No país vizinho de Espanha na década de 30 do século XX, produziu-se uma violentíssima e cruenta perseguição religiosa: 13 bispos, 4184 sacerdotes, 2365 frades e monjes, 283 irmãs, e milhares de leigos foram assassinados "in odium fidei", a esmagadora maioria no decorrer da Guerra Civil Espanhola. A tragédia, apesar de toda a dor, constítui uma das páginas mais gloriosas da Santa Igreja Católica com o martírio de uma multidão de santos e santas que por amor a Deus e à sua Igreja deram a suas vidas, e dos quais sou afinal, irmão na Fé pela graça do Baptismo. Este espaço é a todos eles e elas dedicado! Que a intercessão destes santos e beatos junto de Nosso Senhor Jesus Cristo me ajude a ser um cristão coerente e verdadeiro neste nosso século XXI!

Não é minha pretensão com este blog julgar os assassinos ou seus herdeiros ideológicos. Ao Senhor pertence o julgamento. Eu, que apenas ambiciono ser um simples seguidor de Cristo na sua Igreja, cabe-me perdoar, tal como o fizeram aos seus carrascos estes mártires espanhois que aqui vão ser apresentados. Faço minhas as palavras do cardeal vietnamita Nguyen Van Thuân - que passou 12 anos em prisões comunistas - quando dizia "não me sentiria cristão se não perdoasse".

Nesta nossa sociedade de 2012, de indiferentismo religioso, hiper-consumista, hedonista e abandono de valores cristãos, foi Graças à "descoberta" das histórias individuais de todos estes mártires, à sua imolação, ao seu holocausto; que dei por mim num caminho de conversão. Re-encontrei-me com Jesus Cristo e com a Santa Igreja Católica.

"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc 13,13).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

As Três Irmãs Fradera - Beatas



Apresento hoje a história impressionante de 3 religiosas, das Missionárias Coração de Maria de Mataró, e também irmãs de sangue: A Carmen, a Rosa e a Magdalena. 3 irmãs, 3 religiosas, 3 mártires, 3 beatas. 
E é esta a força da minha Santa Igreja Católica: a humildade destas mártires cruelmente assassinadas nas mãos dos ímpios ateus organizados.
Que o exemplo de imolação e sacrifício destas três religiosas católicas nunca se apague da memória dos cristãos!  
Irmãs Clara, Rosa e Magdalena, intercedam por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo pois sou um pecador!
(A leitura do texto poderá impressionar os/as mais sensíveis!)



Irmã Carmen Fradera Ferragutcasas



Nasceu a 25 de Outubro de 1895. Foi batizada a 27 de outubro de 1895 na igreja paroquial de S. Martín de Riudarenes (Girona, Espanha).
Ingressou na Congregação em julho de 1921 em Barcelona.
Foi brutalmente torturada e assassinada por vários milicianos comunistas, somente pelo fato de ser religiosa católica, na madrugada do dia 27 de setembro de 1936 em Lloret de Mar. 



Irmã Rosa Fradera Ferragutcasas


Nasceu a 20 de novembro de 1900. Foi batizada a 21 de novembro de 1900 na igreja paroquial de S. Martín de Riudarenes (Girona, Espanha).
Ingressou na Congregação em dezembro de 1922 em Barcelona.
Foi brutalmente torturada e assassinada por vários milicianos comunistas, somente pelo fato de ser religiosa católica, na madrugada do dia 27 de setembro de 1936 em Lloret de Mar.
 


Irmã Magdalena Fradera Ferragutcasas


Nasceu a 12 de dezembro de 1902. Foi batizada a 16 de dezembro de 1902 na igreja paroquial de S. Martín de Riudarenes (Girona, Espanha).
Ingressou na Congregação em dezembro de 1922 em Barcelona.
Foi brutalmente torturada e assassinada por vários milicianos comunistas, somente pelo fato de ser religiosa católica, na madrugada do dia 27 de setembro de 1936 em Lloret de Mar. 




Como medida de segurança e de prevenção perante a situação caótica vivida em Espanha, desde os acontecimentos de Julho de 1936, a Congregação destas 3 irmãs, ordena que abandonem o Colégio onde as três trabalham, e se dirijam à casa de seus pais, vestidas em traje secular.
As Irmãs CARMEN, ROSA e MAGDALENA FRADERA FERRAGUTCASAS chegam então a Riudarenes, à casa de seus pais, que as recebem de braços abertos e com grande emoção. Ali recebem todo o carinho familiar, e podem continuar a manter as suas práticas religiosas de oração do Ofício Divino, fazendo leitura e meditação espiritual da Palavra, enquanto também colaboram nas tarefas diárias e agrícolas da casa.
A 25 de setembro de 1936 vários milicianos comunistas armados dirigiram-se à casa paterna em Riudarenes, para “registar” os habitantes, tendo aproveitado para roubarem 4,000 pesetas e exigirem mais 500, como “contribuição de guerra”. Em relação às 3 irmãs religiosas, interrogaram-nas e ameaçaram-nas.



Na madrugada de 27 de setembro, ainda de noite, vários milicianos marxistas, todos armados, dirigem-se à casa, procurando pelas três irmãs, alegando que necessitam delas para “interrogatório” no Comité Local de Gerona.

Apesar da grande resistência e oposição da família, as três irmãs são levadas, tendo estas declarado que “se vêm por causa de nós, nós estamos dispostas a morrer por Cristo”. A mais nova, Magdalena (de 33 anos) ainda disse: “Não nos enganam, vamos felizes por dar o nosso sangue a nosso Deus. Adeus querido pai, irmão e cunhada: vamos morrer, mas vamos tranquilas”.

 Pequeno monolito comemorativo do martírio das 3 beatas, no local de sua imolação.




Os comunistas não tiveram qualquer consideração pela docilidade das irmãs. Foi aos encontrões e empurrões que foram conduzidas até ao automovel que as conduziria à morte. Nem sequer esperaram que estivessem bem sentadas para fechar a porta do carro, pois fecharam a porta com tanta força, com o pé da Magdalena ainda de fora, que o fraturaram. Rosa, rasgou então um pedaço do seu vestido, que o enrolou ao redor do pé da sua irmã.

O automovel arrancou (era um Ford), e seguiu pela estrada de Vidreras até Lloret de Mar, até um bosque num local chamado Els Hostalet – atualmente é a urbanização Lloret Blau, perto de Cabanys, a 4 km de Lloret. Ali, antes de nascer o dia, as três irmãs entregaram a sua vida num martírio terrível e horrendo.

 Vista do local, nos dias de hoje, onde as trãs Irmãs foram cruelmente martirizadas.

Levadas a pé até junto de uma grande árvore, perto da estrada, ali tentaram violá-las uma e outra vez, mas encontraram sempre uma forte resistência por parte das irmãs, que defenderam com grande tenacidade a sua virgindade com todas as forças. Prova da luta que mantiveram contra os seus agressores, foram os diversos dentes partidos de Carmen e de própria Magdalena, que já tinha um pé partido.
Como não conseguiam vencer a sua oposição, torturaram-nas sadicamente, tendo partido um tronco de árvore, com que aproveitaram para lhes destruírem as vaginas. Magdalena foi especialmente visada, tendo-lhe deixado a vagina com várias farpas afiadas de madeira. Dispararam ainda intencionalmente tiros para as suas partes intimas, como forma de total desprezo pela suas virgindades consagradas.
Como se tudo isto fosse suficiente, regaram-lhe as pernas com gasolina e deitaram-lhes fogo para arderem lentamente.

 Aguarela das três Irmãs Missionárias do Coração de Maria segurando a palma do martírio.

Por fim, cansando-se daquele espetáculo macabro, já moribundas, foram assassinadas com tiros de pistola na cabeça. Todos os detalhes deste martírio tão horrendo, foram conhecidos pela boca dos seus próprios assassinos, que relataram a quem os quisera ouvir, tanto nos bares da aldeia, como no Comité Local, orgulhosos das suas façanhas.

Os corpos das três religiosas foram enterradas no cemitério de Riudarenes, depois da sua recuperação, identificação e registo. Atualmente (2012), os restos das três mártires repousam na capela da Casa-mãe da Congregação, em Olot (Girona, Espanha).

 Procissão solene da transladação das relíquias das três mártires, em 1961.

 Local onde repousam as relíquias das três irmãs martirizadas pelo ódio ateu.


O exemplo destas três religiosas, três irmãs, é para mim, para o meu “cristianismo de sofá” um fortíssimo testemunho de Fé. Um exemplo de vida, neste Ano da Fé. Seu testemunho é para mim, presentemente, uma verdadeira fortaleza para viver situações de intolerância e de agressão à minha Fé.

Entregarem-se de forma tão doce e mansamente às mãos dos seus torturadores, porque amavam tanto Jesus Cristo, tanto como os os agressores O odiavam. Só mesmo o ódio à Fé, o Odium Fidei mais extremo e fanático pode levar a tão cruel sadismo e brutalidade.

A 28 de outubro de 2007, foram beatificadas, para alegria de toda a Santa Igreja, pelo Papa Bento XVI.

Que a doação de suas vidas, seja semente de novas vocações religiosas em jovens cristãs!



sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Quatro mártires Vicentinos de Guadalajara

Apresento-vos mais 4 mártires católicos que com o seu sangue regaram o solo espanhol em 1936. Três sacerdotes e um irmão dos Vicentinos, que me antecederam na Fé Cristã e que merecem, de mim, cristão do século XXI, a minha grande admiração. 
Hoje, vivem a Eternidade na Luz da presença do Altíssimo.
Saiba eu, que ainda peregrino neste Vale de Lágrimas, olhar para a sua luz irradiante. Quatro inocentes religiosos criminosamente imolados pelos ímpios comunistas, cujo sacrifício não deve ser esquecido. 
Hoje, o ateísmo está de regresso às nossas cidades. A perseguição não tardará!



Padre Ireneo Rodríguez González, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 10 de fevereiro de 1897 em Los Balbases, Burgos (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.

Padre Gregorio Cermoño Barceló, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 09 de maio de 1874 em Saragoça (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.

Padre Vicente Vilumbrales Fuente, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 05 de abril de 1909 em Reinoso de Bureba, Burgos (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.

Irmão Narciso Pascual y Pascual, CM, membro da Província de Madrid, nasceu a 17 de agosto de 1917 em Sarreaus, Orense (Espanha) e morreu mártir a 6 de dezembro de 1936 em Guadalajara.


Iniciada a revolução marxista, os milicianos detiveram os Servos de Deus a 26 de julho de 1936 e os encarceraram na Prisão Central de Guadalajara. Com eles, aprisionaram mais cerca de 300 pessoas, conhecidas pelo seu catolicismo, onde se encontravam 21 sacerdotes e religiosos, estes, colocados em celas separados dos leigos. Este período na prisão sofreram torturas várias, desde o espancamento à ausência de auxílio médico, já para nem referir as blasfémias e vexames que diariamente eram sujeitos. A alimentação eras sempre muito escassa, e no mês de outubro foram-lhes retirados os colchões onde dormiam.

Os sacerdotes e religiosos, levaram sempre este provação com um modo de vida exemplar. Não faziam mais do que rezar e confessar os presos que iam sendo executados.

A 6 de dezembro uma turba de comunistas de Madrid, instigados por uma brigada de milicianos de Alicante, assaltou a Prisão Central de Guadalajara com o propósito de matar todos os sacerdotes, religiosos e leigos comprometidos com o seu catolicismo. O assalto começou pelas 16H00. 
A Prisão Central de Guadalajara atualmente, onde dezenas e dezenas de meus irmão em Cristo foram martirizados em 1936.

Um a um, os prisioneiros foram sendo retirados das celas e encaminhados para o pátio da Prisão, onde em grupos os iam fuzilando, deixando os cadáveres no chão.
Os primeiros a serem fuzilados foram os sacerdotes e religiosos, 21 ao todo, tendo sido o Padre Ireneo e o Irmão Pascual (de apenas 19 anos), os primeiros a cair debaixo da chuva de balas.

Ao carregarem os corpos para os camiões, eram vários os gritos agonizantes das vítimas que ainda sobreviviam às balas, de tal forma, que ao serem sepultados, eram vários os que gritavam. Foram enterrados em fossa comum, tendo alguns corpos sido queimados no pátio da Prisão. 

Christus Vincit, Christus Regna, Christus Imperat!
 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Seminarista Jesus Aníbal Gómez - Beato



O jovem seminarista claretiano que morreu mártir na Espanha em 1936


“Você veio de tão longe para se tornar sacerdote?” – foi a pergunta que um miliciano fez a Jesús Anibal Gómez antes de assassiná-lo. “Sim, senhor, e com muita honra” – respondeu. “Pois se é religioso, morre com todos”, sentenciou o miliciano comunista.
Jesús Aníbal, seminarista de apenas 21 anos, e junto com outros 14 companheiros claretianos, foram assassinados in odium fidei na estação ferroviária de Fernancaballero, um pequeno povoado da província de Ciudad Real, na Espanha a 28 de julho de 1936.


Jesús Aníbal foi o mais novo de 14 filhos. Nasceu em 1914, em uma casa campestre localizada em Tarso, um pequeno povoado que hoje conta com 7 mil habitantes, na cordilheira ocidental colombiana. No parque principal desta localidade foi erguida uma estátua em sua honra, em 1962.
Ele tinha só 11 anos quando ingressou no seminário menor. “Era amado por sua inocência, sua alegria, por ser o mais novo da casa”, assinalou seu biógrafo, Carlos E. Mesa CMF, no livro Jesús Anibal, testigo de sangre (Editora Conulsa, Madrid).
Sensibilidade e uma forte vida interior, assim como carinho por sua família e amor pela terra natal são as qualidades mais destacadas por quem o conhecia. Estudou em Bogotá até 1931, quando mudou para Zipaquirá, uma cidade a 48 km da capital colombiana, onde os claretianos contavam com uma casa filial.
Em 1935, Jesús Aníbal recebeu com alegria uma notícia que mudaria sua vida: deveria se mudar para a Espanha para se preparar para a ordenação sacerdotal. Ao chegar ali, começou a estudar assiduamente os livros do século de ouro espanhol, de Santa Teresa de Jesus, Luis de León, Luis de Granada.
“Se querem saber algo de mim, façam uma visita a Jesus sacramentado e ali me encontrarão”, escreveu para seus pais em uma de suas cartas.
Entre seus estudos e orações, Jesús Aníbal escrevia em seu caderno algumas resoluções concretas para seu combate espiritual: “considerar minha meditação como a base da vida interior de união com Jesus, colocar-me nas mãos de Jesus para saúde e enfermidade. Que Ele disponha de mim segundo sua vontade, tomarei a comunhão como ápice de minha vida”, dizem seus manuscritos que ainda se conservam.
O jovem seminarista chegou primeiro a Segovia, onde permaneceu pouco tempo, devido a que o clima não o ajudava, diante da sinusite crônica de que sofria. Por isso se mudou para o sul da Espanha. “Hoje penso sempre com muito consolo que Nosso Senhor tem desígnios muitos amorosos e especiais sobre mim”, escreveu Jesús Aníbal.
Assim viajou para Zafra, em Extremadura, quase na fronteira com Portugal. No final de abril de 1936, começou a crescer a atmosfera de violência no sul da Espanha. Os seminaristas e teólogos claretianos foram enviados então para Ciudad Real.

A nova comunidade, formada de improviso, era compartilhada por 8 sacerdotes, 30 estudantes e 9 irmãos missionários. De todos eles, seriam 27 os que terminariam sua vida com o martírio.
Padre Pecharromán (cmf), conta como os seminaristas “recomeçaram com seriedade notável os estudos, sem dispensar nenhuma obrigação da vida religiosa. Encarcerados no casarão cravado na cidade, não saíram de casa nos cerca de três meses em que ali estiveram, por causa do ambiente revolucionário que se respirava”.
“Não temos horta, e para o banho é preciso desenrascar-se como for possível”, escreveu Jesús Anibal para seus pais. “Em passeio, não saímos nem uma só vez desde que chegamos; de fato, guardamos clausura estritamente papal, assim as circunstâncias exigem”.
O superior conseguiu que os religiosos lhes outorgassem alguns salvo-condutos para ir a Madrid. Assim empreenderam a viagem à capital. “Pouco tempo tiveram para arrumar suas pobres maletas, que não tinham nem sequer o indispensável. Despediram-se dos que ficavam”, narra o padre Pecharroman.



Mas os milicianos não respeitaram o salvo-conduto e chegaram à Estação de Fernancaballero. “Ordenaram que os religiosos descessem. Uns o fizeram de imediato, dizendo: seja o que Deus quiser, morremos por Cristo e pela Espanha. Outros resistiram, mas com as coronhadas dos fuzis, foram obrigados a descer”, refereiu uma testemunha do assassinato.
“Os milicianos colocaram os religiosos de frente para eles, ao lado do comboio. Alguns dos irmãos estenderam os braços, gritando "Viva Cristo Rei" e "Viva a Espanha"! Outros taparam o rosto”, assegura a testemunha.
Mas nem sequer o passaporte colombiano, nem a proteção do consulado salvou a vida de Jesús Anibal, que também foi assassinado, pelos simples fato de ser seminarista católico.
Jesús Aníbal Gómez passará assim a ser o décimo beato colombiano. (Atualmente chegaram aos altares sete mártires da Ordem Hospitalar de São João de Deus, assassinados também na Espanha republicana de 1936).

O grupo de martirizados é composto por 16 claretianos: um sacerdote, 14 seminaristas estudantes de teologia e um Irmão coadjutor.
P. José Mª Ruiz Cano que morreu em Sigüenza, a 27 de julho de 1936.
No dia 28 entregaram suas vidas en Fernancaballero os estudantes: Jesus Aníbal Gómez Gómez (de nacionalidade colombiana), Tomás Cordero Cordero, Primitivo Berrocoso Maillo, Vicente Robles Gómez, Gabriel Barriopedro Tejedor, Claudio López Martínez, Ángel López Martínez, Antonio Lasa Vidaurreta, Melecio Pardo Llorente, Antonio Orrego Fuentes, Otilio del Amo Palomino, Cándido Catalán Lasala, Ángel Pérez Murillo e Abelardo García Palacios.
No dia 2 de outubro, também em Fernancaballero, foi assassinado o Irmão Felipe González de Heredia.

Com a data de 1 de julho de 2010, o Santo Padre Bento XVI autorizou a Congregação das Causas dos Santos a promulgar o decreto sobre o martírio dos Servos de Deus José Maria Ruiz Cano, Jesús Aníbal Gómez Gómez, Tomás Cordero Cordero e 13 companheiros da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), assassinados por ódio à fé cristã, durante a perseguição religiosa em Espanha em 1936.

Oração
Oh Jesus, Senhor do Reino da vida!
Te suplicamos que pelo Coração Imaculado de Maria, que Teu servo Jesús Aníbal e companheiros que sufreram o martírio por Tua causa, te glorifiquem na sua aceitação decidida da Cruz.
Que seu exemplo e intercessão nos façam crescer na fé, na esperança e caridade, afim de sermos fiéis anunciadores do Teu Reino de justiça, para Tua maior glória e salvação do mundo. Amén.

domingo, 25 de novembro de 2012

Viva CRISTO REI! VIVA!



Christus Regnat!

Cristo Reina. E reina pela cruz. “Ragnavit a ligno Deus”.
Ao passo que incontáveis tronos, ornados com pedras finas e cobertos de preciosos brocados, se esboroaram, a madeira rugosa da cruz continua, obstinadamente a dominar o mundo. Stat Crux Dum Volvitor Orbis, como reza o lema dos nossos irmãos monges cartuxos.

A festa de Cristo Rei foi instituída no mês de dezembro de 1925, pelo Papa Pio XI (1922-1939), através da Encíclica Quas Primas. Estabeleceu-se que seria celebrada no domingo anterior à Solenidade de Todos os Santos; e assim foi até 1970, quando Paulo VI, pretendendo destacar ainda mais o caráter cósmico e escatológico do reinado de Cristo, denominou-a Festa de “Cristo Rei do Universo”, que é como se denomina hoje, fixando a sua celebração no último domingo do Ano Litúrgico. Colocada, assim, como encerramento do Ano Litúrgico, a Solenidade de Cristo Rei aparece como síntese dos mistérios de Cristo comemorados no curso do ano, como o vértice em que resplandece com mais intensa luz a figura do Senhor e Salvador de todas as coisas. Dessa maneira, já se vai direcionando a meditação para o tempo do Advento, na perspectiva da Segunda Vinda Gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O estabelecimento desta festa em 1925 não significa que a Igreja tivesse esperado vinte séculos para reconhecer e celebrar o senhorio e o reinado universal de Cristo, uma vez que as festas da Epifania, Páscoa e Ascensão também são festas de Cristo Rei. Mas o Papa Pio XI decidiu estabelecer uma festa específica com finalidade pedagógica: diante do avanço que se via, naquela época, do ateísmo e da secularização da sociedade, o papa considerou oportuno destacar a autoridade soberana de Cristo acima de todos os homens, de todas as instituições e de todas as nações. Pio XI percebera que “a maioria dos homens havia se afastado de Jesus Cristo e de Sua lei santíssima tanto em sua vida e costumes, como na família e no governo do Estado, mas também que nunca resplandeceria uma esperança certa de paz verdadeira entre os povos enquanto os indivíduos e as nações negassem e rejeitassem o império de nosso Salvador.” Hoje, mais do que nunca, essas palavras do papa Pio XI nos são oportunas e necessárias. A situação do mundo atual é ainda mais grave, pois o relativismo e o secularismo estão atingindo níveis de agressividade e intolerância raramente vistos na história, diante do ateísmo prático e do agnosticismo que caracterizam nosso tempo.

Na Solenidade de Cristo Rei, a Igreja anuncia, cheia de alegria, que o Cordeiro sacrificado, ao entregar sua vida no altar da Cruz, “faz novas todas as coisas”. É a Solenidade do Cristo Pantokrator, que governa todas as coisas e recapitula todo o universo criado, reordenando todas as coisas segundo os desígnios do Pai. Assim Jesus Cristo recuperou com seu Sangue Precioso toda a criação, para entregá-la novamente ao Pai.

Depois de séculos de modernidade dedicando-se ao império da razão e dispensando Deus, o homem vê-se perdido diante da percepção de sua impotência radical e se ilude substituindo Deus pela posse das coisas e satisfações efémeras, tornando-se escravo delas, submerso numa existência inautêntica e vazia. É tempo, mais do que nunca, de retomar o caminho da verdadeira felicidade, submetendo-se ao Senhorio d’Aquele que é o verdadeiro Caminho, a Verdade e a Vida, em Que se fundam todas as nossas verdades: Jesus Cristo Nosso Senhor.

Christus Regnat!

Há milhões de fiéis que O amam, não com um amor platónico, mas com um amor que se traduz em sacrifícios concretos, em vitórias sobre todas as paixões! Houve milhões de mártires cristãos, e para dar a própria vida, é preciso amar muito!

Quantos homens e mulheres consagrados que passaram pela Igreja! Que amaram este Cristo Rei! Fizeram e fazem ainda hoje voto de obediência perpétua, e é preciso amar muito para sacrificar o que há de mais intimo em nós, aquilo que até os pobres renunciam em último lugar: a liberdade. Fazem o voto de castidade perpétua e é preciso amar muito este Cristo Rei, para sacrificar os desejos mais fortes do coração. Fazem votos de pobreza, perpétua, e é preciso amar muito para sacrificar todo o desejo de fortuna. Jesus, Cristo Rei, conta com legiões e legiões de homens e mulheres que espontaneamente, alegremente, lhe oferecem, com voto, todas as suas riquezas. Estes votos de amor chegam inclusive até à imolação, ao martírio, como estes “Mártires de Espanha” que por aqui venho apresentando.

Mas não haverá também detratores? Adorado por uns, aborrecido para outros. Mais ninguém como Cristo, foi ao longo de séculos amado ou odiado. Cristo previra-o, e, assim como predissera o amor, assim também predissera o ódio implacável. Mas, observemos melhor: o ódio é também a seu modo, uma homenagem; se o amor é uma homenagem à bondade, o ódio é uma homenagem à força. Em geral, o ódio cessa, se o adversário desaparece. Hoje já ninguém odeia Nero, Átila, Robespierre ou Napoleão. Pessoalmente, não conheço grupos organizados de ódio contra estas figuras. O desprezo sucede ao ódio. Com o tempo não fica deles mais do que o esquecimento desdenhoso. Seria anormal alguém enfurecer-se contra o que já há muito desapareceu e rechaçar o inexistente. Ninguém é tentado a lutar contra um zero.

Se os ataques contra Jesus Cristo continuam furiosos, vejo nisto a melhor prova de que Ele é forte. O ódio supõe um obstáculo, atual, real, um adversário vivo. Jesus Cristo não deixa o mundo indiferente: por Ele ou contra Ele há paixão. O mação insulta-O na loja. A carmelita adora-O na sua humilde cela monástica. Uns blasfemam-O, outros adoram-O; uns desonram-O, outros morrem por Ele.

Portanto, aproveitemos esse tempo, que é verdadeiro Kairós – o tempo oportuno de graça e salvação – que Deus nos concede a cada um de nós, em Sua infinita misericórdia, e renovemos nossa entrega a Ele fortalecidos com o exemplo da Fé em Cristo Rei, destes nossos irmãos mártires espanhóis, a fim de que Ele reordene toda a nossa existência para a plenitude. E, num gesto de sabedoria, submetamos toda a nossa vida ao Seu Senhorio, pois Ele nos dá tudo, e, nós somos de Cristo.

VIVA CRISTO REI! CHRISTUS REGNAT!



Monumento ao CRISTO-REI abraçando a minha cidade de Lisboa, Portugal.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Padre Prior José Antón Gómez, OSB, mártir



Hoje, passam-se exatamente 76 anos do martírio do monge beneditino, o Pe. José Antón Gómez, OSB. A fúria e o ódio comunista que alastrou em Espanha em 1936 contra Jesus Cristo e a Sua Santa Igreja Católica também se abateu contra esses inocentes, pacíficos e piedosos homens das ordens religiosas contemplativas.

O padre José Antón Gómez, nasceu em 1878 e era prior da comunidade beneditina de Santa Maria La Real de Montserrat, em Madrid (não confundir com o famossíssimo mosteiro beneditino em Barcelona) desde 1927.

O próprio mosteiro beneditino de Montserrat de Madrid também sofrera várias contingências: em 1835 fora expropriado à Ordem Beneditina pelo usurpador estado espanhol, durante a “desamortización” de Mendizábal. Primeiro utilizou-se o espaço como prisão de mulheres, e ficou conhecido como “La Galera”. Depois, entre 1854 e 1868 vida religiosa regressou, tendo sido um mosteiro feminino de monjas concepcionistas, para depois, voltar a ser uma prisão feminina até meados do século XX. Em 1914 o edifício foi considerado Monumento Nacional, e havendo a necessidade que uma ordem religiosa o cuidasse, foi entregue o usufruto à Orden Beneditina em 1918, voltando assim a ser um convento dos seus originais proprietários. No entanto não puderam ocupar todo o conjunto do edifício até 1953, ano em que foram transferidas as últimas mulheres presas para outras prisões. Presentemente é um Priorado, dependente do Mosteiro  de São Domingos de Silos.
 Igreja do mosteiro beneditino Santa Maria la Real de Montserrat em Madrid
na Calle de San Bernardo, 79 na atualidade
 
 

Em 17 de julho de 1936, um dos monges que também morreria Mártir, o Pe. Rafael Alcocer, levou aos seus irmãos de hábito religioso a notícia da revolta de uma guarnição militar em Melilla. A partir do dia 19, e depois de ter sido incendiada a catedral de San Isidro durante a noite, a comunidade beneditina dispersou-se , tendo permanecido sozinho no mosteiro apenas o Pe. Luis Vidaurrázaga, de 35 anos (também ele morreria Mártir). No dia 20 todos regressaram ao mosteiro, tendo retomado a vida monástica. Na tarde do dia 21, os revolucionários comunistas prenderam fogo à porta do mosteiro, mas a dirigente comunista Dolores Ibárruri, a “Passionária” que ocupava um local próximo e temia pela pela segurança das sua próprias instalações, veio a impedir a destruição do mosteiro dizendo: “Este edifício é do povo e é para o povo!”. A partir daí, os monges beneditinos foram obrigados a sair do seu mosteiro. Os comunistas vieram a utilizar o mosteiro, primeiro como prisão, mais tarde, para usos militares.


Igreja do mosteiro beneditino Santa Maria la Real de Montserrat em Madrid
na Calle de San Bernardo, 79 na atualidade
 
Sete monges formavam então a comunidade monástica, quatro dos quais foram imolados, e os outros três conseguiram salvar a sua vida, embora tendo sofrido torturas de diversa ordem.  O prior da comunidade, Pe. José Antón Gómez, foi preso no dia 24 de setembro de 1936, no “Hotel Laris” onde se encontrava refugiado. Levado à checa “Fomento” (“Checa” – prisão privada pertencente a um partido político, sindicato, etc. onde a Lei não existia) onde foi submetido a interrogatório e tortura. Declarou-se como religioso, e por isso foi assassinado na noite de 25 para 26 de setembro na estrada para a Andaluzia. Seu cadáver foi reconhecido a 27. Todos os que o conheceram em vida, o definiam como um santo.
 
Para quem quiser conhecer um pouco melhor a beleza da vida contemplativa beneditina, aconselho vivamente que veja este video:

domingo, 23 de setembro de 2012

Peregrinação do blog "Mártires de Espanha" 2012 - parte 2


No passado dia 14 de setembro, dia da grande e apropriada festa litúrgica da Exaltação da Santa Cruz, estive em peregrinação ao "Cemitério dos Mártires" em Paracuellos del Jarama. A trágica e gloriosa história dos Mártires de Paracuellos del Jarama, o maior holocausto de católicos de todos os tempos ocorrido em território da Península Ibérica, é também um dos maiores da própria história da Santa Igreja Católica.

Ao falar de Paracuellos del Jarama - nome ao qual todos os cristãos deveriam fazer silêncio no seu coração - temos de escutar o que dizia o Fr. Octavio Marcos, irmão da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (e confrade de tantos seus confrades da sua congregação religiosa que ali jazem em fossas comuns) que se expressou do seguinte modo:
«Paracuellos del Jarama: eis aqui um nome que foi gravado com a ponta de um punhal na alma de Espanha e cujas letras estão gravados em púrpura do seu sangue. Lugar sagrado, campo de expiação, terra semeada de corpos santos e fertilizada com o sangue dos mártires.
Ainda permanecem nos nossos ouvidos o silvar da metralha que tira vidas beneméritas a homens virtuosos e inocentes, em intíma fusão com as suas últimas preces: "Viva Cristo Rei!; Viva Jesus Cristo!; Viva Espanha!; Perdoa-os Senhor!" que brotam dos seus lábios moribundos e se elevam ao Céu como incenso perfumado de sangue que jorra para a terra e a cobre de um manto de púrpura, símbolo glorioso da vitória e da realeza de Cristo».

Paracuellos del Jarama, para os que não conhecem, é uma pequena localidade nos arredores de Madrid (pertinho do Aeroporto internacional de Barajas), onde em 1936, ocorreram as Matanças de Paracuellos, uma série de assassinatos em massa, organizados pelo Partido Comunista Espanhol, e que levou à morte milhares de então prisioneiros da República Espanhola. As matanças realizaram-se aproveitando a suposta deslocalização de presos de Madrid para Valência, entre 7 de novembro e 4 de dezembro de 1936.

Segundo a própria página web da Diocese de Alcalá de Henares, no cemitério de Paracuellos del Jarama, repousam os restos mortais de centenas e centenas de religiosos, e entre centenas de padres diocesanos, encontram-se os restos mortais pertencentes a membros de pelo menos a vinte (!!!) ordens religiosas diferentes: Padres Agostinhos; monges Beneditinos, Capuchinhos; Carmelitas; Carmelitas Descalços; Dominicanos; Escolápios; Espiritanos; Franciscanos; Irmãos das Escolas Cristãs; Hospitaleiros de S. João de Deus; monges Jerónimos; Jesuítas; Maristas; Missionários Oblatos; Paulistas, Passionistas; Redentoristas; Sagrados Corações de Jesus e Maria; Salesianos, missionários do Verbo Divino.
No entanto, contam-se por milhares o número de leigos católicos, pertencentes a diversos movimentos da Acção Católica, Apostolado de Oração, Congregações Vientinas... ou seja, cristãos leigos que tinham um conhecido e público compromisso com a sua Fé, com Cristo, com a Santa Igreja.  Também eles não foram poupados ao martírio, perante a fúria e o ódio à Santa Igreja Católica dos comunistas. Presentemente, a nossa Santa Igreja Católica, reconhecendo o valor martirial destes nossos irmãos na Fé, destes milhares de santos inocentes, já beatificou até ao presente, 119 mártires de Paracuellos, fazendo deste  pequeno local o maior relicário, onde se concentram o maior número das relíquias de santos mártires pela Fé, mortos in "Odium Fidei" às mãos dos comunistas e ateus.

Esta é, numa pequeníssima síntese, a história trágica e gloriosa dos Mártires Paracuellos del Jarama. Deixo-vos com o testemunho de Arsenio de Izaga, que conviveu na prisão com os mártires, e escreveu a propósito de Paracuellos: «Quadro espantoso aquele quadro... espetáculo arrepiante e terrível do piquete de execução que disparava suas metralhadoras sobre uns homens de bem, de toda as profissões, de todas as categorias e idades, sacerdotes e leigos, militares e civis, ricos e pobres, patrõess e operários, desde os anciãos aos ainda muito jovens, todos chachinados pelo ódio marxista, perante o olhar dos seus infortunados companheiros que os contemplavam indefesos, à espera do que em seguida eles próprios iriam sofrer.
Nenhum renegou as suas convicções religiosas e patrioticas. Nenhum deu a mais leve prova de vacilação ou fraqueza. Todos se animavam entre si, e se opunham às inúmeras blasfémias que os seus verdugos proferiam. Todos recebiam o gelado impacto das balas como o galardão eterno que o Céu lhes havia prometido. E não se tinha extinguido o eco da última descarga de metralhadora, quando ainda ressoava os gritos vibrantes:" Viva Cristo Rei, Viva Espanha!"»

 
Entrada no Cemitério dos Mártires em Paracuellos del Jarama.

Lápide de religioso da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. De referir que a colocação das lápides é meramente simbólica, pois o espaço é todo ele uma fossa comum, não sendo o local individual da localização exacta do mártir.


 


Lápide relativa ao padre superior da comunidade de padres Agostinhos do convento do Escorial (Madrid).
 
Impressionou-me esta lápide: "Murio por su Fé" Um leigo, médico.
 

Capela do cemitério ao fundo da estrada. Em 1936, este local não era um cemitério, mas sim a estrada de Madrid a Belvis, local onde estacionaram os camiões onde chegavam os mártires. No total aqui encontram-se sete diferentes fossas comuns, com um total de 8,354 vítimas do terror vermelho. (Nem todas as "vítimas são "mártires").



Interior da capela do cemitério. Ao fundo, por cima do altar, lindíssimo mural alusivo aos santos mártires de Paracuellos.
 
 No interior da capela, nas paredes do lados direito e esquerdo, ao alto, pude observar grandes lápides relativas aos (até agora) 119 mártires de Paracuellos del Jarama já beatificados pela Igreja e que merecem a nossa veneração e admiração.
Palavras do então bispo de Madrid - Alcalá de Henares alusivas ao massacre de Paracuellos del Jarama.
Eu próprio, emocionado, após visitar um dos mais importantes (e infelizmente esquecidos) locais da história do Cristianismo do século XX na Península Ibérica, local que todos os cristãos deveriam visitar em peregrinação.
 
 
Vídeo-documentário sobre o acontecido em Paracuellos de Jarama em 1936:
 
 
 
Santos Mártires de Paracuellos, que com o vosso sangue regastes o solo de Espanha, vos peço que rogueis a Nosso Senhor Jesus Cristo pela conversão de toda a Europa, nueste tempo cada vez mais descrente e indiferente ao Caminho, à Verdade e à Vida, e por mim que sou um miserável pecador!

 
 

domingo, 16 de setembro de 2012

Peregrinação do Blog "Mártires de Espanha" 2012 - parte 1


Caros amigos, é de todo impossível descrever a emoção sentida na tarde do passado dia 13 de setembro, ao ver ainda ao longe a silhueta do célebre monumento ao Sagrado Coração de Jesus do Cerro de Nuestra Señora de los Angeles, em Getafe, nos arredores de Madrid.

Entrar naquele recinto sagrado, centro geográfico da Península Ibérica, coração religioso de Espanha, símbolo de sua fé enquanto grande nação cristã, foi um momento de grande emoção, que me prostou, rendido ao amor misericordioso desse Sagrado Coração de Jesus que ama incondicionalmente todos os que O procuram. Como peregrino, senti-me acolhido, e envolvido pelo amor de um Pai que acolhe de braços abertos o filho pródigo.
 
 
Entrar na igreja situada na cripta da novo monumento inaugurado em 1965, ajoelhar-me perante Jesus Cristo presente na Hóstia consagrada, na pequena capela do Santíssimo, foi para mim, um momento belo, sublime e inesquecível. Ali, junto ao Seu Sagrado Coração sofredor com o peso dos pecados dos homens, e especialmente os meus, pude sentir o Seu calor de acolhimento, Sua imensa compaixão pelos pecadores que a Ele recorrem, e secretamente, deixei rolar as lágrimas pela face, admirado com tanta misericórdia e amor.

Já aqui neste blog “Mártires de Espanha” falei do sucedido em 1936 neste local, num post com o título “Quando os ateus fuzilaram Jesus Cristo”. O caso é sobejamente conhecido. É aliás, como o já tinha dito, uma das mais infames imagens fotográficas do decorrer da Guerra Civil Espanhola: a 28 de julho de 1936, um grupo de milicianos marxistas, alinhados em pelotão de fuzilamento, dispara contra a imagem do Sagrado Coração de Jesus a mando de uma mulher miliciana. Uma forte imagem do poder do ódio contra Jesus Cristo e Sua Igreja. Uma imagem, que apesar de a sabermos situá-la no passado (já distante), não estará assim tão distante dos tempos atuais.


Como curiosidade, refira-se que ainda hoje se podem observar mais de vinte impactos de bala na pedra que circunda o coração de Jesus, fazendo assim uma versão mais contemporânea da circunferência da coroa de espinhos, mas NENHUMA bala tocou propriamente o coração, apesar de todo aquele ódio que os fazia mover. Hoje, esta relíquia do antigo monumento são guardadas no convento das irmãs carmelitas, ali ao lado.  Dias depois do fuzilamento, sucederam-se as tentativas de o destruir. Picaretas, camartelos, tudo serviu para tentar derrubar o monumento. Desfiguraram furiosamente as imagens, mutilando-as, mas  sem conseguir derrubar o pedestal. Na noite de 6 para 7 de agosto de 1936, os comunistas fizeram chegar vários camiões carregados de “dinamiteros” experientes, que perfurando em vários locais o monumento, e enchendo-o com dinamite, o fizeram cair no meio de uma grande explosão de nuvem de pó, entre sonoros gritos de blasfémias. Os comunistas chegaram mesmo a mudar o nome da colina de Cerro de Nuestra Señora de los Angeles” par um mais revolucionário “Cerro Rojo”, (colina Vermelha), para o qual se chegou a pensar erigir um grande monumento a Lenín. Pensavam então poder substituir em Espanha, o cristianismo pelo comunismo.



O monte de ruínas que foi o monumento ao Sagrado Coração de Jesus, inaugurado pelo Rei de Espanha D. Alfonso XIII em 1919, ali ficou, como testemunho mudo do ódio satânico de quem, procurava extinguir a Igreja Católica do solo espanhol: padres, monjes, frades, seminaristas, e religiosas eram assassinados sem piedade, muitos deles com uma crueldade sem limites à imaginação mais infame;  igrejas, capelas, seminários eram incendiados, milhares e milhares de leigos cristãos foram perseguidos e assassinados  somente pela sua condição de cristãos pelas forças da República. Até os cemitérios eram profanados, retirando-se das sepulturas todo vestígio cristão. A barbárie reinava em campo aberto e saía à rua deixando um rasto enorme de sangue de mártires. Em 1936, na Espanha controlada pelos Republicanos, era-se fuzilado, por se trazer um cruxifixo, num fio, ao pescoço!

Não resisto, aqui neste meu blog a deixar-vos com algumas depoimentos da época (numa tradução para o português da minha autoria) acerca do vandalismo cometido pelas forças do ateísmo organizado.:

Aniceto Castro Albarrán, magistrado em Salamanca, e um leigo católico empenhado:

«Chegou a hora do poder das trevas. Os telefones estremecem com a terrível notícia: “Neste momento acabou de cair, destruído, o Sagrado Coração de Jesus entre blasfémias e maldições de toda a ordem”. Foi lógico e natural o que fizeram. Eram seus inimigos, e como inimigo O consideravam. O tinham prisioneiro… e O fuzilaram! Eram inimigos da Espanha. O Coração de Jesus estava tão entranhado com o próprio coração da Espanha que podiam, com os mesmos disparos, com a mesma dinamite, ferir e destruir o Coração de Cristo e o coração de Espanha!... Cerro de los Angeles, Calvário espanhol desta nova redenção da guerra! As balas deste fuzilamento e a dinamite desta explosão fez grandes feridas, e grande rasgão neste Coração Divino…»

O Cardeal-Arcebispo de Toledo, D. Isidro Gomá i Tomás, escreveu numa pastoral:

«Esta guerra por parte dos inimigos de Nosso Senhor, tem sido uma vastíssima acção de sacrilégios perpetrados a sangue-frio que culminaram com este sacrilégio resumido, que se não foi o maior na sua aberração teológica, foi o mais diabólico e clamoroso: o fuzilamento do Sagrado Coração de Jesus no Cerro de los Angeles. A doce imagem de Jesus abençoando a Espanha! Levantado no seu centro geográfico, culminando, imponente sobre as figuras mais representativas do amor divino em forma humana, caíu, recheado de balas, do seu pedestal , pedestal esse que tem no seu coração cada um bom espanhol. »

Dr. Esteban Bilba, então ministro da Justiça da Espanha nacionalista:

«A imagem do Senhor caiu, mas caiu com os braços abertos, e ao cair sobre a terra espanhola a beijou num abraço doloroso. E agora, Cristo é mais do que nunca de Espanha, e Espanha é mais do que nunca de Cristo!».

A imprensa republicana de Madrid, proclamava em letras garrafais: “Um estorvo que desaparece”. «Esta madrugada foi demolido o monumento ao Coração de Jesus que tinham para suas expansões fascistas os grandes capitalistas, latifundiários e pistoleiros a soldo da reação. O Cerro de los Angeles agora encontra-se limpo de um estorvo.».

Como sinal de comoção causado por aquele atentado terrorista selvagem que causou em toda a Espanha e no mundo católico, merece-se recordar o grande poeta católico José María Pemán no seu poema DE LA BESTIA Y EL ANGEL:

«… Crujía la impaciência jadeante
de España contra el viento, a la manera
como en la nave y llora la madera,

cuando el dorado látigo tonante
del rayo, derribo com saña fiera

el mastil donde, al sol, iba el Divino
Piloto, señalando el camiño.


Los pájaros que cruzan com presteza
- flechas de luz de la celeste aljaba –

no se pueden posar ya en la cabeza

del dulce Cristo blanco, a quien rezaba

una nación en cruz, que ya no reza.
queda, por todo altar, donde se alzaba

triunfante, ayer, el Rey de los amores,
un Corazón partido entre unas flores…


Y viendo tal destrozo, revestido
De luz, y de rocío la alta frente

Coronada, vau n ángel com quejido

De árbol sin flor, cantando amargamente:
“Señor, Señor, los hombres han partido

Tu Corazón…” Y El, dulce y blandamente,
Le responde en la lauz de esta manera:

“Es por acaso esta vez la vez primera?”


Y mirando entre nubes la porfia
Que a España enluta de ódios y rencores,

Y mostrando su mano de alegría
De un soldado navarro que, entre flores,

Com la Salve en los lábios se moría,
Mira al ángel y añade, com fulgores

De victoria su rostro iluminado:
“Si, ahora empieza de veras mi reinado!»


Como já o referi neste blog, os comunistas não se contentaram em somente fuzilar e derrubar a imagem do Sagrado Coração de Jesus. Assassinaram de forma bárbara 5 bravos jovens católicos, pertencentes a movimentos da Ação Católica. Tinham-se disponibilizado, na qualidade de católicos praticantes de sua Fé, em assegurar a segurança do monumento. Foram impiedosamente fuzilados pelos milicianos comunistas, a 23 de julho de 1936. Morreram, mártires pela Fé em Jesus Cristo, de braços em cruz, de frente para a imagem do Sagrado Coração de Jesus. Seus corpos, ali ficaram abandonados, mergulhados no seu próprio sangue no chão, durante alguns dias. Os nomes destes meus irmãos na Fé, dignos de veneração, são:

- Justo Dorado;
- Blas Ciarreta;
- Fidel Barrio;
- Vicente del Prado;
- Elías Requejo.

Foi com viva emoção, que na tarde do passado dia 13 de setembro, pude passar a minha mão direita em cada uma das cinco campas, na cripta do novo monumento, onde os restos destes inocentes mártires se encontram depositados. Um dia serão beatificados, a exemplo já de tantos outros mártires cristãos seus contemporâneos.
 

Aspecto do monumento original derrubado pelas forças do ateísmo organizado
 Imagens originais do monumento mutiladas pelo ódio anti-católico

Cabeça de Cristo original do Sagrado Coração de Jesus deformada pelas picaretas dos comunistas
 
Saindo da cripta, atrevi-me a subir ao monumento, aos pés do Sagrado Coração de Jesus. Naquele fim de tarde, banhado pelo sol quente, ali em contemplação e em silêncio, senti uma paz e uma calma arrebatadoras. “Meu Deus, eu creio, adoro-Vos, espero e amo-Vos, peço-Vos perdão por todos aqueles que não creem, adoram, não esperam e não Vos amam”, disse o meu coração àquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Que graça tão grande, estar ali, junto Dele, em peregrinação, a seus pés! “Obrigado Senhor!”, agradeci.
 
video da libertação do Cerro de los Angeles: