No país vizinho de Espanha na década de 30 do século XX, produziu-se uma violentíssima e cruenta perseguição religiosa: 13 bispos, 4184 sacerdotes, 2365 frades e monjes, 283 irmãs, e milhares de leigos foram assassinados "in odium fidei", a esmagadora maioria no decorrer da Guerra Civil Espanhola. A tragédia, apesar de toda a dor, constítui uma das páginas mais gloriosas da Santa Igreja Católica com o martírio de uma multidão de santos e santas que por amor a Deus e à sua Igreja deram a suas vidas, e dos quais sou afinal, irmão na Fé pela graça do Baptismo. Este espaço é a todos eles e elas dedicado! Que a intercessão destes santos e beatos junto de Nosso Senhor Jesus Cristo me ajude a ser um cristão coerente e verdadeiro neste nosso século XXI!
Não é minha pretensão com este blog julgar os assassinos ou seus herdeiros ideológicos. Ao Senhor pertence o julgamento. Eu, que apenas ambiciono ser um simples seguidor de Cristo na sua Igreja, cabe-me perdoar, tal como o fizeram aos seus carrascos estes mártires espanhois que aqui vão ser apresentados. Faço minhas as palavras do cardeal vietnamita Nguyen Van Thuân - que passou 12 anos em prisões comunistas - quando dizia "não me sentiria cristão se não perdoasse".
Nesta nossa sociedade de 2012, de indiferentismo religioso, hiper-consumista, hedonista e abandono de valores cristãos, foi Graças à "descoberta" das histórias individuais de todos estes mártires, à sua imolação, ao seu holocausto; que dei por mim num caminho de conversão. Re-encontrei-me com Jesus Cristo e com a Santa Igreja Católica.
"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc 13,13).
Não é minha pretensão com este blog julgar os assassinos ou seus herdeiros ideológicos. Ao Senhor pertence o julgamento. Eu, que apenas ambiciono ser um simples seguidor de Cristo na sua Igreja, cabe-me perdoar, tal como o fizeram aos seus carrascos estes mártires espanhois que aqui vão ser apresentados. Faço minhas as palavras do cardeal vietnamita Nguyen Van Thuân - que passou 12 anos em prisões comunistas - quando dizia "não me sentiria cristão se não perdoasse".
Nesta nossa sociedade de 2012, de indiferentismo religioso, hiper-consumista, hedonista e abandono de valores cristãos, foi Graças à "descoberta" das histórias individuais de todos estes mártires, à sua imolação, ao seu holocausto; que dei por mim num caminho de conversão. Re-encontrei-me com Jesus Cristo e com a Santa Igreja Católica.
"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc 13,13).
sábado, 25 de agosto de 2012
Beato Aurélio de Vinalesa, OFM Cap. e 26 companheiros
Hoje, apresento-vos mais alguns mártires cristãos da hedionda perseguição religiosa motivada pelo ateísmo organizado (comunistas, trotskistas, anarquistas e socialistas) ocorrido em terras de Espanha naqueles negros anos de 1936 a 1939. As vidas destes nossos irmão Franciscanos Capuchinhos, e principalmente o seu martírio é, "Em uma palavra, o martírio é um grande ato de amor em resposta ao imenso amor de Deus" (Papa Bento XVI, 10 agosto 2010). Que o exemplo do testemunho destes inocentes martirizados pelo ódio à Santa Igreja Católica, me ajude na minha conversão diária nesta sociedade hedonista!
Beato Aurélio de Vilanesa Presbítero e mártir (1896-1936)
AURÉLIO nasceu aos 3 de fevereiro de 1896 em Vinalesa (Valência, Espanha). Era o terceiro dos sete filhos que teve o casal Vicente Ample e Manuela Alcaide. Foi batizado no dia seguinte (4 de fevereiro) na paróquia de Santo Honorato Bispo e crismado aos 21 de abril de 1899. Fez os primeiros estudos no Seminário Seráfico de Massamagrel (Valência). Vestiu o hábito capuchinho no convento de Santa Maria Madalena aos 7 de agosto de 1912. Emitiu a profissão temporária aos 10 de agosto de 1913 e a perpétua, no convento do Santo Nome de Jesus de Orihuela, aos 18 de dezembro de 1917. A seguir, foi enviado a Roma para aperfeiçoar os estudos, sendo ordenado sacerdote na Cidade Eterna pelo arcebispo de Filipos, Dom José Palica, no dia 26 de março de 1921. Retornando à Espanha, foi nomeado diretor do Instituto de Filosofia e Teologia dos Frades Capuchinhos, em Orihuela (Alicante), cargo que exerceu até à sua morte, com prudência e satisfação geral de todos. “Gozava entre os fiéis - disse sobre ele o sacerdote operário diocesano Pascoal Ortells - da fama de santo e a esta fama unia também a de sábio. Era fiel observante de toda a Regra de São Francisco, trabalhando com todo o empenho para que seus alunos capuchinhos fossem perfeitos religiosos”. Durante a revolução de 1936, todos os capuchinhos do convento de Orihuela se dispersaram aos 18 de Julho. Frei Aurélio buscou refúgio na casa paterna, em Vinalesa, onde, a 28 de agosto foi capturado pelos milicianos e conduzido ao lugar da morte. Antes de ser assassinado exortou todos os seus companheiros para morrerem bem, dando-lhes a absolvição sacramental e acrescentou: “Gritem forte: Viva Cristo Rei!”. Foi assassinado no dia 28 de agosto de 1936 e, seu corpo sepultado no cemitério de Foyos (Valência), próximo de onde fora morto. Terminada a guerra civil, foram exumados seus restos e transladados para o cemitério de Vinalesa, aos 17 de setembro de 1937. Hoje, descansam na capela dos mártires capuchinhos do convento da Madalena de Massamagrel. Frei Aurélio conservou a disponibilidade interior, desde o momento em que foi capturado até à sua morte, mantendo-se em todo o momento fiel a Cristo. “Conservou a serenidade até ao último momento - disse Rafael Rodrigo, que testemunhou seu martírio - animando-nos a todos os que íamos morrer. Quando tudo estava preparado para a execução, exortou-nos para que pronunciássemos a fórmula do ato de contrição. Assim o fizemos e quando o Servo de Deus estava recitando a fórmula da absolvição, um miliciano deu-lhe duas bofetadas. Alguém do grupo dos milicianos disse ao companheiro para não esbofetear mais o frade pois pelo tempo de vida que nos restava não valia a pena. O Servo de Deus permaneceu inalterável perante esta injúria, continuando até terminar a absolvição. Quando o Servo de Deus terminou de cumprir seu sagrado dever, ouviu-se um disparo e caímos todos repetindo com ele o grito, Viva Cristo Rei!”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo papa João Paulo II.
Beato Ambrósio de Benaguacil Presbítero - Mártir (1870-1936)
AMBRÓSIO nasceu aos 3 de maio de 1870 em Benaguacil (Valência, Espanha) e foi batizado no dia seguinte (4 de maio), na paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Benaguacil e crismado na paróquia de Liria (Valência). Era filho de Valentim Vaus e Mariana Matamales. Ingressou na Ordem Capuchinha em 1890, vestindo o hábito a 28 de maio. Emitiu a profissão temporária a 28 de maio de 1891 e a perpétua a 30 de maio de 1894. Foi ordenado sacerdote a 22 de setembro de 1894, no convento capuchinho de Sanlúcar de Barrameda (Cádiz), celebrando ali sua primeira missa. “Era um religioso muito modesto - disse a Irmã Maria Amparo Orteus - com o olhar sempre recolhido. Era muito humilde. Tudo lhe parecia demasiado e notava-se nele grande espírito de oração. Era muito devoto da Santíssima Virgem”. “Entre os seus confrades era considerado bom religioso, fiel, observante da Regra franciscana e muito devoto do nosso Pai São Francisco. Trabalhou apostolicamente na pregação, no ministério da confissão e da direção espiritual”. Preferiu trabalhar como confessor e como diretor da Ordem Terceira de São Francisco. A pregação tornou-se seu principal campo de apostolado, sendo considerado como um dos melhores pregadores da Província capuchinha de Valência. Sua límpida devoção à Virgem ficou plasmada em pequeno opúsculo dedicado à Virgem de Montiel, intitulado História, Novenas, Favores y Montielerias de Nuestra Señora de Montiel, venerada em sua ermida de Benaguacil, que em 1934 alcançava a terceira edição. Residia no convento de Massamagrel (Valência) quando se desencadeou, na Espanha, a perseguição religiosa de 1936. Refugiou-se na casa da senhora Maria Orts Loris, em Vinalesa. No seu esconderijo, desejava morrer por Cristo dentro da Igreja Católica. “Não teve reação contrária ao martírio - manifesta a senhora Maria Orts - ao contrário, tinha grande desejo de morrer por Cristo. Diante do perigo que corria, a sua reação era de grande serenidade e de valente ânimo. ‘Eles matar-me-ão’, dizia, ‘mas a vo- cês nada acontecerá’, e assim, efetivamente sucedeu”. Foi preso em Vinalesa, na noite de 24 de agosto de 1936. Levado de automóvel até Valência, foi assassinado naquela mesma noite. Neste momento - narra a senhora Maria – “despedindo-se, o Servo de Deus pediu- nos que rezássemos por ele para que não retrocedesse em seu caminho. Os milicianos estavam armados com fuzis e metralhadoras. Frei Ambrósio, da nossa casa, foi levado ao Comitê de Vinalesa para o interrogatório. Uma hora depois, levaram-no ao lugar do martírio. Consta-me que no caminho o insultaram e o maltrataram, imputando-lhe o delito de haver pregado em Benaguacil um sermão contra o comunismo. O Servo de Deus respondeu-lhes: “Eu somente tenho pregado a doutrina de Deus e o Evangelho”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Pedro de Benisa Presbítero - Mártir (1876-1936)
PEDRO nasceu em Benisa (Alicante, Espanha) a 11 de dezembro de 1876, sendo o último dos quatro filhos do casal Francisco Mas e Vicenta Ginestar. Foi batizado no dia seguinte (a 12 de de- zembro) na paróquia “Puríssima Xiqueta” de Benisa. Ingressou na Ordem Capuchinha, vestindo o hábito a 1º de agosto de 1893, no convento de Santa Maria Madalena de Massamagrel. Emitiu a profissão temporária a 3 de agosto de 1894 e a perpétua a 8 de agosto de 1897, no convento de Orihuela (Alicante). Concluídos os estudos eclesiásticos, foi ordenado sacerdote em Olleráa (Valência) a 22 de dezembro de 1900, desenvolvendo desde então seu ministério apostólico em diversas casas da província, dedicando-se principalmente ao apostolado da juventude e da catequese. Distinguiu-se sempre pela sua fidelidade à Regra franciscana. “Era fiel observante da regra franciscana – disse sobre ele o senhor Francisco Barres, habitante de Masamagrell – e das Constituições Capuchinhas, a ponto de deixar os jovens alguns momentos antes de tocar a campainha para qualquer ato comunitário para poder chegar a tempo”. Todos sabiam que era “Homem de caráter, porém, sabia dominar-se e mostrava-se muito bondoso”. “Foi um bom religioso - afirma dona Josefa Moreno - e, devido à sua bondade, em mais de uma ocasião, interveio junto dos seus, para resolver situações difíceis na família, conciliando os ânimos e procedendo sempre com requintada prudência”. “Enquanto esteve escondido - afirmou a jovem Mercedes Loris - demonstrou sempre grande serenidade. Rezava muitíssimo e o Santo Rosário recitávamos todos em família, a seu convite”. Também ele se viu obrigado a abandonar o convento depois de 18 de julho de 1936, refugiando-se primeiro na casa de uns amigos, e depois, na casa de uma irmã, em Vergel (Alicante). “Durante este tempo - recorda o senhor Barres Ferrer - era visto sereno, sem se queixar de que Deus permitia tais coisas. Mostrou paciência e rezava o Ofício Divino”. “Dava-se perfeitamente conta - manifesta à senhora Maria Jansarás - do grande perigo que corriam ele e todos, e dizia isso muitas vezes ao meu pai. Exortava-nos para que rezássemos muito e que estivéssemos sempre preparados, entregando- nos nas mãos de Deus. Enquanto estava escondido, em todos os momentos que o visitávamos, mostrava-se resignado e repetia-nos muitas vezes: ‘que não chorássemos, pois se Deus o permitia era porque nos convinha’. Rezava constantemente”. Foi detido pelos milicianos a 26 de agosto de 1936 e, posteriormente, assassinado na assim chamada Alberca de Denia, sendo sepultado no cemitério de Denia. Aos 31 de julho de 1939 foram exumados seus restos mortais. Seu crânio estava totalmente destroçado. Tinha recebido mais de 14 tiros. Seus restos mortais descansam na capela dos mártires capuchinhos do Convento Madalena, em Massamagrell. Os sentimentos de frei Pedro perante a morte ficaram condensados em algumas frases suas, que repetia para a sua irmã: “Se vêm buscar-me, já estou pronto”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Joaquim de Albocácer Presbítero - Mártir (1879-1936)
JOAQUIM nasceu em Albocácer, diocese de Tortosa e Província de Castellón de la Plana, aos 29 de abril de 1879, sendo batizado no mesmo dia. Era o único filho do casal José Ferrer e Antonia Adell. Realizados os primeiros estudos no Seminário Seráfico Capuchinho, vestiu o hábito em Massamagrel a 1º de janeiro de 1896, professando aos 3 de janeiro do ano seguinte. Emitiu a profissão perpétua aos 6 de janeiro de 1900 no convento de Santa Maria Madalena. Fez a Filosofia em Totana (Múrcia) e a Teologia em Orihuela (Alicante). Recebeu a ordenação sacerdotal aos 19 de dezembro de 1903 das mãos do bispo de Segorbe. Em 1913 partiu como missionário para a Colômbia e, em 1925, foi nomeado Superior Regular da Custódia de Bogotá. Terminado seu mandato, retomou à Espanha e foi nomeado diretor do Seminário Seráfico de Masamagrel. Como diretor, procurou infundir nos seminaristas o amor à vida religiosa e o espírito missionário. “Frei Joaquim - disse o senhor José Piquer - dedicava-se no convento de Masamagrel ao ensino dos seminaristas como diretor do referido Seminário. Era incansável no trabalho do ensino aos alunos, tratando-os como um bom pai”, declarou o senhor António Sales. Era lembrado como um místico: “Era uma pessoa mística, suave no trato para com todos”, disse sobre ele o senhor António Sales. Era verdadeiramente consagrado à salvação de todos. Foi uma alma eucarística: a revista Vida Eucarística, fundada por ele, a adoração perpétua diurna, as Horas Santas, as Quintas-feiras Eucarísticas foram obras às quais se entregou com total generosidade. Desencadeada a perseguição religiosa, primeiro, colocou a salvo os seus seminaristas e depois rumou para Rafel-buñol (Valência) e refugiou-se na casa Piquer, preocupando-se, dali mesmo, com seus estudantes e ocupando o tempo na oração, com plena confiança na Divina Providência. Nesse local foi capturado pelos milicianos aos 30 de agosto de 1936 e conduzido a Albocácer, com os seus familiares. Depois, foi transladado pelo Presidente do Comité de Rafel-Buñol às 10 horas da manhã e às 16 horas do mesmo dia, conduzido no mesmo automóvel, ao km 4 da estrada de Puebla Tornesa a Villafamés, onde foi assassinado e sepultado no cemitério de Villafamés. Seus restos mortais não puderam ser identificados. Frei Joaquim, nas suas poucas horas de cárcere, tratou de animar e ajudar seus companheiros. Alguns testemunhos dizem: “Quando foi preso, a sua atitude foi de máxima humildade e entrega” e, ao despedir-se de seus familiares disse-lhes: “Se não nos virmos na terra, até breve na glória”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Modesto de Albocácer Presbítero - Mártir (1880-1936)
MODESTO nasceu em Albocácer, diocese de Tortosa e província de Castellón de la Plana, aos 18 de janeiro de 1880, sendo batizado no dia se- guinte (19 de janeiro), na paróquia de Nossa Senhora da Assunção, em Albocácer. Era o terceiro dos sete filhos do casal Francisco Garcia e Joaquina Martíde, formando assim uma família muito cristã. Ainda criança, ingressou no Seminário Seráfico dos Capuchinhos da Província de Valência, em Massamagrel, vestindo o hábito capuchinho, no mesmo Convento, a 1º de janeiro de 1896. Emitiu a profissão temporária aos 3 de janeiro de 1897 e a perpétua, aos 6 de janeiro de 1900, em Massamagrel. Estudou a Filosofia em Orihuela e a Teologia em Massamagrel, sendo ordenado sacerdote aos 19 de dezembro de 1903. Exerceu a maior parte do seu ministério apostólico como missionário na Colômbia, Custódia de Bogotá. Regressando à Valência, foi nomeado guardião durante vários anos. Os que o conheceram falam dele como um sacerdote apostolicamente comprometido na pregação, nos exercícios espirituais, na direção espiritual, que foram entre outras, as suas tarefas preferidas. Assim manifestam aqueles que viveram com ele: “O seu campo de apostolado preferido - disse a jovem Pilar Beltrán - foi a pregação, os exercícios espirituais e a direção das almas. Nunca ouvi críticas de sua atuação”. Gozava de fama de santidade tanto no Convento como entre os fiéis. “Era de temperamento pacífico. A sua qualidade mais destacada - manifesta o senhor Daniel García - era a amabilidade. Goza- va de boa fama entre os seus confrades e os fiéis. Era fiel observante da Regra e Constituições franciscanas”. Quando surgiu a Revolução Nacional, era guardião de Olllería (Valência), onde “a fraternidade foi violentamente dissolvida, o convento e a igreja incendiados pelas cha- mas, o pinheiral do mesmo convento cortado, os seus muros destruídos, ficando tudo reduzido a nada” (Art. 84-8). Restabelecidas as comunicações, frei Modesto dirigiu-se à sua cidade, refugiando-se na casa de sua irmã Teresa, junto do seu irmão sacerdote Mosén Miguel, pároco de Torrembesora. Para maior segurança, foram à casa “La Masá”, mas lá foi capturado por uns milicianos armados. Frei Modesto “entregou-se mansa e humildemente - manifesta o senhor Artur Adell - e sem algum protesto”. “A sua atitude durante este período - disse a jovem Pilar Beltrán - foi de total entrega ao Senhor e de uma vida exemplar”. Foi beatificado a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Germano de Carcagente Presbítero - Mártir (1895-1936)
GERMANO nasceu em Carcagente (Valência, Espanha), de família cristã, aos 12 de fevereiro de 1895. Foi batizado no mesmo dia, na paróquia de Nossa Senhora da Assunção, de Carcagente e crismado aos 22 de julho de 1912, por Dom frei Atanásio Soler Royo, devidamente autorizado pelo arcebispo da diocese. O casal João Baptista Garrigues e Maria Ana Hernández teve oito filhos, três dos quais se tornaram capuchinhos. Fez seus primeiros estudos no Seminário Seráfico Capuchinho em Monforte del Cid. Vestiu o hábito capu- chinho aos 13 de a- gosto de 1911. Emitiu os votos temporários aos 15 de agosto de 1912 e os perpétuos aos 18 de dezembro de 1917. Dom Ramón Plaza ordenou-o sa- cerdote em Orihuela, aos 9 de fevereiro de 1919. Os superiores encaminharam-no para a formação e ensino e, ao mesmo tempo, trabalhou no apostolado. Disse frei Domingos Garrigues, capuchinho: “Desempenhou os cargos de vice-mestre de noviços e professor de escola primária em Alcira. Empenhou-se preferentemente no apostolado do confes- sionário, dos enfermos e também com a catequese das crianças da escola”. Muitos que o conheceram, falam dele como religioso fiel à sua vocação, fervoroso na oração e muito caritativo: “Entre os fiéis - afirmou a sua irmã Mercedes Garrigues - e ainda entre os confrades, gozava de boa fama pelo seu caráter jovial, caridade e candor. Costumavam dizer: ‘É um anjo’. Dos mesmos religiosos ouvi dizer que era religioso muito observante da Regra e das Constituições Franciscano-Capuchinhas”. “As suas qualidades mais salientes - afirma seu irmão, Francisco Pascoal Garrigues - eram sua profunda piedade e a atração que exercia sobre os jovens, sem que se lhe reconhe- cesse defeito algum”. Henrique Albelda, habitante de Carcagente, recorda: “O seu temperamento era bonachão e alegre. Também destacam-se suas qualidades como caritativo e esmoler. Era homem virtuoso, sobressaindo pela sua paciência ilimitada. Era sereno, humilde, recatado e modesto”. Quando se desencadeou a perseguição religiosa na Espanha, viu-se forçado, como seus irmãos, a refugiar-se na casa paterna, levando ali vida dedicada à oração. Foi detido pelos milicianos aos 9 de agosto de 1936 e conduzido ao Centro do Partido Comunista e, dali, conduzido, à meia-noite, à ponte da estrada de ferro sobre o rio Júcar, lugar em que foi assassinado. “Se Deus me quer mártir - disse quando refugiado - dar-me-á forças para sofrer o martírio” Quando chegou ao lugar do martírio - afirma o senhor Clemente Albelda - “frei Germano, depois de beijar as mãos dos carnificinas e perdoá-los, ajoelhou-se”. O cadáver de frei Germano foi enterrado no cemitério de Carcagente e, aos 15 de dezembro de 1940 seus restos mortais foram reconhecidos e transladados ao novo cemitério da mesma cidade. Atualmente, seus restos mortais repousam na capela dos Mártires Capuchinhos do convento de Madalena, em Masamagrel. Foi beatificado a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Boaventura de Puzol Presbítero - Mártir (1897-1936)
BOAVENTURA nasceu em Puzol (Valência, Espanha), aos 9 de outubro de 1897 e foi batizado no dia seguinte (10 de outubro) na paróquia do santo Juanes de Puzol. Era um dos nove filhos do casal Vicente Esteve e Josefa Flors. Júlio fez os seus estudos no Seminário Seráfico, vestindo o hábito capuchinho no convento dos Santos Adbón e Sené, de Ollería, aos 15 de setembro de 1913, mudando o nome para Boaven tura. Emitiu a profissão temporária aos 17 de setembro de 1914 e a perpétua, aos 18 de setembro de 1918, em Orihuela. Enviado a Roma para aperfeiçoar os estudos, doutorou-se em Filosofia na Universidade Gregoriana. Nesta mesma cidade foi ordenado sacerdote pelo arcebispo de Filipos, Dom José Palica, aos 26 de março de 1921. Regressando à Província, foi nomeado professor de Filosofia e Direito Canônico no Instituto de Teologia de Orihuela. Destacou-se também como pregador, conferencista, diretor espiritual, porém, sobretudo como homem de Deus. Tudo foi confirmado pelo senhor João F. Escrirá: “Dedicou-se ao estudo e à pregação. O seu temperamento era pacífico. Além disso, era pessoa muito viva e inteligente, como também muito educado e correto. Entre os fiéis era muito edificante. Era autêntico homem de Deus”. Dados que confirmam também o senhor Vicente Aguilar, habitante de Puzol: “Trabalhou especialmente no campo apostólico da pregação da palavra de Deus. As suas qualidades mais salientes eram grande bondade, além de inteligente; muito humilde e mortificado”. Com a perseguição religiosa, viu-se obri- gado a abandonar o convento, levando uma vida de oração: “Enquanto esteve escondido - afirmou o senhor Vicente Aguilar - não se queixava que Deus permitisse tais coisas, apesar de pressentir que era tempo de martírio e perseguição para a Igreja, como o manifestou àqueles com quem conversava ou o tratavam. Apesar disso, mostrava-se sereno na sua vida de constante oração”. Refugiou-se na casa paterna de Carcagente, onde foi detido pelo Comitê de Puzol, aos 24 de setembro de 1936, para prestar declarações. Na noite de 26 de setembro foi conduzido, com outros detidos, ao cemitério de Gilet (Valência), onde foi assassinado às duas da madrugada. Antes de morrer, frei Boaventura havia declarado: “Vou receber a palma do martírio”. E, antes de ser executado, disse a seus assassinos: “Com a mesma medida com que medis agora, depois sereis medidos”. Terminada a guerra, estas mesmas palavras foram lembradas pelos seus verdugos, quando caíram nas mãos da justiça. “Agora sucede-nos o que nos disse o frade”. A senhora Vicenta Esteve Flors, irmã de fr. Boaventura, recorda: “Ele se comportou nos últimos instantes com a mesma serenidade de sempre e antes de ser fuzilado, deu a absolvição a uns 13 detidos que foram conduzidos num caminhão e, entre estes, o pai e um irmão do Servo de Deus”. Foi sepultado no cemitério de Gilet, numa fossa comum. Seus restos mortais, ao finalizar a guerra civil, foram exumados e reconhecidos por sua irmã Vicenta e transladados ao Panteão dos Mártires do cemitério de Puzol. Atualmente repousam na capela dos mártires capuchinhos do convento de Madalena de Masamagrel. Foi beatificado a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Santiago de Rafelbuñol Presbítero - Mártir (1909-1935)
SANTIAGO nasceu em Rafelbuñol (Valência, Espanha), aos 10 de abril de 1909 e foi batizado dois dias depois (12 de abril) na paróquia Santo Antônio Abade. Foi o séti- mo dos nove filhos do casal Onofre Mestre e Mercedes Iborra. Todos morreram juntos, vítimas da mesma perseguição religiosa. Desde criança, Santiago destacou-se pela sua vida de piedade. Seus vizinhos dizem que ele era rapaz modelo e exemplar em tudo. Ingressou na Ordem Capuchinha aos 12 anos, vestindo o hábito aos 6 de junho de 1924, em Ollería (Valência). Emitiu a profissão temporária aos 7 de junho de 1925 e a perpétua, em Roma, aos 21 de abril de 1930, nas mãos de frei Melchior de Benisa, Ministro Geral da Ordem. Ordenou-se sacerdote também em Roma, aos 26 de março de 1932. Regressando à Espanha, depois de conseguir o doutorado em Teologia na Universidade Gregoriana, foi nomeado vice-diretor do Seminário Seráfico de Massamagrel. Na sua curta vida religiosa distinguiu-se pela sua devoção à Virgem, simplicidade, obediência, humildade e profunda vida interior “Era de caráter bondoso e temperamento vivaz (...). Era considerado pelos fiéis como religioso exemplar. Apesar de suas qualidades de ciência e de sua virtude, mostrava-se sempre humilde e simples (...). Ocupou-se sempre com trabalhos apostólicos próprios da sua condição de religioso sacerdote”, disseram sobre ele seus confrades. Quando se desencadeou o Movimento Nacional, frei Santiago apressou-se em pôr a salvo os seminaristas que estavam sob os seus cuidados e depois refugiou-se na sua cidade Rafelbuñol. Ali, o comité local fê-lo trabalhar como operário das obras que se realizavam então na casa Abadia, recolhendo os escombros da igreja paroquial e levando vida normal. Certo teve notícias de que os seus irmãos tinham sido detidos pelo comitê e as suas vidas corriam perigo. Disse a si mesmo: “Vou ao comité ver se, deixando-me prender, libertam meus irmãos”. Ao apresentar-se ao comitê foi detido junto dos seus irmãos e fez- se prisioneiro aos 26 de setembro de 1935. Na prisão, confessou todos os presos. Na noite de 28 para 29 de setembro, os presos foram conduzidos ao cemitério de Massamagrel e, ao passar diante da igreja da padroeira, a Virgem do Milagre, aclamaram- na e, chegados ao cemitério, foram fuzilados gritando: “Viva Cristo Rei!”. Frei Santiago foi assassinado com seus irmãos e sepultado numa fossa comum no cemitério de Massamagrel. Exumados os seus restos e identificados depois, foram transladados para o Panteão de Tombados de Rafelbuñol. Hoje, descansam na capela dos Mártires Capuchinhos do Convento da Madalena, em Massamagrel. Foi beatificado a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Henrique de Almazora Diácono - Mártir (1895-1936)
HENRIQUE nasceu em Almazora, diocese de Tortosa e Província de Castellón de la Plana aos 16 de março de 1913, sendo batizado no mesmo dia na igreja paroquial. Era filho de Vicente Garcia e Conceição Beltrán. Henrique viveu a sua infância num ambiente profundamente religioso. Disse Vicente Beltrán, seu tio que “em sua infância era o que se diz, um anjo. O menino não saía da igreja; empregava o tempo entre a igreja, a escola e a casa paterna”. Aos 14 anos ingressou no Seminário Seráfico de Massamagrell. Recebeu o hábito capuchinho aos 13 de agosto de 1928, em Ollería, das mãos de frei Eloy de Orihuela, guardião, definidor e mestre de noviços do convento de Massamagrell. Emitiu a profissão temporária a 1º de setembro de 1929, em Ollería, nas mãos de frei Pio de Valência, guardião, e a perpétua, aos 17 de setembro de 1935, em Orihuela. A Revolução surpreendeu-o quando era ainda diácono e se preparava para receber o sacerdócio. “Era de temperamento jovial e dócil”. Entre seus companheiros religiosos “gozava de fama de piedoso. Era homem de vida interior e tinha grande devoção a São José. Era amante da liturgia. Dedicou-se ao estudo da música sacra para dar esplendor ao Culto Divino. Distinguia-se no coro pela sua devoção no canto das horas canônicas. Era moderado e mortificado nas refeições; também muito humilde, destacando-se pela sua conduta e submissão...” Recorda-se, além disso, como fiel observante da Regra e das Constituições, tanto nos atos diurnos como nos noturnos. Quando se desencadeou a Revolução, refugiou-se na casa paterna, preparando-se para o martírio com a oração e o estudo, com serenidade e ânimo. Em agosto de 1936 apresentou-se em sua casa uma dupla de milicianos. Capturaram-no e o levaram-no para o quartel da Guarda Civil, que servia de cárcere. Miguel Pesudo, companheiro de prisão de frei Henrique disse que “viveu com frei Henrique como companheiro de prisão e observou que ele conservava sempre caráter jovial e alegre. E estava conformado com a vontade de Deus”. Foi retirado dessa prisão aos 16 de agosto de 1936 e conduzido, com um grupo de seculares, ao lugar denominado “A Pedreira”, na estrada de Castellón de la Plana em Benicasim, onde foi assassinado, gritando: “Viva Cristo Rei!”. O papa João Paulo II beatificou-o a 11 de março de 2001.
Beato Fidélis de Puzol Presbítero - Mártir (1856-1936)
FIDÉLIS nasceu em Puzol, Diocese e Província de Valência (Espanha), aos 8 de janeiro de 1856. Cresceu no seio de uma família piedosa. Era filho de Mariano Climent e Mariana Sanchís. Bem cedo ficou órfão de pai e mãe. Sua tia materna, Josefa Sanchís, adotou-o e deu-lhe educação cristã. Prestou serviço militar, chegando a participar na guerra carlista. Terminada esta, ingressou na Ordem Capuchinha como frade “leigo”, vestindo o hábito aos 13 de junho de 1880, em Massamagrel. Emitiu a profissão temporária aos 14 de junho de 1881 e a perpétua, aos 17 de junho de 1884. A figura franciscana de frei Fidel recorda a dos santos frades ‘leigos “capuchinhos: entrado no convento com idade madura. Sua vocação não foi, portanto, fruto das loucuras próprias da idade jovem. Eram trabalhadores incansáveis, empenhando-se durante anos como porteiros, esmoleres, hortelãos, sa- cristãos, cozinheiros, trabalhos estes que requerem constituição física robusta. Além disso, eram homens de vida de fé, oração profunda, devotos da Virgem, obedientes e submissos em tudo, silenciosos, penitentes, austeros... Frei Fidélis, ao longo da sua vida religiosa, passou pelos conventos de Barcelona, Totana, Orihuela, Massamagrell e Valência, trabalhando como porteiro, cozinheiro, assistente do Seminário Seráfico, compa- nheiro do Ministro provincial”. Este o retrato de como o recordavam os religiosos: “Era de temperamento quieto e aprazível. Não se perturbava por nada e seu aspecto era sempre sorridente. Consideravam-no com grande apreço e boa fama, tanto os religiosos como todos os fiéis. Cumpria muito bem suas obrigações e a Regra da Ordem. Era homem todo de Deus. Rezava continuamente. Tinha sempre o rosário nas mãos e era muito devoto da Virgem. Tinha fama de santo”. Quando foi fechado o Convento de Valência, frei Fidélis refugiou-se em Puzol, na casa de uns familiares, onde, devido à sua idade avançada (82 anos), não saía de casa, porque não enxergavam bem. Ali permaneceu sereno, ocupando-se da oração. Foi detido ao entardecer do dia 27 de setembro, por membros do comitê local, com o pretexto de levá-lo ao asilo das “Hermanitas de los Pobres” de Sagunto. Enquanto estava sendo levado pela estrada principal de Barcelona até ao distrito municipal de Sagunto, foi assassinado na entrada da casa “Laval de Jesus”. Foi a empregada dessa casa que advertiu sobre a presença de um cadáver na entrada, que há dois dias estava ali, aguardando sepultura. Era o corpo de fr. Fidélis, sendo sepultado no cemitério de Sagunto, junto a outros corpos. Seus restos mortais não puderam ser identificados. Foi beatificado a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Berardo de Fenollet Presbítero - Mártir (1867-1936)
BERARDO nasceu em Lugar Nuevo de Fenollet (Valência, Espanha) aos 23 de julho de 1867 e foi batizado na paróquia de São Diego de Alcalá de Lugar Nuevo, aos 28 de julho do mesmo ano, pelo pároco Don António Donat, com o nome de José. Era o primeiro dos três filhos do casal José Bleda Flores e Rosária Antónia Grau Más. Na sua cidade recordam que “foi um menino muito piedoso desde a sua infância. Em sua casa - dizem - conserva-se uma pedra, na qual, segundo o dizer de todos, se ajoelhava para a oração. Sua família era muito cristã. “Embora sentisse desde a sua infância o desejo de abraçar a vocação religiosa e um irmão prestava serviço militar em Cuba. José teve que ajudar os pais e assim atrasou a entrada na Ordem Capuchinha até ao retorno deste irmão”. Ingressou entre os Capuchinhos em 1900, como frade “leigo” e estava com 32 anos quando recebeu o hábito, aos 2 de fevereiro de 1900, das mãos do Ministro Provincial, fr. Luiz de Massamagrel. Emitiu a profissão temporária aos 2 de fevereiro de 1901 em Massamagrel e a perpétua aos 14 de fevereiro de 1904, em Orihuela. Os religiosos dizem “que era filho da obediência. O seu temperamento era extra-ordinariamente pacífico e a qualidade em que mais se destacava sua entrega à vontade de Deus (...). Fiel observante da Regra e Constituições Capuchinhas, fr. Berardo era um santo homem e religioso exemplar. Não ousava levantar o olhar a nenhuma parte (...). Cumpriu perfeitamente os cargos que os seus superiores lhe confiaram. Era amado por todos os que o conheciam”. Depois de professar, foi destinado ao Con- vento de Orihuela (Alicante), onde passou toda sua vida como esmoler e alfaiate da fraternidade. Edificou a gente da cidade com vida exemplar quando esmolava e sua fraternidade com a bondade, humildade e santidade de vida. Fechado o convento por causa da perse- guição de 1936, fr. Berardo refugiou-se na sua cidade com seus familiares, dedicando-se à oração e às obras de caridade, mostrando sempre grande paciência e resignação. Estava quase completamente cego. Na noite de 30 de agosto de 1936 foi detido pelos membros do comité local, com o pretexto que deveria fazer algumas declarações. Puseram-no num carro e conduziram- no pela estrada de Beniganim, distrito de Genovês (Valência), onde foi assassinado. No Registro Civil, sua morte é datada aos 4 de setembro de 1936. O senhor Francisco Cháfer, habitante da cidade, recorda como descobriu o cadáver de fr. Berardo: “No final de agosto, num dia muito quente, ia com meu pai até à vizinha cidade de Beniganim e vi na sarjeta da estrada o cadáver de um ancião. Meu pai disse-me para prosseguir adiante e eu, menino de 13 anos, vencido pela curiosidade, aproximei-me e vi que tinha recebido um tiro no olho que sangrava abundantemente”. Assim se soube da sua morte. Seu corpo foi sepultado numa fossa comum, no cemitério de Genovês e seus restos mortais não puderam ser identificados. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beato Pacífico de Valência Presbítero - Mártir (1874-1936)
PACÍFICO nasceu em Castellar (Valência, Espanha) aos 24 de fevereiro de 1874 e foi batizado no dia seguinte (25 de fevereiro) na sua terra natal. Era o segundo dos cinco filhos do casal Matías Salcedo e Elena Puchades. O ambiente familiar era pobre, mas profundamente cristão e piedoso, tendo muito influído na sua infância e juventude. Antes de ingressar no Convento, freqüentava todos os domingos o convento dos Capuchinhos de Massamagrel. Na sua cidade recordam-no como “um menino bom, de família honrada e piedosa”; “Era muito pacífico - disse uma conhecida – e as suas qualidades mais salientes era a piedade, até ao extremo que, ao recitar o rosário em casa; não queria que fizessem trabalhos que pudessem impedir a atenção”. Conta-se que “ingressou nos capuchinhos movido pelo seu grande amor à penitência”. Recebeu o hábito capuchinho em Massama- grel, aos 21 de julho de 1899 das mãos de fr. Francisco Maria de Orihuela. Emitiu a profissão simples, com 26 anos, nas mãos de fr. Luís de Massamagrel, aos 21 de junho de 1900 e a perpétua aps 21 de fevereiro de 1903. Destinado ao convento de Massamagrel, serviu como esmoler durante 37 anos. Os religiosos não economizam elogios quando a ele se referiam: “O seu temperamento era simples e tranqüilo. Gozava de boa fama entre os companheiros e fiéis e era religioso muito observante (...), homem muito virtuoso, sobretudo muito humilde e muito cumpridor dos votos religiosos. O seu temperamento era bonachão. Era devotíssimo da Santíssima Virgem. Praticou a austeridade e a pobreza em grau eminente. Era muito humilde e abnegado e a sua cama estava cheia de pedras e cacos para maior mortificação”. Era muito estimado por todos, tanto dentro como fora do convento. Fechado o convento de Massamagrel em julho de 1936 devido à perseguição religiosa, fr. Pacífico refugiou-se na casa de seu irmão, onde permaneceu quatro meses, dedicado à oração. Ali, na noite de 12 de outubro, en- quanto ele recitava o rosário, foi aprisionado pelos milicianos, que o levaram aos empurrões e coronhadas de fuzil, em direção de Monte Olivete até Azud, junto ao rio, onde foi assassinado. No dia seguinte, uns sobrinhos, indo ao mercado de Valência, descobriram o cadáver, estreitando fortemente com a mão esquerda o crucifixo sobre o peito. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Valência, porém não pôde ser identificado. O papa João Paulo II beatificou-o a 11 de março de 2001.
Beata Maria Jesus Masiá Ferragut Mártir (1890-1936)
MARIA nasceu em Algemesí (Valência, Espanha) aos 12 de janeiro de 1882, sendo batizada no mesmo dia pelo Pe. Joaquim Cabanes, pároco. Recebeu a Confirmação na paróquia de São Tiago Apóstolo de Algemesí, das mãos de Dom Sebastião Herrero e Espinosa de los Monteros, arcebispo de Valência, aos 19 de maio de 1899. Vestiu o hábito no Mosteiro das Clarissas Capuchinhas de Agullent (Valência) aos 13 de dezembro de 1900 e professou aos 16 de janeiro de 1902. Morreu em Alcira (Valência) num lugar denominado “Cruz Coberta”, a 25 de outubro de 1936. Foi beatificada a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beata Maria Verônica Massía /Ferrogut Martir (1884-1936)
MARIA VERÔNICA Masiá Ferragut nas- ceu em Algemesí (Valência, Espanha) aos 15 de junho de 1884. Foi batiza- da no dia seguinte (16 de junho). Recebeu a Confir- mação aos 19 de maio de 1899. Ingressou no mosteiro das clarissas capuchinhas de Agullent (Valência), vestindo o hábito aos 18 de janeiro de 1903. Emitiu a profissão temporária aos 26 de janeiro de 1904 e a perpétua aos 10 de abril de 1907. Morreu em Alcira (Valência) num lugar denominado Cruz Coberta aos 25 de outubro de 1936. Foi beatificada a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beata Maria Felicidade Masiá FerragutMártir (1890-1937)
FELICIDADE nasceu em Algemesí (Valência, Espanha) aos 28 de agosto de 1890. Vestiu o hábito no mosteiro das clarissas capuchinhas de Agullent (Valência) aos 17 de abril de 1909. Emitiu os votos temporários aos 20 de abril de 1910 e os perpétuos aos 26 de abril de 1913. Morreu em Alcira (Valência) num lugar denominado “Cruz coberta” a 25 de Outubro de 1936. As três irmãs nasceram na mesma cidade. Eram seus pais Vicente Masiá e Teresa Ferragut. O casal teve sete filhos, dos quais cinco filhas tornaram-se religiosas capuchinhas de clausura e o único filho homem foi capuchinho. Purificação, irmã delas, disse que desde jovens ”freqüentavam os sacramentos, comungando diariamente. Jamais foram vistos em lugares públicos ou freqüentados. A minha mãe soube educar as minhas irmãs, inculcando- lhes o santo temor de Deus”. As três capuchinhas viveram o mesmo estilo de vida religiosa. “Durante a vida no convento - disse Purificação, irmã delas tinham uma conduta que causava a admiração das outras religiosas pelo exemplo e o modo de comportar-se, próprios da sua profissão. Apesar de serem irmãs, não existia entre elas distinção alguma entre si e com respeito às outras As três irmãs eram muito estimadas pela comunidade. A piedade de todas elas era sólida e vigorosa, inculcada pela nossa querida mãe. Eram amantes do sacrifício e muito observantes do silêncio, da Regra e das Constituições”. Irmã Benvinda Amorós, religiosa do mesmo mosteiro, descreve assim a vida religiosa delas: “Jamais ouvi crítica alguma sobre a atuação destas religiosas. Eram de piedade sólida. Dedicavam-se especialmente à oração e a presença de Deus refletia-se nelas. Eram muito humildes e estavam sempre dispostas a se sacrificarem pelas outras irmãs. Eram devotíssimas da Eucaristia e da Santíssima Virgem e, extraordinariamente, da Paixão do Senhor”. Com a chegada da República, em 1931, saíram do convento, permanecendo na casa paterna uns dois meses até retornarem ao convento sem haver recebido vexames. Quando começou a revolução de 1936, voltaram novamente para casa em Algemesí, onde permaneceram até 16 de outubro do mesmo ano, ocupando-se dos serviços da casa, fazendo vida de comunidade, completamente entregues à oração. Aos 19 de outubro de 1936, às 16 horas, foram detidas por milicianos: elas e uma religiosa agostiniana do Convento de Beniganim. Teresa, a mãe das religiosas, não quis abandoná-las e partiu com elas. Encar- ceraram as cinco religiosas no convento de Fons Salutis, que servia como prisão. Ali permaneceram oito dias, serenas e resig- nadas. Finalmente, padeceram a mesma sorte. Na noite de 28 de outubro, que era domingo e festividade de Cristo Rei, os milicianos conduziram-nas à morte. Quiseram deixar a mãe, porém ela opôs-se e pediu para acompanhar suas filhas e ser fuzilada em último lugar. Vendo-as tombar uma por uma, animava-as dizendo: “Filhas minhas, sejam fiéis ao esposo celeste e não queiram, nem consintam aos afagos destes homens”. Levadas num caminhão ao lugar denominado “Cruz aberta”, na direção de Alcira, onde foram martirizadas. Os corpos das cinco mártires descansaram em Alcira. Atualmente encontram-se na paróquia de Algemesí. Foi beatificada a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
Beata Isabel Calduch Rovira Mártir (1882-1937)
ISABEL nasceu em Alcará de Chivert, diocese de Tortosa e Província de Castellón de la Plana (Espanha), aos 9 de maio de 1882. Seus pais Francisco Calduch Roures e Amparo Rovira Martí tiveram cinco filhos e Isabel era a última. Seus vizinhos dizem que “durante a sua infância viveu num ambiente muito cristão.Exerceu a caridade com os necessitados. Ela mesma ia com outra amiga levar comida a uma anciã e também lhe prestava ajuda na limpeza pessoal e da casa”. Durante a sua juventude namorou um jovem da sua localidade, muito cristão, porém terminou este relacionamento para abraçar avida religiosa, com o consentimento de seus pais. Ingressou no mosteiro das capuchinhas de Castellón de la Plana, vestindo o hábito em 1900. Disse seu irmão José que “o motivo que induziu sua irmã a entrar na vida religiosa foi puramente por vocação”. Emitiu a profissão simples aos 28 de abril de 1901 e a perpétua, aos 30 de maio de 1904. As religiosas disseram que ela “era de temperamento pacifico e amável, sempre alegre. Era religiosa exemplar. Sempre estava contente, muito observante da Regra e das Constituições, muito modesta no olhar prudente no falar e muito mortificada e morti- ficada ao comer, sendo sempre muito estimada pela Comunidade. Cultivava intensa vida interior sendo muito devota do Santíssimo, da Virgem e de São João Batista”. No mosteiro desempenhou o cargo de mestra de noviças, “fazendo-o com muito zelo para que fossem religiosas observantes, tratando as noviças sem distinções”, disse sobre ela Irmã Micaela. Foi reeleita para outro triênio, que não chegou a desempenhar devi- do à chegada da revolução. Chegada à revolução, a Irmã Isabel foi para Alcalá de Chivert (Castellón) onde tinha um irmão sacerdote, Mosén Manuel, que depois foi assassinado. Enquanto permaneceu na sua cidade, dedicou-se ao retiro e à oração. Ali foi detida aos 13 de abril de 1937 por um grupo de milicianos, com fr. Manuel Geli, sacerdote franciscano. Conduzidos ambos ao comitê local de Alcalá de Chivert, foram injuriados e ridicularizados. Ela assassinada no distrito de Cuevas de Vinromá (Castellón) e sepultada no cemitério daquela mesma cidade. O papa João Paulo II beatificou-a a 11 de março de 2001.
Beata Milagros Ortells Gimeno Mártir (1882-1936 )
MILAGROS nasceu em Valência aos 29 de novembro de 1882, na rua Zaragoza e foi batizada no dia se- guinte (30 de novem- bro), na igreja paroquial de São João Batista. Foi a terceira e última filha do casal Henrique Ortelís e Dolores Gimeno. Durante a sua infân- cia era muito devota e o ambiente familiar no qual se criou era eminentemente cristão. Os seus vizinhos recordam que “a sua piedade era extraordinária; o seu amor à penitência singular era ao extremo de, em certa ocasião, a sua mãe surpreendê-la aspirando catingas”, por não haver outro modo para mortificar-se (...). Na igreja, ao invés de se sentar na cadeira, sentava-se no soalho (...)”. A Irmã Virtudes, capuchinha, recorda-se que Irmã Milagros “entrou na Ordem Capuchinha levada pelo seu desejo de maior perfeição. Sua mãe havia-lhe proposto ser religiosa reparadora, mas não quis aceitar; buscando a maior estreiteza da Regra Capuchinha”. Ingressou no mosteiro das capuchinhas de Valência aos 9 de outubro de 1902. Ali recordam que “quando ingressou o fez com muito entusiasmo”. Nesse convento exerceu os cargos de enfermeira, refeitoreira, porteira, sacristã e mestra de noviças, todos ofícios que desempenhou com fidelidade. Suas irmãs religiosas descrevem sua autêntica personalidade com estes traços: “Era muito caridosa, oferecendo-se sempre a prestar qualquer serviço às suas irmãs religiosas. Era vista sempre recolhida. Após o Ofício de Matinas da meia-noite permanecia ainda por mais um pouco de tempo, com a intenção de praticar maior penitência”. “Gozava de fama de santidade entre suas religiosas ao ponto de exclamarem sempre: é uma santinha”. Sua piedade era sólida e a característica mais saliente era o seu amor à Eucaristia e à Imaculada. A sua penitência era extraordinária, usando disciplinas, cilícios. Era muito estimada por todas as religiosas e observava muito bem toda a Regra. A oração e a presença de Deus eram evidentes nela. A sua humildade aparecia claramente ao sentir-se indigna de aceitar cargos e até de receber a Eucaristia. Com a chegada da revolução, teve que se refugiar na casa de sua irmã Maria, em Valência, levando ali vida de oração e recolhimento. Depois refugiou-se numa casa da Rua Maestro Chapí, em Valência, onde viviam também outras religiosas da Doutrina Cristã. Ali foi detida por um grupo de milicianos aos 20 de novembro de 1936 e assassinada com 17 religiosas da Doutrina Cristã, num lugar conhecido como “Picadero de Paterna”. Foi sepultada no cemitério de Valência. Aos 30 de abril de 1940 foram exumados seus restos mortais e transladados para o mosteiro das capuchinhas de Valência, onde atualmente repousam. Foi beatificada a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.
ORAÇÃO
Senhor, Pai Santo e Nosso Deus, que nos dais constância na fé e força na fraqueza, concede-nos, pelo exemplo e pelos méritos dos Mártires capuchinhos de Valência, a graça de vir a participar na morte e ressurreição de vosso Filho, para podermos também gozar convosco, na companhia de todos os Mártires, a plena alegria do vosso reino. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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