Madrid, que levavam décadas a pedir ao Senhor o regresso  dos seus irmãos frades. Renunciou a uma brilhante carreira profissional, a um futuro de bem instalado na vida, ao êxito financeiro, e, se empenhou numa tarefa aparentemente insensata: recuperar uma ordem monástica no seu ramo masculino, que já tinha existido na Península Ibérica, mas que fora extinta pela força das leis anti-Igreja, em 1834 em Portugal, e em 1835 em Espanha.

 
Mosteiro dos Monges Jerónimos de Santa Maria del Parral

Com o apoio do Papa Pio XI, os novos monges Jerónimos começaram a sua vida monástica  regular num dos seus antigos mosteiros da Ordem, Santa Maria del Parral, em 1925. Neste mosteiro, recebeu a ordenação sacerdotal, e fez profissão dos seus votos, temporais primeiro, depois perpétuos.

 

O MARTÍRIO

A Ordem Jerónima recuperou a sua vitalidade, mas o seu destino parecia estar cheio de provas extremamente duras. Em 1931, com a proclamação da República, o Governo e os partidos foram criando uma corrente crescente de opinião pública contra a Igreja e seus membros, que se converteria na grande enxurrada de sangue de mártires ocorrida em 1936. Sabendo que era perseguido pelas forças do novo regime republicano, Fray Manuel de la Sagrada Família, proclamou:

Aconteça o que acontecer, dou graças a Deus, porque me concedeu um destino grande e belo. Se viverei, creio que verei restaurada a Ordem Jerónima, objecto de todos os meus sonhos. Se morrer, serei mártir por Cristo, que é bem mais do que alguma vez sonhei!”.

Poucos dias depois de ter pronunciado estas palavras, membros dos partidos políticos de esquerdas, com o aval do Governo da República, detiveram Frei Manuel de la Sagrada Família. Detiveram-no durante 2 anos preso, doente. Acabou por ser transferido para a Prisão-Modelo de Madrid, (Cárcel Modelo), acompanhado por outros religiosos, sacerdotes e leigos católicos.

Antiga prisão madrilena "Cárcel-Modelo" onde Frey Manuel esteve preso


Foi executado pelos comunistas por fuzilamento em Paracuellos de Jarama, a 6 de novembro de 1936.

Cemitério dos Mártires em Paracuellos de Jarama, esse verdadeiro relicário de mártires da Santa Igreja Católica. Aqui a terra está inundada de sangue de mártires cristãos.


Paracuellos de Jarama, esse local onde jazem o maior número de mártires cristãos da História da Igreja, foi a tumba do restaurador da Ordem dos Jerónimos, que passou os últimos dias na Prisão-Modelo a evangelizar, e reconfortar e a atender espiritualmente os presos, vítimas do ateísmo e ódio à religião católica.
Cemitério dos Mártires em Paracuellos de Jarama, esse verdadeiro relicário de mártires da Santa Igreja Católica. Aqui a terra está inundada de sangue de mártires cristãos. Local onde todos os cristãos deveriam ir em peregrinação uma vez na vida!
Simulação dos fuzilamentos efetuados pelos comunistas em 1936 em Paracuellos de Jarama.
 
 
Lembranças do Beato Frei Manuel de la Sagrada Família no mosteiro de Santa Maria del Parral.
 

Infelizmente, apesar de a Igreja  ter celebrado muito recentemente a sua Beatificação, o momento não é muito feliz para a Ordem dos monges Jerónimos. Após a restauração em 1925 no Mosteiro de Santa Maria del Parral (Segóvia – Espanha) a Ordem já teve as seguintes comunidades monásticas masculinas: Mosteiro de San Isidro del Campo (1956); Mosteiro de Yuste (1958) e Mosteiro da Jávea (1964). No entanto, hoje (outubro de 2013) a Ordem Jerónima, no seu ramo masculino está reduzida apenas à um único mosteiro activo: Santa Maria del Parral.
Mosteiro de Yuste (Cáceres): até à poucos anos ocupado pelos monges Jerónimos.
 
 
Que tempos são estes? Onde os jovens católicos já não respondem generosamente ao apelo do Senhor, unindo-se a este ideal de vida cristã, no silêncio e oração? Os poucos monges jerónimos são homens humildes, afáveis, serenos,  com um grande coração e uma profunda Fé em Deus. É surpreendente que a sua vida de recolhimento, de silêncio, não os transforma em pessoas antipáticas ou pouco sociáveis. Pelo contrário, servir a Deus, com todo o seu coração, com toda a sua mente, e todo o seu corpo, multiplica o seu grande amor por todas as almas.  São verdadeiramente cristãos muito felizes!
Dois monges Jerónimos na actualidade, de Santa Maria del Parral.

Roguemos ao Beato Frei Manuel de la Sagrada Família, que interceda junto de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que envie jovens cristãos do século XXI, à secular Ordem dos Jerónimos de forma a que esta continue a contribuir com a sua incessante oração, para o bem de toda a Santa Igreja.

 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Beato Ir. MÁRIO FÉLIX - mártir português

 
Irmão Mário Félix (nasc. Manuel José de Sousa) 1860-1936
 
 
É com alegria que apresento pela primeira vez aqui no Mártires de Espanha, um português, um compatriota: o Irmão Mário Félix, da Congregação das Escolas Cristãs, nascido em 1860 na localidade de Santa Marta do Bouro, concelho de Amares, Arquidiocese de Braga, e assassinado aos 76 anos de idade, e 48 de vida religiosa, por ódio à Fé cristã e à Santa Igreja Católica, pelos ateus anarquistas espanhóis em 28 de julho de 1936.
 
 
O Irmão Mário Félix, no mundo civil Manuel José de Sousa, trabalhador incasável, sentiu o chamamento à vida religiosa por caminhos muito particulares, que apenas manifestam os infinitos recursos do Senhor.
Quando Manuel de Sousa, orfão muito cedo, perdeu a avó que o tinha educado, emigrou para o Brasil. Um seu tio, estabelecido no Rio de Janeiro acolhe-o em sua casa, e emprega-o numa empresa de confeções. Insuficientemente instruído na Fé católica, caí no entanto nas redes de uma seita protestante onde se entrega com entusiasmo à leitura da Sagrada Escritura. Continua a sentir no seu interior um vazio angustiante que não sabia explicar. Deus, coloca então no seu caminho um zeloso jesuíta que compreende esta boa alma generosa, e o ajuda a encontrar a Verdade, levando-o a regressar ao seio da Santa Igreja Católica. De regresso a Portugal, e em Lisboa estabelece-se com um tecelão. No entanto, a sede por Jesus Cristo é grande, e encorajado pelo seu diretor espiritual, decide aos 28 anos, ingressar no noviciado em Madrid, da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs.
 
Terminado o noviciado, o Irmão Mário Félix, foi-lhe dada a responsabilidade da rouparia, no noviciado de Bujedo (Burgos). Com grande habilidade e perfecionismo, era ele que confecionava os hábitos e roupas da província espanhola da congregação. Depois de 12 anos de trabalho em Bujedo, foi sucessivamente destinado às casas de Deusto, Bilbao, e Las Corts (Barcelona).
 
Homem simples e humilde, ocupava o seu tempo livre para estudar e ler a Sagrada Escritura e um livro que apreciava muito: "Imitação de Cristo". Dotado de uma robusta constituição física, chegou aos 75 anos num ótimo estado de saúde física e mental. Cheio de gratidão para com Deus, consagrou os seus últimos anos a uma vida espiritual mais intensa, para, segundo o próprio, "estar melhor preparado para quando o Senhor o chamasse".
 
Capela do Colégio La Salle em Griñon, colégio onde foi assassinado o Beato Ir. Mário Félix

 
 
Em 1936, encontrava-se a residir  integrado na comunidade do colégio e novociado da congregação em Griñon (província de Madrid). No dia 28 de julho de 1936, entraram no colégio um bando de cerca de 300 milicianos anarquistas e sindicalistas da CNT e da FAI. Nos automoveis e camionetas em que chegram havia inscrições: "Los Sin Dios"! (Os sem Deus). Os seus objetivos visavam somente a destruição, a pilhagem e a morte dos que professassem a Fé em Jesus Cristo e na Sua Igreja.
Face à deteriorização do ambiente social em Espanha, e à crescente perseguição religiosa, no dia anterior tinham saído em direção à capital 59 Irmãos. Ficaram no noviciado 11 Irmãos, e ao seu cuidado estavam 87 alunos.
 
 
Aspecto atual do Colégio La Salle

 
Estavam todos a terminar o almoço quando ouviram fortes golpes numa das portas. Os milicianos entraram como uma turba descontrolada. Um dos Irmãos foi obrigado a mostrar-lhes todas as dependências do colégio/noviciado, para lhes mostrar que não havia armas. Um dos anarquistas obriga um dos Irmãos (Ir. Aquilino Javier) a destruir um enorme crucifixo da capela. Perante a negação do Irmão a cometer tal ato, o ateu furioso, enche-o de pancada, deixando-o quase morto. O primeiro a morrer foi o Irmão José Gorostazu, que um grupo de ateus após o ter martirizado com uma interminável sessão de pontapés, o baleou e o deixaram agonizante no átrio da capela do colégio, sem que o mártir deixara de gritar: "Viva Cristo Rei"!
Seguiu-se a destruição bárbara de todas as imagens religiosas da capela, das pinturas da Via-Sacra, do altar, da pia de água benta... O terror ateu mostrava todo o seu ódio dentro da casa do Senhor.
 
Toda a comunidade dos 11 Irmãos das Escolas Cristãs foram cruelmente assassinados. Foi ainda com os canos das armas fumegantes que os assassinos dedicaram então a sua atenção aos alunos noviços, dizendo: " Já sois livres! Acabamos de matar todos os padres que vos escravizavam!" No entanto, outros milicianos eram de outra opinião: "De nada nos adianta matar os frades, se deixarmos viva a semente", diziam, numa clara alusão em tirar também a vida aos jovens.
 
 

 
Aspecto atual do Colégio La Salle em Griñon, local dos martírios
 
 
No entanto, não prevaleceu a ideia de tirar a vida aos jovens. Quando os anarquistas ateus abandonaram o colégio, a única preocupação dos noviços era de dar sepultura cristã aos seus Irmãos. O testemunho de um deles é eloquente: " Quando chegamos ao pátio do noviciado, o quadro que se apresentava à nossa vista não podia ser mais horroroso. Estavam caídos pelo chão, os nossos Irmãos, martirizados de forma cruel. Uns com os braços em cruz, deitados numa poça do seu próprio sangue, e de sorriso nos lábios; outros com a mandíbula arrancada do resto da cara; outros crivados de balas, num deles chegou-se a contar mais de 50 (!!!) projetéis..."
 
 

Aspecto atual do Colégio La Salle em Griñon, local dos martírios

A sepultura tardou dois dias em realizar, pois os milicianos e o alcaide local, impediram os noviços de enterrar os mártires, pois "podia causar demasiada impressão à população"!

Estes são os nomes dos nomes dos gloriosos mártires de Griñon, mortos pelo ódio à Fé Católica pelo ateismo organizado:

- Irmão Orencio Luis - Reitor
- Irmão Aquilino Javier - Vicereitor
- Irmão Crisóstomo Albino
- Irmão Javier Eliseo
- Irmão Ángel Gregorio
- Irmão Arturo
- Irmão Sixto Andrés
- Irmão Benjamín León
- Irmão Mariano Pablo
- Irmão José Gorostazu
- Irmão Mário Félix




 
Sepulturas dos mártires do Colegio de Griñon. Por detrás da cabeça da irmã, encontra-se meio escondido o nome do mártir português Beato Irmão Mário Félix.
 
 
O reconhecimento do martírio dos religiosos foi determinado a 19 de dezembro de 2011 pelo Santo Padre Bento XVI, estando a sua beatificação marcada para o próximo mês de outubro de 2013, em Tarragona (Espanha). Deo Gratias!



sexta-feira, 29 de março de 2013

Três Mártires Carmelitas de Guadalajara - Beatas



A Igreja festeja hoje, a 29 de Março, a memória destas inocentes três irmãs carmelitas, assassinadas pelo ódio comunista à Santa Igreja naquele dia de 24 de julho de 1936, na cidade de Guadalajara, em Espanha. Foram beatificadas pelo Papa João Paulo II, a 29 de março de 1987.

IRMÃ TERESA DO MENINO JESUS:
Eusébia Garcia, segundo o nome de baptismo, nasceu a 5 de março de 1909, em Mochales, Guadalajara, Espanha. Segunda de oito irmãos, um dos quais sacerdote. Desde pequena que sentiu atração pela virtude da pureza, que aos nove anos de idade fez um voto de castidade, que daí por diante foi renovando anualmente até professar no Carmelo. Enquanto estudante, leu um livro que a veio marcar profundamente: "A História de Uma Alma", autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus. No desejo de lhe imitar o exemplo, entrou para o Carmelo de Guadalajara aos 16 anos, no dia 4 de novembro de 1925. Jovem cristã de grandes qualidades, escreveu nos seus apontamentos espirituais: "Não me desanimam os meus defeitos. Pelo contrário, tenho mais ocasiões de merecer e lutar contra eles. Não gosto da vida dos santos que só falam das suas virtudes, ocultando-lhes os defeitos e as lutas". Escreveu um dia também o seguinte: "Se sou vítima, porque me queixo quando me cravam a faca? às vitimas destinadas ao holocausto cravavam-lhes a faca e depois queimavam-nas, para que fossem consumidas. Assim devo eu deixar que me cravem a faca, me despedacem e consumam". Assim deslizou a sua vida até que o martírio a veio colher para o céu com apenas 27 anos de idade.



IRMÃ MARIA DO PILAR:
Jacoba Martínez Garcia nasceu em Terazona a 30 de dezembro de 1877. No convento escolheu o nome de Maria do Pilar. Eram 11 irmãos, dos quais 8 morreram crianças. Dos três restantes, um fez-se sacerdote, e as duas meninas entraram no convento das carmelitas de Guadalajara. Aos 21 anos de idade, a 12 de outubro de 1898, entrou para o convento. No dia 15 de outubro de 1899 fez a sua profissão religiosa na Missa celebrada pelo seu irmão. A mãe, presente na cerimónia exclamava ao sair da igreja: "O Senhor fez-me feliz demais! O meu único filho é um santo sacerdote e deu-me a Comunhão... e as minhas duas filhas estão aqui no convento a comungar também de suas mãos!". Durante 38 anos viveu com piedade e extaidão a regra de religiosa carmelita. Ao estalar a revolução, escreveu: "Se nos levarem ao martírio, iremos a cantar como as nossas irmãs de Compiègne. Cantaremos: Coração Santo, Tu reinarás".


Convento de San Jose das Irmãs Carmelitas em Guadalajara (Espanha) nos dias de hoje
 
IRMÃ MARIA DOS ANJOS:
Como as anteriores, também Mariana - era este o seu nome de baptismo - pertencia a uma família numerosa. Era a mais nova de 10 irmãos. Tendo falecido seis, ficaram quatro meninas, das quais dizia o seu piedoso pai: "Quatro filhas tenho, e a minha maior alegria neste mundo seria vê-las consagradas a Deus". E assim aconteceu. Todas as quatro irmãs vieram a entrar em congregações religiosas. Aos 24 anos, a 14 de julho de 1929, despede-se de seu idoso pai e entra no Carmelo de Guadalajara, onde toma o nome de Maria dos Anjos. A sua ânsia, que o Senhor satisfez plenamente, era o martírio, como escreveu nos seus Apontamentos Espirituais: "Meu Deus, recebei a minha vida entre as dores do martírio e em testemunho do meu amor para Convosco".
 
Convento de San Jose das Irmãs Carmelitas em Guadalajara (Espanha) nos dias de hoje
 
 
O MARTÍRIO:
As três Irmãs Maria do Pilar, Maria dos Anjos e Teresa do Menino Jesus, tiveram de deixar, como todas as outras religiosas, o convento no dia 24 de julho de 1936. Apesar de terem tirado o hábito, e trajarem trajes civis, são reconhecidas por um bando de milicianos e milicianas comunistas espanhois, e uma das quais grita para os camaradas:
- São freiras! Disparem!
Ouvem-se vários tiros das espingardas. Como pombas perseguidas, batem as inocentes Irmãs à porta de duas famílias conhecidas. Como ninguèm lhes abre, voltam à rua. Um tiro certeiro no coração prosta no chão a Irmã Maria dos Anjos, que morre quase imediatamente.
 

Ilustração do martírio da Irmã carmelita Maria do Pilar.
 
 
A Irmã Maria do Pilar teve martírio mais doloroso. As balas destroçaram-lhe a coluna vertebral, atravessaram-lhe o ventre e fraturaram-lhe um joelho e os ombros. Estendida no chão, a esvair-se em sangue, um comunista ainda lhe atravessou a região lombar com um punhal. Entre horriveis tormentos, dores e sede abrasadora, exclamava, como Cristo no alto da Cruz: "Tenho sede... Meu Deus, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!". Beijando o crucifixo que lhe aproximou dos lábios uma Irmã da Caridade do Hospital para onde foi levada, entregou placidamente a sua alma a Deus.
 
 
Milicianos comunistas preparam-se para incediar o Carmelo de San José de Guadalajara, após terem assassinado as três Irmãs.
 
 
A Irmã Teresa do Menino Jesus, ao fugir, viu-se cercada por um bando de milicianos. Aparece de repente outro camarada que os repreende fortemente, incitando-lhes a soltar aquela alma inocente. Os seus colegas deixam-na e ele exclama em tom amigo e paternal: "São uns bandidos. Estou aqui para te proteger. Vem comigo, levo-te a um refúgio seguro. Não temas. Tem confiança em mim".
A boa irmã Teresa deixou-se levar, acreditando nessas palavras. Depois de atravessarem algumas ruas, chegam a um descampado, perto do cemitério. Então, o lobo tira por fim a pele de cordeiro e revela toda a sua maldade. Procura violar sexualmente a jovem Irmã, prometendo-lhe a liberdade. Juntam-se-lhe mais três valentes comunistas com o mesmo intento: violar e profanar a virgindade daquela jovem religiosa carmelita. Nunca cede perante os desejos dos homens. Ela repele-os energicamente e procura escapar-se. Pretendêm então que dê vivas ao comunismo e que renegue a sua Fé. Como resposta só ouvem este grito: "Viva Cristo Rei!". Deixam-na então fugir. Corre com o braços em cruz, sabendo que irá ser morta. Cai mortalmente ferida com o rosto por terra, banhado em sangue. Ali sozinha, como Cristo no Jardim das Oliveiras, agonizou em grande paz, com a Fé e a virgindade intactas.
 

 

Ilustração do martírio da Irmã carmelita Teresa do Menino Jesus. 
 
 
As três Irmãs carmelitas de Guadalajara foram, para alegria de toda a Igreja (e Igreja não são os edíficios, são as pessoas!) foram beatificadas no dia 29 de março de 1987 pelo Papa João Paulo II.
 
Hoje, os seus restos mortais repousam no seu convento, o Carmelo de San José em Guadalajara.
 
Sepultura das três beatas: Maria dos Anjos, Maria do Pilar e Teresa do Menino Jesus.
 
 
Beatas Carmelitas Mártires de Guadalajara que sofrestes sem culpa alguma com o ódio e a incompreensão dos inimigos de Cristo, mas que morrestes com palavras de amor e perdão nos lábios suplicando pelos vossos assassinos, rogai por mim, que sou pecador!
 



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

As Três Irmãs Fradera - Beatas



Apresento hoje a história impressionante de 3 religiosas, das Missionárias Coração de Maria de Mataró, e também irmãs de sangue: A Carmen, a Rosa e a Magdalena. 3 irmãs, 3 religiosas, 3 mártires, 3 beatas. 
E é esta a força da minha Santa Igreja Católica: a humildade destas mártires cruelmente assassinadas nas mãos dos ímpios ateus organizados.
Que o exemplo de imolação e sacrifício destas três religiosas católicas nunca se apague da memória dos cristãos!  
Irmãs Clara, Rosa e Magdalena, intercedam por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo pois sou um pecador!
(A leitura do texto poderá impressionar os/as mais sensíveis!)



Irmã Carmen Fradera Ferragutcasas



Nasceu a 25 de Outubro de 1895. Foi batizada a 27 de outubro de 1895 na igreja paroquial de S. Martín de Riudarenes (Girona, Espanha).
Ingressou na Congregação em julho de 1921 em Barcelona.
Foi brutalmente torturada e assassinada por vários milicianos comunistas, somente pelo fato de ser religiosa católica, na madrugada do dia 27 de setembro de 1936 em Lloret de Mar. 



Irmã Rosa Fradera Ferragutcasas


Nasceu a 20 de novembro de 1900. Foi batizada a 21 de novembro de 1900 na igreja paroquial de S. Martín de Riudarenes (Girona, Espanha).
Ingressou na Congregação em dezembro de 1922 em Barcelona.
Foi brutalmente torturada e assassinada por vários milicianos comunistas, somente pelo fato de ser religiosa católica, na madrugada do dia 27 de setembro de 1936 em Lloret de Mar.
 


Irmã Magdalena Fradera Ferragutcasas


Nasceu a 12 de dezembro de 1902. Foi batizada a 16 de dezembro de 1902 na igreja paroquial de S. Martín de Riudarenes (Girona, Espanha).
Ingressou na Congregação em dezembro de 1922 em Barcelona.
Foi brutalmente torturada e assassinada por vários milicianos comunistas, somente pelo fato de ser religiosa católica, na madrugada do dia 27 de setembro de 1936 em Lloret de Mar. 




Como medida de segurança e de prevenção perante a situação caótica vivida em Espanha, desde os acontecimentos de Julho de 1936, a Congregação destas 3 irmãs, ordena que abandonem o Colégio onde as três trabalham, e se dirijam à casa de seus pais, vestidas em traje secular.
As Irmãs CARMEN, ROSA e MAGDALENA FRADERA FERRAGUTCASAS chegam então a Riudarenes, à casa de seus pais, que as recebem de braços abertos e com grande emoção. Ali recebem todo o carinho familiar, e podem continuar a manter as suas práticas religiosas de oração do Ofício Divino, fazendo leitura e meditação espiritual da Palavra, enquanto também colaboram nas tarefas diárias e agrícolas da casa.
A 25 de setembro de 1936 vários milicianos comunistas armados dirigiram-se à casa paterna em Riudarenes, para “registar” os habitantes, tendo aproveitado para roubarem 4,000 pesetas e exigirem mais 500, como “contribuição de guerra”. Em relação às 3 irmãs religiosas, interrogaram-nas e ameaçaram-nas.



Na madrugada de 27 de setembro, ainda de noite, vários milicianos marxistas, todos armados, dirigem-se à casa, procurando pelas três irmãs, alegando que necessitam delas para “interrogatório” no Comité Local de Gerona.

Apesar da grande resistência e oposição da família, as três irmãs são levadas, tendo estas declarado que “se vêm por causa de nós, nós estamos dispostas a morrer por Cristo”. A mais nova, Magdalena (de 33 anos) ainda disse: “Não nos enganam, vamos felizes por dar o nosso sangue a nosso Deus. Adeus querido pai, irmão e cunhada: vamos morrer, mas vamos tranquilas”.

 Pequeno monolito comemorativo do martírio das 3 beatas, no local de sua imolação.




Os comunistas não tiveram qualquer consideração pela docilidade das irmãs. Foi aos encontrões e empurrões que foram conduzidas até ao automovel que as conduziria à morte. Nem sequer esperaram que estivessem bem sentadas para fechar a porta do carro, pois fecharam a porta com tanta força, com o pé da Magdalena ainda de fora, que o fraturaram. Rosa, rasgou então um pedaço do seu vestido, que o enrolou ao redor do pé da sua irmã.

O automovel arrancou (era um Ford), e seguiu pela estrada de Vidreras até Lloret de Mar, até um bosque num local chamado Els Hostalet – atualmente é a urbanização Lloret Blau, perto de Cabanys, a 4 km de Lloret. Ali, antes de nascer o dia, as três irmãs entregaram a sua vida num martírio terrível e horrendo.

 Vista do local, nos dias de hoje, onde as trãs Irmãs foram cruelmente martirizadas.

Levadas a pé até junto de uma grande árvore, perto da estrada, ali tentaram violá-las uma e outra vez, mas encontraram sempre uma forte resistência por parte das irmãs, que defenderam com grande tenacidade a sua virgindade com todas as forças. Prova da luta que mantiveram contra os seus agressores, foram os diversos dentes partidos de Carmen e de própria Magdalena, que já tinha um pé partido.
Como não conseguiam vencer a sua oposição, torturaram-nas sadicamente, tendo partido um tronco de árvore, com que aproveitaram para lhes destruírem as vaginas. Magdalena foi especialmente visada, tendo-lhe deixado a vagina com várias farpas afiadas de madeira. Dispararam ainda intencionalmente tiros para as suas partes intimas, como forma de total desprezo pela suas virgindades consagradas.
Como se tudo isto fosse suficiente, regaram-lhe as pernas com gasolina e deitaram-lhes fogo para arderem lentamente.

 Aguarela das três Irmãs Missionárias do Coração de Maria segurando a palma do martírio.

Por fim, cansando-se daquele espetáculo macabro, já moribundas, foram assassinadas com tiros de pistola na cabeça. Todos os detalhes deste martírio tão horrendo, foram conhecidos pela boca dos seus próprios assassinos, que relataram a quem os quisera ouvir, tanto nos bares da aldeia, como no Comité Local, orgulhosos das suas façanhas.

Os corpos das três religiosas foram enterradas no cemitério de Riudarenes, depois da sua recuperação, identificação e registo. Atualmente (2012), os restos das três mártires repousam na capela da Casa-mãe da Congregação, em Olot (Girona, Espanha).

 Procissão solene da transladação das relíquias das três mártires, em 1961.

 Local onde repousam as relíquias das três irmãs martirizadas pelo ódio ateu.


O exemplo destas três religiosas, três irmãs, é para mim, para o meu “cristianismo de sofá” um fortíssimo testemunho de Fé. Um exemplo de vida, neste Ano da Fé. Seu testemunho é para mim, presentemente, uma verdadeira fortaleza para viver situações de intolerância e de agressão à minha Fé.

Entregarem-se de forma tão doce e mansamente às mãos dos seus torturadores, porque amavam tanto Jesus Cristo, tanto como os os agressores O odiavam. Só mesmo o ódio à Fé, o Odium Fidei mais extremo e fanático pode levar a tão cruel sadismo e brutalidade.

A 28 de outubro de 2007, foram beatificadas, para alegria de toda a Santa Igreja, pelo Papa Bento XVI.

Que a doação de suas vidas, seja semente de novas vocações religiosas em jovens cristãs!



sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Quatro mártires Vicentinos de Guadalajara

Apresento-vos mais 4 mártires católicos que com o seu sangue regaram o solo espanhol em 1936. Três sacerdotes e um irmão dos Vicentinos, que me antecederam na Fé Cristã e que merecem, de mim, cristão do século XXI, a minha grande admiração. 
Hoje, vivem a Eternidade na Luz da presença do Altíssimo.
Saiba eu, que ainda peregrino neste Vale de Lágrimas, olhar para a sua luz irradiante. Quatro inocentes religiosos criminosamente imolados pelos ímpios comunistas, cujo sacrifício não deve ser esquecido. 
Hoje, o ateísmo está de regresso às nossas cidades. A perseguição não tardará!



Padre Ireneo Rodríguez González, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 10 de fevereiro de 1897 em Los Balbases, Burgos (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.

Padre Gregorio Cermoño Barceló, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 09 de maio de 1874 em Saragoça (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.

Padre Vicente Vilumbrales Fuente, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 05 de abril de 1909 em Reinoso de Bureba, Burgos (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.

Irmão Narciso Pascual y Pascual, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 17 de agosto de 1917 em Sarreaus, Orense (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.


Iniciada a revolução marxista, os milicianos detiveram os Servos de Deus a 26 de julho de 1936 e os encarceraram na Prisão Central de Guadalajara. Com eles, aprisionaram mais cerca de 300 pessoas, conhecidas pelo seu catolicismo, onde se encontravam 21 sacerdotes e religiosos, estes, colocados em celas separados dos leigos. Este período na prisão sofreram torturas várias, desde o espancamento à ausência de auxílio médico, já para nem referir as blasfémias e vexames que diariamente eram sujeitos. A alimentação eras sempre muito escassa, e no mês de outubro foram-lhes retirados os colchões onde dormiam.

Os sacerdotes e religiosos, levaram sempre este provação com um modo de vida exemplar. Não faziam mais do que rezar e confessar os presos que iam sendo executados.

A 6 de dezembro uma turba de comunistas de Madrid, instigados por uma brigada de milicianos de Alicante, assaltou a Prisão Central de Guadalajara com o propósito de matar todos os sacerdotes, religiosos e leigos comprometidos com o seu catolicismo. O assalto começou pelas 16H00. 
A Prisão Central de Guadalajara atualmente, onde dezenas e dezenas de meus irmão em Cristo foram martirizados em 1936.

Um a um, os prisioneiros foram sendo retirados das celas e encaminhados para o pátio da Prisão, onde em grupos os iam fuzilando, deixando os cadáveres no chão.
Os primeiros a serem fuzilados foram os sacerdotes e religiosos, 21 ao todo, tendo sido o Padre Ireneo e o Irmão Pascual (de apenas 19 anos), os primeiros a cair debaixo da chuva de balas.

Ao carregarem os corpos para os camiões, eram vários os gritos agonizantes das vítimas que ainda sobreviviam às balas, de tal forma, que ao serem sepultados, eram vários os que gritavam. Foram enterrados em fossa comum, tendo alguns corpos sido queimados no pátio da Prisão. 

Christus Vincit, Christus Regna, Christus Imperat!
 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Seminarista Jesus Aníbal Gómez - Beato



O jovem seminarista claretiano que morreu mártir na Espanha em 1936


“Você veio de tão longe para se tornar sacerdote?” – foi a pergunta que um miliciano fez a Jesús Anibal Gómez antes de assassiná-lo. “Sim, senhor, e com muita honra” – respondeu. “Pois se é religioso, morre com todos”, sentenciou o miliciano comunista.
Jesús Aníbal, seminarista de apenas 21 anos, e junto com outros 14 companheiros claretianos, foram assassinados in odium fidei na estação ferroviária de Fernancaballero, um pequeno povoado da província de Ciudad Real, na Espanha a 28 de julho de 1936.


Jesús Aníbal foi o mais novo de 14 filhos. Nasceu em 1914, em uma casa campestre localizada em Tarso, um pequeno povoado que hoje conta com 7 mil habitantes, na cordilheira ocidental colombiana. No parque principal desta localidade foi erguida uma estátua em sua honra, em 1962.
Ele tinha só 11 anos quando ingressou no seminário menor. “Era amado por sua inocência, sua alegria, por ser o mais novo da casa”, assinalou seu biógrafo, Carlos E. Mesa CMF, no livro Jesús Anibal, testigo de sangre (Editora Conulsa, Madrid).
Sensibilidade e uma forte vida interior, assim como carinho por sua família e amor pela terra natal são as qualidades mais destacadas por quem o conhecia. Estudou em Bogotá até 1931, quando mudou para Zipaquirá, uma cidade a 48 km da capital colombiana, onde os claretianos contavam com uma casa filial.
Em 1935, Jesús Aníbal recebeu com alegria uma notícia que mudaria sua vida: deveria se mudar para a Espanha para se preparar para a ordenação sacerdotal. Ao chegar ali, começou a estudar assiduamente os livros do século de ouro espanhol, de Santa Teresa de Jesus, Luis de León, Luis de Granada.
“Se querem saber algo de mim, façam uma visita a Jesus sacramentado e ali me encontrarão”, escreveu para seus pais em uma de suas cartas.
Entre seus estudos e orações, Jesús Aníbal escrevia em seu caderno algumas resoluções concretas para seu combate espiritual: “considerar minha meditação como a base da vida interior de união com Jesus, colocar-me nas mãos de Jesus para saúde e enfermidade. Que Ele disponha de mim segundo sua vontade, tomarei a comunhão como ápice de minha vida”, dizem seus manuscritos que ainda se conservam.
O jovem seminarista chegou primeiro a Segovia, onde permaneceu pouco tempo, devido a que o clima não o ajudava, diante da sinusite crônica de que sofria. Por isso se mudou para o sul da Espanha. “Hoje penso sempre com muito consolo que Nosso Senhor tem desígnios muitos amorosos e especiais sobre mim”, escreveu Jesús Aníbal.
Assim viajou para Zafra, em Extremadura, quase na fronteira com Portugal. No final de abril de 1936, começou a crescer a atmosfera de violência no sul da Espanha. Os seminaristas e teólogos claretianos foram enviados então para Ciudad Real.

A nova comunidade, formada de improviso, era compartilhada por 8 sacerdotes, 30 estudantes e 9 irmãos missionários. De todos eles, seriam 27 os que terminariam sua vida com o martírio.
Padre Pecharromán (cmf), conta como os seminaristas “recomeçaram com seriedade notável os estudos, sem dispensar nenhuma obrigação da vida religiosa. Encarcerados no casarão cravado na cidade, não saíram de casa nos cerca de três meses em que ali estiveram, por causa do ambiente revolucionário que se respirava”.
“Não temos horta, e para o banho é preciso desenrascar-se como for possível”, escreveu Jesús Anibal para seus pais. “Em passeio, não saímos nem uma só vez desde que chegamos; de fato, guardamos clausura estritamente papal, assim as circunstâncias exigem”.
O superior conseguiu que os religiosos lhes outorgassem alguns salvo-condutos para ir a Madrid. Assim empreenderam a viagem à capital. “Pouco tempo tiveram para arrumar suas pobres maletas, que não tinham nem sequer o indispensável. Despediram-se dos que ficavam”, narra o padre Pecharroman.



Mas os milicianos não respeitaram o salvo-conduto e chegaram à Estação de Fernancaballero. “Ordenaram que os religiosos descessem. Uns o fizeram de imediato, dizendo: seja o que Deus quiser, morremos por Cristo e pela Espanha. Outros resistiram, mas com as coronhadas dos fuzis, foram obrigados a descer”, refereiu uma testemunha do assassinato.
“Os milicianos colocaram os religiosos de frente para eles, ao lado do comboio. Alguns dos irmãos estenderam os braços, gritando "Viva Cristo Rei" e "Viva a Espanha"! Outros taparam o rosto”, assegura a testemunha.
Mas nem sequer o passaporte colombiano, nem a proteção do consulado salvou a vida de Jesús Anibal, que também foi assassinado, pelos simples fato de ser seminarista católico.
Jesús Aníbal Gómez passará assim a ser o décimo beato colombiano. (Atualmente chegaram aos altares sete mártires da Ordem Hospitalar de São João de Deus, assassinados também na Espanha republicana de 1936).

O grupo de martirizados é composto por 16 claretianos: um sacerdote, 14 seminaristas estudantes de teologia e um Irmão coadjutor.
P. José Mª Ruiz Cano que morreu em Sigüenza, a 27 de julho de 1936.
No dia 28 entregaram suas vidas en Fernancaballero os estudantes: Jesus Aníbal Gómez Gómez (de nacionalidade colombiana), Tomás Cordero Cordero, Primitivo Berrocoso Maillo, Vicente Robles Gómez, Gabriel Barriopedro Tejedor, Claudio López Martínez, Ángel López Martínez, Antonio Lasa Vidaurreta, Melecio Pardo Llorente, Antonio Orrego Fuentes, Otilio del Amo Palomino, Cándido Catalán Lasala, Ángel Pérez Murillo e Abelardo García Palacios.
No dia 2 de outubro, também em Fernancaballero, foi assassinado o Irmão Felipe González de Heredia.

Com a data de 1 de julho de 2010, o Santo Padre Bento XVI autorizou a Congregação das Causas dos Santos a promulgar o decreto sobre o martírio dos Servos de Deus José Maria Ruiz Cano, Jesús Aníbal Gómez Gómez, Tomás Cordero Cordero e 13 companheiros da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), assassinados por ódio à fé cristã, durante a perseguição religiosa em Espanha em 1936.

Oração
Oh Jesus, Senhor do Reino da vida!
Te suplicamos que pelo Coração Imaculado de Maria, que Teu servo Jesús Aníbal e companheiros que sufreram o martírio por Tua causa, te glorifiquem na sua aceitação decidida da Cruz.
Que seu exemplo e intercessão nos façam crescer na fé, na esperança e caridade, afim de sermos fiéis anunciadores do Teu Reino de justiça, para Tua maior glória e salvação do mundo. Amén.

domingo, 25 de novembro de 2012

Viva CRISTO REI! VIVA!



Christus Regnat!

Cristo Reina. E reina pela cruz. “Ragnavit a ligno Deus”.
Ao passo que incontáveis tronos, ornados com pedras finas e cobertos de preciosos brocados, se esboroaram, a madeira rugosa da cruz continua, obstinadamente a dominar o mundo. Stat Crux Dum Volvitor Orbis, como reza o lema dos nossos irmãos monges cartuxos.

A festa de Cristo Rei foi instituída no mês de dezembro de 1925, pelo Papa Pio XI (1922-1939), através da Encíclica Quas Primas. Estabeleceu-se que seria celebrada no domingo anterior à Solenidade de Todos os Santos; e assim foi até 1970, quando Paulo VI, pretendendo destacar ainda mais o caráter cósmico e escatológico do reinado de Cristo, denominou-a Festa de “Cristo Rei do Universo”, que é como se denomina hoje, fixando a sua celebração no último domingo do Ano Litúrgico. Colocada, assim, como encerramento do Ano Litúrgico, a Solenidade de Cristo Rei aparece como síntese dos mistérios de Cristo comemorados no curso do ano, como o vértice em que resplandece com mais intensa luz a figura do Senhor e Salvador de todas as coisas. Dessa maneira, já se vai direcionando a meditação para o tempo do Advento, na perspectiva da Segunda Vinda Gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O estabelecimento desta festa em 1925 não significa que a Igreja tivesse esperado vinte séculos para reconhecer e celebrar o senhorio e o reinado universal de Cristo, uma vez que as festas da Epifania, Páscoa e Ascensão também são festas de Cristo Rei. Mas o Papa Pio XI decidiu estabelecer uma festa específica com finalidade pedagógica: diante do avanço que se via, naquela época, do ateísmo e da secularização da sociedade, o papa considerou oportuno destacar a autoridade soberana de Cristo acima de todos os homens, de todas as instituições e de todas as nações. Pio XI percebera que “a maioria dos homens havia se afastado de Jesus Cristo e de Sua lei santíssima tanto em sua vida e costumes, como na família e no governo do Estado, mas também que nunca resplandeceria uma esperança certa de paz verdadeira entre os povos enquanto os indivíduos e as nações negassem e rejeitassem o império de nosso Salvador.” Hoje, mais do que nunca, essas palavras do papa Pio XI nos são oportunas e necessárias. A situação do mundo atual é ainda mais grave, pois o relativismo e o secularismo estão atingindo níveis de agressividade e intolerância raramente vistos na história, diante do ateísmo prático e do agnosticismo que caracterizam nosso tempo.

Na Solenidade de Cristo Rei, a Igreja anuncia, cheia de alegria, que o Cordeiro sacrificado, ao entregar sua vida no altar da Cruz, “faz novas todas as coisas”. É a Solenidade do Cristo Pantokrator, que governa todas as coisas e recapitula todo o universo criado, reordenando todas as coisas segundo os desígnios do Pai. Assim Jesus Cristo recuperou com seu Sangue Precioso toda a criação, para entregá-la novamente ao Pai.

Depois de séculos de modernidade dedicando-se ao império da razão e dispensando Deus, o homem vê-se perdido diante da percepção de sua impotência radical e se ilude substituindo Deus pela posse das coisas e satisfações efémeras, tornando-se escravo delas, submerso numa existência inautêntica e vazia. É tempo, mais do que nunca, de retomar o caminho da verdadeira felicidade, submetendo-se ao Senhorio d’Aquele que é o verdadeiro Caminho, a Verdade e a Vida, em Que se fundam todas as nossas verdades: Jesus Cristo Nosso Senhor.

Christus Regnat!

Há milhões de fiéis que O amam, não com um amor platónico, mas com um amor que se traduz em sacrifícios concretos, em vitórias sobre todas as paixões! Houve milhões de mártires cristãos, e para dar a própria vida, é preciso amar muito!

Quantos homens e mulheres consagrados que passaram pela Igreja! Que amaram este Cristo Rei! Fizeram e fazem ainda hoje voto de obediência perpétua, e é preciso amar muito para sacrificar o que há de mais intimo em nós, aquilo que até os pobres renunciam em último lugar: a liberdade. Fazem o voto de castidade perpétua e é preciso amar muito este Cristo Rei, para sacrificar os desejos mais fortes do coração. Fazem votos de pobreza, perpétua, e é preciso amar muito para sacrificar todo o desejo de fortuna. Jesus, Cristo Rei, conta com legiões e legiões de homens e mulheres que espontaneamente, alegremente, lhe oferecem, com voto, todas as suas riquezas. Estes votos de amor chegam inclusive até à imolação, ao martírio, como estes “Mártires de Espanha” que por aqui venho apresentando.

Mas não haverá também detratores? Adorado por uns, aborrecido para outros. Mais ninguém como Cristo, foi ao longo de séculos amado ou odiado. Cristo previra-o, e, assim como predissera o amor, assim também predissera o ódio implacável. Mas, observemos melhor: o ódio é também a seu modo, uma homenagem; se o amor é uma homenagem à bondade, o ódio é uma homenagem à força. Em geral, o ódio cessa, se o adversário desaparece. Hoje já ninguém odeia Nero, Átila, Robespierre ou Napoleão. Pessoalmente, não conheço grupos organizados de ódio contra estas figuras. O desprezo sucede ao ódio. Com o tempo não fica deles mais do que o esquecimento desdenhoso. Seria anormal alguém enfurecer-se contra o que já há muito desapareceu e rechaçar o inexistente. Ninguém é tentado a lutar contra um zero.

Se os ataques contra Jesus Cristo continuam furiosos, vejo nisto a melhor prova de que Ele é forte. O ódio supõe um obstáculo, atual, real, um adversário vivo. Jesus Cristo não deixa o mundo indiferente: por Ele ou contra Ele há paixão. O mação insulta-O na loja. A carmelita adora-O na sua humilde cela monástica. Uns blasfemam-O, outros adoram-O; uns desonram-O, outros morrem por Ele.

Portanto, aproveitemos esse tempo, que é verdadeiro Kairós – o tempo oportuno de graça e salvação – que Deus nos concede a cada um de nós, em Sua infinita misericórdia, e renovemos nossa entrega a Ele fortalecidos com o exemplo da Fé em Cristo Rei, destes nossos irmãos mártires espanhóis, a fim de que Ele reordene toda a nossa existência para a plenitude. E, num gesto de sabedoria, submetamos toda a nossa vida ao Seu Senhorio, pois Ele nos dá tudo, e, nós somos de Cristo.

VIVA CRISTO REI! CHRISTUS REGNAT!



Monumento ao CRISTO-REI abraçando a minha cidade de Lisboa, Portugal.