No país vizinho de Espanha na década de 30 do século XX, produziu-se uma violentíssima e cruenta perseguição religiosa: 13 bispos, 4184 sacerdotes, 2365 frades e monjes, 283 irmãs, e milhares de leigos foram assassinados "in odium fidei", a esmagadora maioria no decorrer da Guerra Civil Espanhola. A tragédia, apesar de toda a dor, constítui uma das páginas mais gloriosas da Santa Igreja Católica com o martírio de uma multidão de santos e santas que por amor a Deus e à sua Igreja deram a suas vidas, e dos quais sou afinal, irmão na Fé pela graça do Baptismo. Este espaço é a todos eles e elas dedicado! Que a intercessão destes santos e beatos junto de Nosso Senhor Jesus Cristo me ajude a ser um cristão coerente e verdadeiro neste nosso século XXI!

Não é minha pretensão com este blog julgar os assassinos ou seus herdeiros ideológicos. Ao Senhor pertence o julgamento. Eu, que apenas ambiciono ser um simples seguidor de Cristo na sua Igreja, cabe-me perdoar, tal como o fizeram aos seus carrascos estes mártires espanhois que aqui vão ser apresentados. Faço minhas as palavras do cardeal vietnamita Nguyen Van Thuân - que passou 12 anos em prisões comunistas - quando dizia "não me sentiria cristão se não perdoasse".

Nesta nossa sociedade de 2012, de indiferentismo religioso, hiper-consumista, hedonista e abandono de valores cristãos, foi Graças à "descoberta" das histórias individuais de todos estes mártires, à sua imolação, ao seu holocausto; que dei por mim num caminho de conversão. Re-encontrei-me com Jesus Cristo e com a Santa Igreja Católica.

"Por causa do Meu nome, sereis odiados em todas as nações" (Mc 13,13).

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O assassinato do Beato Florentino Asensio, Bispo de Barbastro




Esta é a história de um mártir. Mártir In Odium Fidei. Um mártir cristão, um meu irmão na Fé, que deu o seu sangue pelo seu grande amor a Cristo e sua esposa mistíca, a Santa Igreja Católica. É a história de um Bispo desta nossa Igreja peregrina na Terra, cujo testemunho de imolação perante as forças do Mal, nos deve fazer, no mínimo, refletir sobre a nossa Fé.

Um testemunho eloquente, que previno desde já, poderá impressionar os mais impressionáveis.

Esta é a história do Beato Florentino Asensio Barroso, bispo da diocese de Barbastro - Espanha que foi selvaticamente assassinado por ódio à Fé.

Nasceu em Villasexmir (Valladolid) a 16 de outubro de 1877. Foi ordenado sacerdote em 1901. Em 1935 foi nomeado pela Santa Sé Bispo da diocese de Barbastro (diocese que foi bastante martirizada pelas forças marxistas e anarquistas no decorrer da Guerra Civil Espanhola).

A 19 de Julho de 1936, o Comité dos milicianos (comunistas e anarquistas) informaram-lhe que ficaria preso na sua residência episcopal. No dia 23 foi transferido para o colégio, agora prisão, dos padres Escolápios (onde também estiram os beatos mártires claretianos de Barbastro- ver outro meu post), onde foi submetido a humilhações, escárnios e insultos sem fim.

Na noite de 8 de agosto, foi chamado a comparecer perante a farsa que era o tribunal popular, criado pelos comunistas. Presentindo o pior, e "perante o que pudesse ocorrer" antes de abandonar a prisão, pediu ao padre Prior dos beneditinos (do mosteiro beneditino Nuestra Señora del Pueyo, também ele ali preso) para o ouvir em confissão e o absolver.

Amarraram-no em conjunto com outro homem, e os conduziram, após várias horas no calabouço a uma sala vazia onde ficaram amarrados a um poste. Entre frases grosseiras e insultuosas, uns milicianos (Héctor M., Santiago F., Antonio R., e Alfonso G.) aproximaram-se do prelado. O bispo Asensio encontrava-se a rezar silenciosamente. Santiago F. diz então a Alfonso G., que era analfabeto: "Não eras tu que desejavas comer col... de bispo? Agora tens a ocasião!" Alfonso G. não pensou duas vezes, puxou imediatamente de uma navalha de talhante, e ali, friamente retirou os testículos de D. Florentino Asensio. Jorros de sangue inundaram suas pernas e empapou o pavimento. O senhor Bispo ficou bastante pálido mas não desmaiou. Soltou um grito de dor, e teve forças para musicar uma oração ao Senhor. Sua ferida, foi cozida de qualquer maneira, a sangue frio, pior que se faz a um animal. Testemunhos afirmam que o bispo de Barbastro teria caído de dor sobre o pavimento se não estivesse amarrado em pé.

No chão encontrava-se um exemplar do jornal anarquista "Solidaried Obrera", onde Alfonso G., recolheu os despojos, e onde os mostrou os testículos a todos, como um troféu, inclusivé nalguns bares de Barbastro.

O bispo, lancinado pelas dores, foi então empurrado à praceta diante do edíficio, onde, sem consideração alguma foi levado ao camião que o levava à morte. "Obrigaram-no a ir pelo seu próprio pé, deixando um rasto de sangue por onde passava". Aos olhos daqueles homens, que odiavam a Santa Igreja e seus fiéis, não passava de um cão; mas aos olhos do Senhor e dos crentes, era a imagem viva, ensanguentada, e resplandecente de um novo mártir da nossa Igreja Católica.

O heróico prelado, que no dia anterior, 8 de agosto, tinha terminado uma novena ao Coração de Jesus, dizia em voz alta: "Que noite tão bela esta para mim: vou à casa do Senhor!". José Subías, de Salas Bajas, o único sobrevivente daquelas primeiras noites de cárcere de Barbastro ouviou os seus executores dizerem: "Bem vê que não sabe para onde o levamos!..." ao que o bispo respondia: "Vós levais-me à Glória! Eu vos perdoo. No Céu, pedirei por todos vocês..."

"Anda seu porco, depressa!" diziam os carrascos. "Por mais que me façais, eu vos hei-de perdoar" dizia o bispo. Um dos anarquistas golpeou-o furiosamente na boca com um azulejo, e lhe disse: "Toma lá a comunhão!". Extenuado, chegou ao lugar da execução, que foi no cemitério de Barbastro.

Ao recber a descarga das balas, os milicianos ouviram-no dizer: "Senhor, compadece-Te de mim". Mas o bispo não tinha ainda morrido. O arrastaram para cima de um monte de cadáveres, e depois de uma ou duas horas de uma agonia atroz, terminaram com a sua vida terrena com um tiro. "Não lhe deram o tiro de misericórdia, logo de imediato de propósito - disse mais tarde uma testemunha - deixaram-no morrer, com grandes hemorragias, de forma a que sofresse mais". Ouviam-no sussurar: "Senhor, não tardeis em me abrir as portas do Céu", "Senhor, não atrases o momento da minha morte e dá-me forças para resistir até ao último momento".


O Santo Padre João Paulo II, beatificou em Roma, este nosso irmão na Fé, o martirizado bispo de Barbastro D. Florentino Asensio a 04 de Maio de 1997.

Esta é a força da nossa Fé. Testemunho e Perdão. É até onde vai o nosso testemunho por Jesus Cristo e pela nossa Santa Igreja Católica. Beato Florentino Asensio Barroso, tu que estás na Glória de Deus, roga por mim, que sou um miserável pecador! Igreja paroquial do Beato Florentino Asensio, em Valladolid.


Mosaico do Beato Florentino Asensio, na capela da Sede da Conferência Episcopal espanhola.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Seu tio foi assassinado pelos comunistas

Juan Antonio Martinez Camino, jesuíta, bispo espanhol, e porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola, acaba de publicar um livro sobre a figura do seu tio sacerdote, mártir em 1936.


"Marxistas e anarquistas idealizaram um plano nos anos 30 do século XX em Espanha, para exterminar a Igreja. E o seguiram a ferro e fogo". Esta é uma das conclusões de D. Juan Antonio Martinez Camino, porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola, e bispo auxiliar de Madrid, durante a apresentação do seu recente livro: "Don Lázaro: sacerdote y mártir de Cristo en Asturias (1872-1936)".


A obra conta a história de um seu tio, o sacerdote Lázaro San Martín Camino, um padre rural que se destacou nas Astúrias nos anos 30 do século XX, pela sua aposta na educação das classes desfavorecidas, e que foi fuzilado em Gijón durante os primeiros dias da Guerra Civil Espanhola. "A figura do Pe. Lázaro foi decisiva para a minha vocação sacerdotal", diz.



O bispo Martínez Camino não chegou a conhecer o seu tio, mas a sua família se encarregou de lhe transmitir o trabalho e a obra do sacerdote-mártir. O autor faz uma reflexão sobre o que aconteceu na europa a partir dos anos 30 com os católicos: "Muita gente diz que a maior perseguição da história ao cristianismo foi aquela que teve lugar em Espanha nos anos 30, do século XX. Mas não é possivel entender o que sucedeu em espanha, sem incluí-la dentro da grande perseguição do século XX".


O que D. Martinez Camino quis deixar claro é que as perseguições contemporâneas de cristãos "não deve entender-se como um fenómeno exclusivamente espanhol". E assinalou o ocorrido depois da queda da Russia dos czares em 1917: "A Revolução russa de 1917, colocou em marcha a maior maquinaria política persecutória que a Igreja teve de enfrentar", disse. Uma afirmação sustentada "pelos mais de 7,000 religiosos assassinados em Espanha, e os 200,000 mortos na URSS entre 1917 e 1980. A maior parte deles - 105,000 - foram fuzilados durante a época de Estaline", referiu.


Por isso, D. Martinez Camino não hesita em fazer seu um título de uma obra do Pe. Ángel Garralda, para assegurar que "o século XX foi o século dos mártires".

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Festa na Igreja: beatificação de 23 mártires no passado domingo 18 de dezembro

Dia de Alegria na Igreja: imagens do passado domingo, 18 de dezembro 2011, da beatificação na catedral de Madrid, de 23 mártires católicos da perseguição religiosa de 1936 em Espanha.



O cardeal Angelo Amato (italiano, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos) presidiu em Madrid à cerimónia de beatificação de 23 mártires da violenta perseguição religiosa de 1936, pertencentes todos à congregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada (OMI). A celebração, co-celebrada pelo Cardeal-Arcebispo de Madrid, Rouco Varela, teve lugar na catedral de La Almudena, na qual participaram numerosos bispos espanhóis; o superior-geral da congregação (Pe. Louis Lougen); acompanhados por alguns milhares de fiéis, e entre eles, vários familiares dos mártires (na fotografia, alguns deles levam as "palmas do martírio" ao altar).


Na sua homilia, O cardeal Amato lembrou brevemente a história dos seus sacríficios, para "avivar a chama do testemunho". Assim, reconheceu que durante a II República, em Espanha, e mais concretamente durante os primeiros meses da Guerra Civil - de julho a dezembro de 1936 -"desceu sobre Espanha uma fúria anti-religiosa que contaminou gravemente toda a sociedade, ao ponto de retirar dos corações, os sentimentos de bondade e fraternidade, tendo eles (os mártires) sido vítimas inocentes desse fanatismo anti-católico que imolou a sangue frio bispos, sacerdotes, consagrados, consagradas e leigos".


Para o Cardeal Amato, "mais de 7,000 são verdadeiros e autênticos mártires, mortos como os primeiros mártires da Igreja por ódio à Fé". Como destacou, os 23 mártires que agora se beatificaram, e que sofreram o seu martírio em Pozuelo, "não eram delinquentes, nem tinham feito nada de mal, pelo contrário, seu único desejo era fazer o Bem e anunciar o Evangelho de Jesus".


"Queremos recordar os nomes destes religiosos Oblatos porque a Igreja os ama e os honra", disse, sublinhando que "foram preciosas testemunhas da bondade da existência humana", embora pese "a crueldade dos seus perseguidores". "E o fizeram", prosseguiu, "sem armas, apenas com a força irresistível da Fé em deus. Eles venceram o Mal, essa é a sua mais preciosa herança de Fé".
E lembrou os nomes dos novos beatos da nossa Santa Igreja: Francisco Esteban Lacal, Vicente Blanco Guadilla, José Vega Riaño, Juan Antonio Pérez Mayo, Gregorio Escobar García, Juan José Caballero Rodríguez, Justo Gil Pardo, Manuel Gutiérrez Martín, Cecilio Vega Domínguez, Publio Rodríguez Moslares, Francisco Polvorinos Gómez, Juan Pedro Cotillo Fernández, José Guerra Andrés, Justo González Llorente, Serviliano Riaño Herrero, Pascual Aláez Medina, Daniel Gómez Lucas, Clemente Rodríguez Tejerina, Justo Fernández González, Ángel Francisco Bocos Hernando, Eleuterio Prado Villarroel y Marcelino Sánchez Fernández.


A estes 22 Oblatos, uniu-se no mesmo ato de generoso testemunho e fidelidade a Jesus Cristo, o leigo Cándido Castán San José, muito conhecido na aldeia de Pozuelo, pelo seu inequívoco testemunho católico.


O cardeal Angelo Amato recordou que "todos os religiosos foram detidos sem processo judicial, sem provas do quer que fosse, e sem possibilidade nenhuma de se defenderem". Pos isso, "é bom não esquecer esta tragédia e muito menos ainda esquecer a reação dos nossos mártires aos gestos malvados de seus assassinos. Eles responderam rezando, perdoando-lhes e aceitando com a força que só a Fé transmite, a morte por amor a Jesus". E é isto o que "os mártires nos ensinam, que o nosso testemunho do Evangelho passa não só por uma vida virtuosa, mas também, por vezes, pelo martírio".


Terminou, convidando os cristãos, todos nós, "a imitar a coragem dos mártires, a solidez da sua Fé, a imensidade do seu amor e a grandeza da sua esperança. Que possamos dar testemunho da Fé e da Verdade diante do mundo, e com o seu exemplo, possamos fortalecer nosso amor a Cristo, sua Igreja e aos missionários da nova evangelização em todo o mundo". "Que a Imaculada nos ajude a celebrar o Natal com um coração puro e santo".



Excelente video a não perder:
Missionários Oblatos de Maria Imaculada agora beatificados:




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pe. Justo Lozoyo Lopez e sua mãe D. Francisca Lopez Moreno

Fotografia do sacerdote-mártir Justo Lozoyo López


O Pe. Justo López (à direita) com sua mãe - também mártir - e seu pai, que sobreviveu à Guerra Civil.

Antiga lápide cemiterial da sepultura do jovem sacerdote e de sua mãe, D. Francisca López.


Jovens sacerdotes da diocese de Toledo seguram a pequena urna com as reliquias do mártir Pe. Justo López e sua mãe após a exumação em Maio de 2011.



Sepulcro actual do mártir Pe. justo López e sua mãe, na igreja paroquial de Valdelacasa de Tajo (Cáceres, diocese de Toledo, Espanha) cuja imunação realizou-se no passado dia 02.07.2011.



O padre Justo Lozoyo López, sacerdote da diocese de Toledo (Espanha), sofreu o martírio na companhia de sua mãe, D. Francisca López Moreno no dia 25 de agosto de 1936.



Sua mãe, D. Francisca tinha contraído matrimónio em 01 de agosto de 1901 com Timoteo Lozoyo García em Valdelacasa de Tajo. Tinham só um único filho, Justo López, que nasceu a 06 de agosto de 1902.


Justo recebeu a ordenação sacerdotal a 16 de junho de 1927. Quando começou a Guerra Civil, encontrava-se a exercer o seu ministério sacerdotal como ecónomo de Carrascalejo (Cáceres). Aos domingos celebrava Missa na aldeia vizinha de Navatrasierra. Nos últimos dias do mês de julho de 1936, corria gravíssimo perigo de morte, e procurou refúgio na companhia de seus pais, na sua terra natal. Ali permaneceu até ao dia 25 de agosto. Nesse mesmo dia, instalou-se na aldeia a coluna anarquista "Fantasma", que vinha aterrorizando e assassinado várias dezenas de pessoas na comarca. Procuram pelo pároco local (que não encontraram) mas foram informados de que encontrava na aldeia um outro sacerdote, filho da terra. Prendem-no, e quando este afirma a sua condição de sacerdote, imeditamente o sentenciam à morte in situ, ali no mesmo local.


Sua mãe, que não se encontrava em casa, informada acerca da detenção do seu filho, imediatamente o procura, e quando o vê encostado à parede para ser executado por um pelotão de fuzilamento, corre a abraçá-lo aos gritos de misericórdia ao capitão. Este ainda tenta separá-la do filho, mas não consegue. Então dá ordem de "Fogo" ao seu pelotão. Com um grito de "Viva Cristo-Rei!", caiem no chão os dois, ensopados em sangue, e abraçados um ao outro.


Que a imolação destes cristãos nos fortaleça na Fé em Jesus Cristo!


Stat Crux Dum Volvitur Orbis!


Imagens da exumação dos corpos dos Servos de Deus, Pe. Justo Lozoyo López e D. Francisca López, a 16 de maio de 2011:





Imagens da Missa de imunação dos Servos de Deus, para a igreja paroquial de Valdelacasa de Tajo, a 02 de julho de 2011:




domingo, 18 de dezembro de 2011

Mártires de Barbastro

Antigamente, quando o cristianismo não era o centro da minha vida, e quando me perguntavam qual (quais) era(m) o(s) heroi(s) da minha vida, eu habitualmente referenciava: Ayrton Senna, Mark Knopfler, Sporting Clube de Portugal. Enfim, era a "catequese" que o mundo me dava. Hoje, depois de colocar Jesus Cristo no centro da minha vida, e de ter a imensa alegria e infinita Graça de estar na Sua Santa Igreja Católica, não tenho dúvidas em vos dizer que estes Mártires de Barbastro são os heróis da minha vida.

Hoje vou apresentar um magnífico grupo de cristãos, que entregaram a vida por Cristo com uma valentia, uma heroicidade, com um entusiasmo transbordante, que me dão um grande exemplo radical de amor a Jesus Cristo sem par, um dos martírios mais comoventes da história moderna da nossa Santa Igreja Católica.

Era o mês de agosto de 1936. A perseguição marxista contra a Igreja tinha-se abatido em toda a Espanha com uma fúria diabólica. O Seminário dos Missionários Claretinanos da cidade de Barbastro foi feito prisioneiro na sua totalidade. Ignorando que os três padres superiores do seminário tinham sido já assassinados, toda a comunidade (padres, irmãos e seminaristas) foi encarcerada na cave de um antigo colégio. Para que os jovens seminaristas ficassem sem apoio dos padres ou dos Irmãos (religiosos não-sacerdotes), os milicianos executaram no dia 12. Havia a expectativa, que mediante alguma tortura, os amedrontados jovens seminaristas renunciassem à sua religião e sua Fé em Jesus Cristo, tornando-se nuns apóstotas. Ficavam assim, 40 jovens seminaristas desapoiados e deixados à sua sorte. Assim pensavam os vermelhos. Mas aquele punhado de valentes, verdadeiros cristãos, jovens com uma fé adulta, agigantaram-se e prepararam-se para o martírio.


fotografia da comunidade mártir do Seminário Claretiano de Barbastro

As três semanas precedentes tinham sido terríveis. Na cave que fazia de prisão, aqueles presos sofreram toda a espécie de indignidades, privações e insultos. Tentavam vencer a resistência dos jovens, e recorreu-se a prostitutas, ameaças, ofertas de liberdade em troca de abandonarem sua vocação... e isto até ao último instante.

Até que ao verem que não conseguiam vergar aqueles valentes cristãos, se disseram claramente qual era a causa da sua morte: "Não vos odiamos a título pessoal, mas sim à vossa religião, a vossa sotaina, esse trapo repugnante. Se as tirarem, pouparemos vossas vidas. Mas a matar-vos, será com ela vestida, e assim sereis com a sotaina sereis enterrados". Assim souberam eles porque os perseguiam. Morreriam mártires por Jesus Cristo, e nada mais que por Jesus Cristo.

No dia 12 de agosto foi um grande dia na prisão. Desse dia nos chegaram uns testemunhos escritos verdadeiramente memoráveis. Em papel que embrulhava os chocolates que lhes ofereceram para o pequeno-almoço. Cada um escreveu um lema, uma frase que resumia o seu ideal de vida, e de seu martírio. Quarenta assinaturas que escrevem uma das mais gloriosas páginas da Santa Igreja Católica do século XX: "Viva Cristo-Rei!"; "Viva o Coração Imaculado de Maria!"; "Morro contente por Deus!... Nunca imaginei ser digno de receber esta Graça!"; Por Ti, Meu Deus, pela Santíssima Virgem meu sangue dou!", e assim todos os 40!

Não creio que exista na história da Igreja um documento martirial como este. E dizem as testemunhas: "Todos estavam contentes e se felicitavam entre eles, como os Apóstolos, por terem sido considerados dignos a sofrer pelo nome de Jesus". Ao anoitecer, os candidatos ao martírio, abraçavam-se, beijavam mutuamente os pés e as faces uns dos outros, choravam de alegria por estar próximo o fuzilamento...

Às 24h00 do dia 13, irrompiam os milicianos na cave. Leram 20 nomes, em que cada um era vigorosamente reposnsido com um "Presente!". Alguns beijavam com amor as cordas que lhes atavam as mãos, e todos dirigiam palavras de perdão aos seus verdugos. Atravessaram a praça cheia de gente. E ao subir para uma camioneta de caixa aberta, gritavam entusiasticamente: "Viva Cristo-Rei!", e os presentes respondiam: "Morram, morram! Canalhas, vão ver o que vos espera no cemitério!" E era uma cena impressionante, pois ao longo da noturna viagem de 3 quilometros em cima da camioneta, cantavam e rezavam. Alegres! Diz o relato de uma testemunha dessa noite: "Todo Barbastro os ouviu! Todos cantavam cânticos religiosos. E eram inocentes com anjos!" Recusado a última oferta de liberdade em troca da apostasia, todos cairam debaixo das balas com o nome de Jesus nos lábios, como confessou um dos assassinos: "Com os braços abertos, em cruz, e gritando Viva Cristo-Rei, receberam a descarga dos projeteis".


Monumento erigido no local onde os seminaristas católicos foram assassinados

A meia-noite do dia 15, os vinte restantes iam para o Céu, celebrar a grande festa da Assunção. Animados pelo exemplo dos seus colegas anteriores, deixaram escrito: "Morremos todos contentes, e nenhum de nós sente desânimo ou pesar". Repetiram-se as mesmas cenas, trágicas para uns, porque nessa noite, os vermelhos não iam tolerar aquele escândalo dos "Vivas" e dos cânticos religiosos ao meio da noite pelas ruas, e a golpes de coronhada das espingardas, desfizeram o crânio de um deles, embora não tenham conseguido os seus intentos, e até pelo contrário, incentivou os seminaristas a cantar com redobrado entusiasmo louvores a Cristo-Rei, ao Coração de Maria, à religião católica e ao Santo Padre.

Um dos verdugos, refugiado em Paris, depois de terminada a Guerra Civil, dizia: "Não havia quem os fizesse calar. Por todo o caminho foram cantando e dando Vivas a Cristo-Rei. Nós, mesmo dando golpes com a coronha das armas, não os conseguiamos fazer parar. E não pense que eram golpes mansinhos... Um deles caiu morto, com a cabeça aberta. Mas quanto mais lhes batíamos, mais forte cantavam e gritavam, Viva Cristo-Rei!"


Lápide no pequeno monumento que lembra o martírio

Três dias mais tarde, morriam também fuzilados dois companheiros, que por doença, tinham sido transferidos para o Hospital. Ficava assim completo o número daquela comunidade cristã: os 51 Missionários Claretianos Mártires: 9 sacerdotes, 5 Irmãos missionários e 37 seminaristas, que em Barbastro encheram a nossa Santa Igreja Católica Apostólica Romana de Glória.




Urnas contendo os restos dos mártires. Verdadeiros relicários dos nossos santos.


Em outobro de 1992 foram Beatificados pelo Santo Padre João Paulo II, em Roma. No final da Missa, o Papa emocionado, exclamou: "Pela primeira vez na História da Igreja, todo um Seminário Mártir!".


Nesse mesmo ano de 1992, abriu em Barbastro, o Museu do Mártires Claretianos, relicário dos seus restos, seus testemunhos, suas mensagens, suas recordações, local de peregrinação para milhares de fiéis católicos do mundo inteiro.


Hoje, o testemunho desses jovens seminaristas, inspira muito vocacionados a entregarem suas vidas ao Senhor ao serviço na Sua Igreja.
É esta a fibra dos santos da minha Igreja, na qual tenho a imensa Graça de caminhar na Fé! Hoje, na minha vida, são estes os meus Heróis!


Santos Mártires de Barbastro, roguem por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo, pois sou pecador!


Não percam este video:



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Beato Josep Samsó, sacerdote (diocese Barcelona)

Beatificado no passado ano de 2010, a 23 de Janeiro, o sacerdote catalão, pertencente ao clero da diocese de Barcelona, Pe. Josep Samsó i Elies foi martirizado pelos milicianos marxistas a 01 de setembro de 1936.


Josep Samsó i Elies nasceu na localidade de Castellbistal (barcelona) a 17 de janeiro de 1887, sendo o mais velho de seus dois irmãos. Depois da morte de seu pai, muda-se com sua mãe para Rubí (Barcelona), onde estudou no colégio dos Irmãos Maristas.


Ingressou no seminário de Barcelona, onde demonstrou grande dedicação aos estudos, e um comportamento exemplar. Por essa razão, os seus superiores lhe pediram que se licenciasse em Teologia na Universidade Pontíficia de Tarragona.

Foi ordenado sacerdote a 12 de março de 1910, e exerceu o seu apostolado em várias paróquias, a última delas em Santa Maria de Mataró durante 17 anos.


Foi um modelo de sacerdote, entregando-se totalmente ao seu ministério de pároco. Destacou-se no exercício da caridade e da catequese. (a sua famosa obra "Guia para Catequistas" foi elaborada em 1936, e foi publicada postumamente em 1940). O seu bispo, D. Manuel Irurita (também ele mártir da Santa Igreja, o que foi o meu primeiro post!) dizia que o Pe. Samsó era "o primeiro catequista da diocese". E o bispo de Segovia, Mons. Daniel Llorente, perito na área de catequese, declarava: "o Pe. Josep Samsó tinha na sua paróquia de Santa Maria de Mataró, a catequese mais bem organizada de toda a Espanha".

Por outro lado, a sua direcção espiritual motivou muitas almas a descobrirem a sua vocação sacerdotal ou religiosa, e procurava a perfeição nos actos litúrgicos. Trabalhou intesamente no restauro do interior da sua igreja paroquial, conseguindo que em 1928 fosse distinguida com o título de Basílca Menor.

Em, 1936, ao rebentar a Guerra Civil, foi preso pelos ateístas, somente pela sua condição de sacerdote católico. No cárcere, seguiu um horário que lhe permitia ler o breviário, fazer meditação e organizar turnos entre os presos para rezarem o terço, de maneira que os guardas nunca dessem por nada. Também confessava alguns detidos , convertendo-se em catequista e apóstolo para todos. Repartia entre os outros presos, tudo o que lhe davam nas visitas. Seu cativeiro terminou com o seu assassinato no cemitério de Mataró, no dia 01 de setembro de 1936.

O Pe. Samsó ofereceu a sua vida por Cristo, com grande serenidade e morreu com palavras de perdão aos seus executores. Despediu-se dos seus companheiros da prisão com as palavras de "Deus sobre Tudo", e com as mãos atadas, foi encaminhado ao cemitério de Mataró. Depois de subir as ígremes escadas que conduzem ao cemitério, pediu que lhe destassem as mãos e quis abraçar todos os que o iam fuzilar. Disse-lhes que os amava como Jesus o havia feito aos que O prenderam à Cruz. Quando tentaram vendar-lhe os olhos, pediu para que não o fizessem, que queria morrer olhando a cidade onde tinha os seus paroquianos que tanto amava.



Cadáver do Pe. Josep Samsó, após o fuzilamento, tendo as balas atingido a face e peito.




Memorial levantado no cemitério de Mataró (Barcelona) no local onde o Pe. Josep Samsó foi assassinado pelos ateus marxistas




Lápide de homenagem ao Pe. Samsó na sua antiga igreja paroquial. Assim são os mártires das nossa Santa Igreja Católica.



Pai Santo, concede as Bem-Aventuranças aos que trabalham, pela Paz, e que por intercessão do teu Servo Josep Samsó, que derramou o seu sangue com tanto amor, que seja semente de novas e santas vocações religiosas para serviço da tua Santa Igreja.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Santiago Mosquera y Suárez de Figueroa, jovem leigo mártir



O Servo de Deus Santiago Mosquera y Suárez de Figueroa, tinha apenas 16 anos quando conheceu o martírio. Era primo da jovem mártir anteriormente aqui apresentada, Maria de la Piedad Suárez de Figueroa y Moya, e tal como ela, também nascido em Villanueva de Alcardete (Toledo, Espanha).


Como a Guerra Civil Espanhola iniciou-se no verão de 1936, o jovem Santiago encontrava-se de férias escolares. Curiosamente, estudava em Portugal, no colégio dos padres Jesuítas em Estremoz, onde se tinham instalado em 1932, vindos de Villafranca de los Barros.


A 25 de julho, ao ser sua casa revistada por um grupo de milicianos marxistas, que encontraram duas caçadeiras na sua casa, e ao levarem presos seus irmãos mais velhos Ramón e Luis, Santiago indignado perguntou-lhes: "Porquê?.. Se todos na aldeia tem caçadeiras para caçar coelhos e perdizes?" Acabou de imediato por ser preso também.


Foi preso na igreja da aldeia, que profanada pelos milicianos, servia agora de prisão. Foram selvaticamente maltratados. Ali os tiveram até 15 de agosto, solenidade da Assunção da Virgem. Nesse dia, de madrugada, selecionaram um grupo de 12 pessoas, encabeçadas pelo pároco de Alcardete, e fuzilaram-os a cerca de 3 quilómetros da aldeia. Entre esses, estavam os irmãos do jovem Santiago.


Na igreja-prisão ficaram ainda 6 detidos. Entre eles o padre coadjutor da paróquia, o Servo de Deus, tammbém ele mártir pela Fé, Pe. Eugenio Rubio Pradillo. Amarraram Santiago a uma estaca:


- Blasfema!

- Nunca! Nem que me mateis.

Uma bofetada enchia a boca de Santiago de sangue.

-Blasfema!
Podem-me bater outra vez. Eu não blasfemo!


Outra forte bofetada produzia ainda mais sangue. Atado à estaca, ficou dois dias, sem comer nem beber. No segundo dia, ali preso à estaca, com uma lâmina, num ato de vil crueldade, cortavam-lhe a face.


É inutil prolongar o leitor ao sofrimento horrivel que este jovem cristão, por amor amor a Deus e por pertencer à Sua Santa Igreja Católica, o fizerem, sofrer. Os testemunhos do seu martírio parece ser retirado das antigas perseguições romanas aos cristãos.


Na noite de 24 para 25 de agosto de 1936, os restantes seis detidos foram conduzidos ao cemitério de Villanueva de Alcardete para serem fuzilados.


Uma, duas metralhadas, e o crime está consumado. No entanto Santiago não morreu. Ficou gravemente ferido nas pernas pelas metralhadoras. A cena é dantesca. Uma criança, com as pernas despedaçadas a tiros, entre os cadáveres dos seus amigos, uma noite inteira... e todavia, mantinha a confiança na piedade dos homens!...


Escapar, era impossivel. Ao amanhecer, Santiago apercebe-se que alguém se aproxima. Era o coveiro do cemitério. Cresce a confiança no coração de Santiago, se enche de fé, e o seu coraçãoo bate com mais força. Ao sentir o coveiro perto de si, arranja forças para dizer: "Piedade, bom homem, piedade!"


A resposta do homem é nem se pode reproduzir. Os testemunhos declaram que o coveiro o obrigou a blasfemar contra Deus e a Virgem Maria. Santiago, horrorizado, lhe disse que isso não podia fazer pois era pecar contra Deus. O coveiro então lhe disse que se não blasfemasse, o matava ao que o jovem Santiago lhe disse: "Prefiro morrer a ofender Deus". O cruel assassino, com uma picareta, e de um só golpe acabou com sua vida.



Santiago Mosquera y Suárez de Figueroa, mártir pela sua Fé cristã, tem processo de beatificação aberto desde 2005.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Beata Maria de la Piedad Suárez de Figueroa y Moya









Ser Cristão é aquele que está preparado para dar testemunho de Cristo. Até ao fim. Fim da vida.



Num mundo cheio de relativismos, onde (quase) tudo passou a ser transitório e descartável (marido, mulher, até mesmo os filhos, especialmente aqueles que ainda vivem aconchegados no útero de suas mães) o testemunho dos Cristãos é algo de incompreensível. Numa sociedade que abandonou e despreza o valor do compromisso, a abnegação com que estes Cristãos não abdicaram de se afirmarem Cristãos em situações pessoalmente tão díficeis, é de enaltecer.


Apresento-vos hoje o martírio da jovem cristã, Maria de la Piedad Suárez de Figueroa y Moya, uma jovem leiga, violentamente assassinada pelas milicias republicanas espanholas em 06 de setembro de 1936, e beatificada a 27 de outubro de 2007 junto com outros 497 mártires da perseguição religiosa ocorrida em Espanha no decorrer da Guerra Civil.



A Serva de Deus Maria de la Piedad Suárez de Figueroa y Moya, conhecida popularmente por Piedaíta em Espanha, nasceu em Villanueva de Alcardete (Toledo) a 16 de fevereiro de 1909. Tinha um irmão, Amálio, três anos mais velho do que ela, e que morreu cruelmente assassinado dias antes de sua irmã. O pai de ambos faleceu quando ela tinha apenas três anos.


Testemunhos de próximos dela, referem que na sua adolescência notava-se a sua Fé simples e forte. Sua piedade centrava-se em três grandes amores: Jesus Scramentado, a Virgem maria e São José. Como práticas diárias tinha a Comunhão, a oração do rosário, e orações mentais. Sua caridade, em especial para com os necessitados era outro dos seus distintivos que a marcava.


Em 1936, Maria de la Piedad Suárez de Figueroa era a presidente local das "Filhas de Maria" em Villanueva de Alcardete. Ao estalar a Guerra Civil, foi detida pelo Comité, e foi-lhe pedida a bandeira das "Filhas de Maria". Chegou a estar encarcerada, 2 ou 3 dias. Foi submetida a pequenas torturas, pelo que depois, a libertaram.


Pouco depois, foi detido seu irmão, Amálio. Foi desmembrado, e colocaram-lhe nas feridas sal e vinagre. Durante esse tempo, foram várias as ocasiões em que os milicianos atentaram contra a sua pureza. (Razão pela qual, a oração aprovada pelo Cardeal Enrique Plá e Daniel, em que dizia: "Dulcíssimo Jesus, que encontras especial descanso nas almas puras, e reconheces o cruel tormento que custou defender a sua pureza virginal à tua Serva Maria de la Piedad...").


Nos últimos dias do mês de agosto e primeiros de setembro, ofereceram à jovem Piedaíta um salvoconduto para deslocar-se a Madrid. Segundo os testemunhos, na noite de 05 de setembro de 1936, seria detida novamente, desta vez na companhia de sua mãe, pelos milicianos.


Piedaíta foi brutallmente assassinada à frente de sua mãe, na madrugada do dia 06 de setembro de 1936.


O seu martírio, apenas por ser cristã, e por nunca ter blasfemado contra Jesus Cristo, foi horrendo. Os milicianos violaram-na repetidamente enquanto esteve ferida e inconsciente. Inclusivé, a violaram já mesmo depois de morta.


A Serva de Deus Maria de la Piedad Suárez de Figueroa y Moya é um símbolo da jovem mártir cristã, que cuida zelosamente pela sua pureza. Desde então, o local da sua imolação é visitado frequentemente pelas gentes das região de Toledo.



Beata Maria de la Piedad Suárez de Figueroa, tu que está na Glória do Paraíso, roga por mim a Deus Pai, que sou um miserável pecador!

domingo, 11 de dezembro de 2011

15 Irmãos da Ordem de S. João de Deus - Sanatório de Calafell


Cumpriram-se neste ano de 2011, 75 anos sobre o martírio dos 15 Irmãos (entre sacerdotes, Irmãos e noviços) do Sanatório de Calafell, Tarragona, da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. (De referir que na Ordem Hospitaleira São João de Deus em Espanha, durante a Perseguição Religiosa de 1936-39, receberam a palma do martírio um total de 97 Irmãos, bem como um assinalável número de doentes internados nos seus hospitais!).
O Sanatório de Calafell (Tarragona), construido pela Ordem, acolhia cerca de 70 doentes de forma permanante, na sua maioria crianças e acamadas, devido a raquitismo e escrofulose (tipo de tuberculose infantil), onde os Irmãos exerciam o seu ministério de forma totalmente altruísta.
Por volta das 14h30 do dia 24 de julho de 1936, o Hospital foi invadido por um grupo de milicianos marxistas armados, que se apressaram, uns a prender os Irmãos, outros a revistar o Hospital à procura de armas, coisa que não encontraram, porque não existia. O Superior - Pe. Julián Carrasquer - ainda lhes ofereceu uma merenda, e pelo entardecer, os milicianos acabram por se irem embora, prometendo regressar no dia seguinte com pessoal laico para substituirem os Irmãos-enfermeiros, dizendo: "tirem os hábitos religiosos! Nada de hábitos! Somos todos iguais!".
Pouco se dormiu naquela noite. Pelas 04h00 da manhã, celeraram-se as Eucaristias. Por volta das 18h00 os milicianos regressaram, e exigiram ao Padre Superior da comunidade a chave do Hospital para se apoderarem dele. Aos Irmãos, foi-lhes permitido que continuassem a trabalhar, enquanto não chegassem as equipas de enfermeiras laicas que os deviam substituir no cuidado aos doentes, a sua maioria crianças. A partir dali, tudo foi intanquilidade, temores, sobressaltos e desconfiança permanente. No dia seguinte, 26 de julho, domingo, ao levantar as crianças doentes de suas camas, e rezarem, os milicianos lhes proibiram violentamente, fazendo escárnio e troça da religião. E em troca das orações, os milicianos prometeram um camião cheio de brinquedos, e asseguraram que a capela do hospital seria transformada em cinema, e que a partir dali, seriam acordados aos gritos de "Não há Deus!" e "Viva o Comunismo!".
No dia seguinte, chegaram ao Sanatório algumas mulheres (o tal pessoal laico que deveria tratar dos doentes em substituição dos religiosos) que se dedicaram a comer e a beber, até algumas ficarem bastante embriagadas, ao que diziam aos gritos: "Estes frades são nossos criados; já era a hora disto mudar!".
No dia 28, os milicianos e as mulheres que tinham chegado no dia anterior, dedicaram-se raivosamente a eliminar todos os vestígios ou sinais religiosos do sanatório. Imagens, pinturas, crucifixos, tudo desapareceu. No dia 30, o chefe dos milicianos reuniu a comunidade religiosa para lhes dizer que o pessoal de substituição tinha chegado, e que a partir daquele momento teriam de sair dali. Decidiram dirigirem-se a Barcelona e daí a Marsella, onde se instalaria o noviciado da província de Aragão.
Dezanove (entre professos, noviços e postulantes) empreenderam o seu caminho. Seus passos foram seguidos pelos milicianos. Ao chegarem às estações, foram imediatamente detidos e conduzidos à povoação de El Vendrell, onde se encontrava uma multidão na praça principal, profanando a igreja paroquial. Ao verem os religiosos, quiseram apoderarem-se deles, mas os milicianos, fizeram subi-los para um camião que tomou a direcção de Barcelona. à saída de Calafell, foram interceptados por outro grupo de milicianos, que os obrigaram a descer do camião, e a pôr-se em fila. Quatro dos Irmãos foram separados do grupo por serem muito jovens (eram postulantes). Os 15 restantes receberam os impactos das balas e metralhadoras, caindo ao grito de "Viva Cristo Rei!" perdoando ao mesmo tempo os assassinos.
Segundo contou, mais tarde um dos milicianos presentes, o Padre Superior, ao ser fuzidado exclamou: "Meu Deus, perdoa-os pois não sabem o que fazem". Os tiros abriram-lhe a cabeça, com perca de massa encefálica.
Ao entardecer desse dia, pessoas piedosas recolheram os cadáveres, carregaram-nos num camião e depositaram-os no cemitério de Calafell numa fossa comum. a 23 de julho de 1940, os restos dos mártires foram transladados para o sanatório de Calafell e depositados na cripta da capela. Em Janeiro de 1942, foi erigida uma cruz no local do martírio. A 25 de setembro de 1972, os restos dos Irmãos mártires receberam sepultura definitiva na igreja do Sanatório de Sant Boi de Llobregat.
Quinze foram os martirizados. Que o seu exemplo de imolação perante o Mal, seja para nós sinal de perdão e amor ao próximo! Estes são os seus nomes:
1. Julián Carrasquer; sacerdote e superior da comunidade; 55 anos de idade e 19 de vida religiosa.
2. Braulio Maria Corres y Diaz de Cerio; sacerdote e Mestre de Noviços; 39 anos e 25 de vida religiosa.
3. Feliciano Martínez; Irmão, 73 anos de idade e 39 de vida religiosa.
4. Eusebio Forcades; Irmão, 60 anos de idade e 37 de vida religiosa.
5. Constancio Roca; Irmão; 41 anos de idade 26 de vida religiosa.
6. Benito Jose Labre Mañoso; Irmão, de 57 anos de idade e 22 de vida religiosa.
7. Vicente de Paul Caselles; Irmão, 42 anos de idade e 10 de vida religiosa.
8. Juan José Orayen; 39 anos de idade e 10 de vida religiosa.
9. José Miguel Penarroya; 28 anos de idade e 3 de vida religiosa.
10. Publio Fernandez; 28 anos de idade e 3 de vida religiosa.
11. Avelino Martinez de Arenzana; 38 anos de idade e 2 de vida religiosa.
12. Manuel Jimenez; 29 anos de idade, noviço.
13. Antonio Sanchíz; de 26 anos, noviço.
14. Manuel Lopéz; de 23 anos, noviço.
15. Ignacio Tejero; de 20 anos de idade, noviço.
A solene Beatificação destes mártires,. teve lugar a 25 de outubro de 1992, na Praça de S. Pedro no Vaticano, cerimónia presidida pelo também Beato João Paulo II, acompanhado por mais de 50 concelebrantes, entre cardeais, arcebispos e bispos, bem como por uma numerosa multidão de fiéis.
A 30 de outubro de 2001, Calafell dedicou a capela do cemitério municipal a estes mártires da Ordem Hospitaleira.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

D. Eustaquio Nieto y Martín, Bispo de Sigüenza



A violência assassina das forças republicanas e marxistas, exercida durante a perseguição religiosa levada a cabo em Espanha entre 1936-1939, tudo fez para fazer desaparecer a Igreja. Para além dos milhares de leigos, sacerdotes, freiras também vários bispos foram martirizados e deram as suas vidas por amor a Jesus Cristo.
Já aqui falei do bispo de Barcelona, D. Manuel Irurita, no post do passado dia 03.12.2011, no dia exacto do 75.º aniversário da sua imolação. Hoje venho falar-vos daquele que foi o 1.º
de 13 bispos espanhóis martirizados nesse holocausto da cruel perseguição religiosa ocorrida no contexto da Guerra Civil Espanhola: D. Eustaquio Nieto y Martín, bispo de Sigüenza.

Natural de Zamora, nasceu a 12 de Março de 1866. Iniciou os seus estudos no seminário de Zamora. A partir de 1891 estudou em Toledo, onde veio a obter o grau de doutoramento em Sagrada Teologia. Foi ordenado sacerdote nesse ano, a 23 de Maio. Depois de trabalhar
em diversas paróquias, foi consagrado Bispo da diocese de Sigüenza a 27 de Dezembro
de 1916.

Quando em 1936 se inicia a Guerra Civil, vários amigos o aconselharam a abandonar a diocese, para evitar ser capturado pelos milicianos marxistas, mas D. Eustáquio sempre recusou todas
as propostas de abandonar a diocese, dizendo que o seu lugar era em Sigüenza.
Na madrugada do dia 26 de Julho, um grupo de milicianos das POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista) e das CNT-FAI (Confederacion Nacional del Trabajo) assaltaram o palácio episcopal e como não o encontraram, entreteram-se a saquear o edifício e a incendiar
diversos objectos religiosos. Na noite desse mesmo dia, veio um segundo grupo
de milicianos, que o prendeu, mentindo-lhe, dizendo que o iriam levar a Madrid
para ali ficar prisioneiro. O automóvel onde o senhor Bispo D. Eustáquio foi colocado, seguiu pela estrada em direcção a Alcobea del Pinar, e o seu martírio começou. No quilometro 4,5 da estrada da estrada de Alcobea del Pinar a Sigüenza, atiraram-no para a estrada com o carro em andamento, o que lhe provocou diversas fracturas nas pernas e braços. De seguida, fuzilaram-no, tendo de imediato queimado o seu corpo com gasolina numa valeta. O seu corpo não foi enterrado, mas simplesmente abandonado, até que a 4 de Agosto de 1936, foi encontrado pelas
forças nacionais, junto com a sua cruz peitoral e um terço. A sua cabeça apresentava várias impactos de bala.
Cruz no local onde martirizaram D. Eustaquio Nieto. Pode-se ler: "Aqui deu gloriosamente a sua vida por Deus o Exmo. e Revmo. Sr. Dr. D. Eustaquio Nieto y Martin, zelossíssimo bispo de Sigüenza, sacrilecamente assassinado, depois queimado, por mílicias comunistas a 27 de julho de 1936, aos 70 anos".
Aos seus restos semi-carbonizados e mutilados, foram então dados sepultura cristã a 5 de Agosto,
na ermida de San Roque em Alcobea del Pinar.


Em 1946, os restos do Bispo-mártir D. Eustáquio Nieto y Martín foram transladados para a catedral de Sigüenza, onde hoje se encontram.
No entanto, meus caros irmãos em Cristo, devo-vos lembrar que as perseguições não terminaram. Não são coisa do passado. Ser cristão é ser alvo permanente da fúria do Mal.
Ainda recentemente, Fevereiro de 2010, apareceram os seguintes grafitis nas paredes do seminário maior da diocese de Siguenza: "Devíeis estar na valeta com o bispo Nieto!"

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Beato Juan Duarte Martín, diácono mártir


+ 15 novembro 1936
Foi beatificado em Roma, a 28 outubro de 2007, na companhia de outros 497 mártires espanhóis


Esta é a história de um jovem mártir de 24 anos, diácono e seminarista - cuja história, desde já aviso, pode ferir a sensibilidade de alguns leitores - vítima de uma selvajaria sem
limites, que quero acreditar, hoje inimaginável. Um relato arrepiante de uma
crueldade atroz, um dos muitos capítulos negros da Guerra Civil Espanhola, e a
da sua violência exercida contra os católicos, especialmente aqueles que se
renegaram a negar a sua Fé. Um testemunho eloquente que nos deve fazer pensar.
Mas, alegria Cristãos! Apesar das torturas vis, e a morte hedionda que sofreu, este
nosso Irmão na Fé de Cristo, foi recompensado pelo Senhor. Seu martírio é um
sinal de esperança e perdão.

Juan Duarte Martín nasceu emYunquera (Málaga) a 17 de Março de 1912, de pais pequenos proprietários agrícolas. Foi baptizado na paróquia de N.ª S.ª da Encarnação da Yunquera, onde também recebeu o Crisma.

Ingressou no seminário menor no ano lectivo de 1925/26, com a idade de 13 anos. Foi uma decisão que não surpreendeu ninguém, pois desde cedo mostrou interesse pela Igreja e aulas de
catequese da paróquia, onde sentiu a vocação de se consagrar ao Senhor.

Juan, durante os anos de seminário revelou-se um aluno exemplar. Bastante inteligente e dedicado aos estudos, foi sempre aprovado com as mais altas qualificações. Reconhecendo neles boas capacidades, o reitor, Pe. Soto, recomendou-o para Prefeito, ou seja, educador dos seminaristas menores. Bastante alegre e simples, vários testemunhos referem que as suas férias (do seminário) traziam alegria à sua aldeia natal.

A 1 de Julho de 1935 recebeu o sub-diaconado. No ano seguinte, foi ordenado diácono na catedral de Málaga a 6 de Março de 1936. A tempestade do martírio aproximava-se.

A sua detenção, a 7 de Novembro, ocorreu estava ele em casa de seus pais e irmãs. Deveu-se a uma denúncia de uma das suas vizinhas dizendo “que ali morava um diácono”. Quando os milicianos republicanos arrombaram a porta, só o encontraram a ele, sua mãe e sua irmã mais nova, Carmem de 15 anos, que se encontrava a bordar a cinta com que os seus pais atariam suas mãos na cerimónia de ordenação sacerdotal.

De sua casa, o levaram ao calabouço municipal, e ali com dois outros seminaristas, José Merino e Miguel Díaz, pelas quatro da tarde, os levaram a El Burgo, onde na noite de 7 para 8
martirizaram os seus dois companheiros, enquanto Juan foi levado, pela estrada
de Ardales até à vila de Álora, onde não era suficientemente conhecido.

Em Álora foi levado primeiramente a uma pousada, e logo depois ao calabouço municipal, onde durante vários dias foi submetido a torturas várias sem conta, com que pretendiam levá-lo
a blasfemar com Jesus Cristo. Mas ele, sempre respondia: “Viva o Sagrado Coração
de Jesus! Viva Cristo Rei!”

Estas torturas a que os milicianos o submeteram foram várias: desde tareias diárias, a fios de arame debaixo das unhas, a aplicação de corrente eléctrica nos órgãos genitais, e até
“passeios” pelas ruas da vila entre sovas, bofetadas e escárnio. Tudo com o
mesmo objectivo: levá-lo a blasfemar contra Deus. As boas pessoas de Álora
viram aquela paixão de Juan Duarte, como um filho ou um irmão querido. Foram
muitos os habitantes de Álora que se revoltavam ao ver aquele espectáculo
horrendo, que faziam àquele jovem diácono.

Do calabouço municipal, o levaram então à prisão, que então ficava na Plaza Baja, hoje Plaza de la Iglesia. Ali começou um processo de mortificação fisíco e psíquico que o levou à morte e à Palma do Martírio.

Para divertimento dos milicianos, começou-se por introduzir na sua cela uma rapariga de 16 anos, com a missão expressa de o seduzir, e logo denunciar que tinha sido violada por
ele. Como esse esquema não resultou, um dos milicianos, pegando numa navalha de
fazer a barba (como se usava naqueles anos trinta), o castrou e entregou os
seus testículos à rapariga que os “passeou” pelas ruas da vila.

Após esta acção selvagem, quando Juan Duarte acordou, e recuperou o conhecimento, apenas perguntava aos outros presos da mesma cela: “Que me fizeram? Que me fizeram?”.

Como a aumentava indignação de muitos habitantes de Álora crescia, perante o conhecimento do que se fazia aquele prisioneiro, e como Juan Duarte não dava mostras de renegar a Fé, os
dirigentes do Comité local decidiram proporcionar-lhe uma morte horrenda.

Esta morte foi levada a cabo na noite do dia 15 de Novembro. Levaram-no, já bastante ferido e com as pernas partidas, levaram-no da prisão até Arroyo Bujía, a um quilometro e meio da
estação de Álora,, deitaram-no sobre o solo, e com um machado abriram-no de cima a baixo, encheram os seus intestinos e estômago de gasolina e lhe deitaram
fogo, agonizante, mas vivo!

Durante este último tormento, Juan Duarte só dizia: “Eu vos perdoo, e que Deus vos perdoe… Viva Cristo Rei!”.
monumento erigido no local onde o Beato Juan Duarte foi martirizado

Durante vários dias, refere o relato de sua irmã Cármen, os milicianos disparam sobre o que restava do seu corpo, que ficou semi-enterrado durante 6 meses.

A 3 de Maio de 1937, o pai e um dos irmãos do mártir Juan Duarte, apresentaram-se em Álora para exumar o seu corpo, fácil de encontrar debaixo da areia, pois tinha sido enterrado por uns
locais a tão pouca profundidade que o seu irmão José, tal como ele mesmo contou, bastou escavar com os dedos das mãos, que rapidamente se encontraram seus restos.

Assim são os santos da nossa amada Santa Igreja Católica. Pode-se mesmo dizer, que o martírio tão impressionante como o do jovem diácono Juan Duarte Martín, de 24 anos, no ano de 1936, não fica atrás dos insígnes diáconos da Igreja, Santo Estêvão e São Lourenço.

Que a sua imolação, nos possa fortalecer na Fé e no amor a Jesus Cristo.
Beato Juan Duarte Martín, roga por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo!


Fotografia da irmã do Beato-mártir Juan Duarte Martín, Carmen Duarte Martín, tirada no dia dos seu 90 anos em novembro de 2010. Carmen, marcada pelo sacríficio e imolação de seu irmão, decidiu aos 16 anos de idade, consagrar a sua vida ao Senhor, fazendo-se Carmelita do Sagrado Coração de Jesus.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pe. Isabelo Esteban y Gutiérrez (diocese de Toledo)




Este sacerdote que foi ordenado um mês e meio antes do início da Guerra Civil, começa em Navahermosa, aldeia da província de Toledo, onde nasceu a 8 de julho de 1911.

Embaixo, publico uma preciosa relíquia do Servo de Deus: uns apontamentos espirituais, que escreve em 1929, no início da sua formação como seminarista. Um documento impressionante, escrito por um jovem de 18 anos, que deseja entregar a sua ao Senhor. Encontra-se em espanhol, mas façam o favor de ler, e se deixarem impressionar com a beleza de um coração apaixonado por Deus, que estabelece para consigo mesmo uma série de compromissos. De salientar a que escreve, muito profeticamente, na primeira página desse manuscrito quando diz: “Entrega-me nas mãos de Jesus, como Ele se entregou nas de seus inimigos, e se permitires que alguma mão alheia me esbofetei, recordarei que também a Ele o fizeram os soldados”.

Foi ordenado sacerdote a 6 de junho de 1936, pelas mãos do Arcebispo de Toledo D. Isidro Goma y Tomás.

Após da sua ordenação sacerdotal, celebrou a Missa Nova a 14 de junho, ás 10 da manhã na igreja paroquial de San Miguel Arcángel da sua aldeia natal.
Depois da sua Missa Nova, o Pe. Isabelo permaneceu em sua casa esperando que lhe fosse confiado algum ministério. Estava em casa de família quando foi recebendo notícias dos martírios de tantos companheiros, e consciente que se seguiria.

Nos testemunhos martiriais foi recolhida a frase que proferiu para a mãe, por aqueles dias: “Mãe, se me vierem a procurar, não diga que eu não estou, porque o díscipulo não há-de ser mais que o Seu Mestre”.
Segundo o depoimento do miliciano que o assassinou, e quando caminhavam para o martírio, o Pe. Isabelo ofereceu-lhe um cigarro, e já junto à vedação do cemitério de Navahermonosa, o sacerdote voltou-se para os milicianos e perguntou-lhes qual deles iria disparar sobre ele. “Eu”, disse o que haveria de disparar. Então, “aproximou-se de mim, beijou-me a mão, dizendo: - Eu te perdoo, e desejo que Deus, por quem dou a minha vida com muito gosto, te perdoe. Sei que morro pelo crime de apenas ser sacerdote”. Era o dia 30 de setembro de 1936.

O inquérito martirial, refere ainda uma testemunha que ouviu esta comentário meses depois num hospital da zona republicana, um tal de Victorio, conhecido como o Cabo Feo, que se debatia dizendo: “Que valente! Não devíamos o ter matado!”.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Beato Martín Martinez Pascual (padre-mártir)


Devo dizer que fiquei triste, surpreendido e deslumbrado quando conheci a história deste jovem sacerdote espanhol de 25 anos que agora vos apresento. Triste comigo mesmo, porque sou baptizado há já 39 anos, e faço parte dessa grande comunidade de fiéis que caminham em direcção ao céu, que é a Igreja, essa Santa Igreja Católica que me acolhe, e desconhecia por
completo o Beato Martín Martinez e a história de sua provação e martírio. Surpreendido,
ao ver esta fotografia nas condições específicas em que foi feita. E deslumbrado, pelas surpresas que o Senhor me proporciona na minha vida: conhecer este seu sacerdote e sua imolação, fez-me interrogar sobre a minha própria condição de cristão (envergonhado ou empenhado?).

Devo-vos dizer que esta imagem, esta fotografia, bela e fortíssima, quase hipnótica, que foi tirada justamente alguns segundos antes da sua morte por fuzilamento, por um, imaginem… um fotógrafo russo, provavelmente um dos muitos comissários políticos que Estaline enviou a Espanha na época. E o que vemos? Uma paz, um olhar tranquilo e sereno que nos desarma. Ao
invés de possível desespero, raiva ou fraqueza emocional, tão comum à própria
condição humana, perante o drama pessoal que se iria dar, vemos uma serenidade,
um olhar firme, uma postura corajosa que é simplesmente impossível de não nos interpelar.
Este jovem padre ia morrer assassinado. Ele sabia-o bem. Alguns de seus colegas
no sacerdócio tinham sido executados pouquíssimos minutos antes. Mas olha o seu
fotógrafo, cúmplice do assassinato cobarde, com uma serenidade só possível de
quem perdoa e ama os seus inimigos, como pediu Jesus. Quem é o cristão que pode
ter medo da morte a partir de hoje?

Martín Martínez Pascual nasceu em Valdealgorfa, província de Teruel e diocese de Zaragoza, a 11 de Novembro de 1910.

Entrou para o seminário menor de Belchite e continuou seus estudos no seminário maior de Zaragoza até 1934/1935 quando ingressou na Fraternidade Sacerdotal de Sacerdotes Operários
do Sagrado Coração de Jesus. Foi ordenado sacerdote a 15 de Junho de 1935 e
recebeu a missão de ser formador no Colégio de San José de Múrcia e professor
no seminário diocesano de San Fulgencio.

Terminado esse ano lectivo como professor, fez uns exercícios espirituais em Tortosa, de 26 de Junho a 5 de Julho de 1936. Em seguida foi de férias à sua aldeia, e ali foi surpreendido
pela perseguição religiosa que se iniciou.

A 18 de Agosto de 1936, pela manhã, as milícias republicanas e comunistas detiveram todos os sacerdotes que se encontravam em Valdealgorfa. Ao não encontrar Martín, prenderam o seu pai.
Imediatamente, a família informou secretamente o Pe. Martín para que fugisse.
Mas, este quando soube, foi entregar-se ao Comité local dos milicianos: Um
miliciano seu amigo, ainda o quis demover nas suas intenções, pedindo-lhe que
fugisse. Mas o Pe. Martín diz-lhe que não podia consentir que o seu pai
padecesse por ele, e que queria sofrer a mesma sorte que os outros sacerdotes. Já
no Comité, este miliciano ainda procurou salvar Martín, dizendo que se tratava
de um jovem estudante. Mas, ele confessou abertamente que era sacerdote, e deu
ao seu amigo um forte abraço, pedindo-lhe que o transmitisse aos seus
familiares. “Eu quero morrer com os meus companheiros”, dizia.




De imediato o levaram a pé até à praça da aldeia, onde subiu para cima de um camião na companhia de outros cinco sacerdotes e nove leigos (Foi de cima de esse camião que o fotógrafo
russo imortalizou a imagem do futuro Beato da Igreja Católica!) e seguiram na
estrada de Alcaniz, onde os fuzilaram.
Colocaram-nos de costas, mas o Pe. Martín quis morrer de frente, como o vemos na fotografia. Antes de o executarem, pelo simples delito de ser padre católico, perguntaram-lhe se
desejava alguma coisa. Pe. Martín disse: “Eu vos quero dar a minha bênção, para
que Deus não tome em conta a loucura que estais a cometer”. E depois de abençoá-los,
gritou: “Viva Cristo Rei!”. Era o dia 18 de Agosto de 1936, perto das 18h00.

O Pe. Martín Martínez Pascual foi beatificado na cidade santa de Roma, a 28 de Outubro de 2007, em conjunto com mais 497 mártires da perseguição religiosa ocorrida no contexto da
Guerra Civil Espanhola.

Que contraste com este jovem padre - que não hesitou em dar a sua vida por Cristo - encontro eu na minha vida de cristão, tantas vezes envergonhado de dar testemunho de Cristo em público
ou perante os meus amigos, com medo de ser rotulado de retrógrado, homofóbico
ou… imaginem a ironia… beato!!! E oxalá, nós cristãos, consigamos os méritos
suficientes em vida, para que possamos verdadeiramente ser Beatos ou mesmo
Santos! Pois se estes são os olhos de quem vai morrer, eu atrevo-me a dizer que
são os olhos serenos de quem tem a certeza que sabe para onde vai e quem o
espera!


Beato Martín Martínez, tu que estás na Glória do Paraíso, ora por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo!




Uma Mãe e suas quatro filhas valencianas - modelo de família


O Papa Bento XVI propôs uma mãe valenciana de 83 anos que morreu mártir na companhia das suas quatro filhas, religiosas de vida contemplativa - vítimas da feroz perseguição religiosa de 1936 ocorrida no contexto da Guerra Civil Espanhola - como modelo de “família cristã”, no VI Encontro Mundial de Famílias que se celebrou em 2010 na Cidade do México.

Esta família, formada por Maria Teresa Ferragud Roig, natural de Algemesi, e suas 4 filhas, religiosas de vida contemplativa, foram todas martirizadas em Alzira (Valencia). As cinco foram beatificadas por João Paulo II em 2001.

A 25 de outubro de 1936, festa de Cristo Rei, a mãe pediu para acompanhar suas filhas ao martírio e ser executada em último lugar para assim as poder acarinhar, e a confortá-las ao morrer pela Fé. Sua morte impressionou tanto os seus assassinos que estes exclamaram: “Esta é uma verdadeira santa”!

Este facto também impressionou o Papa João Paulo II que beatificou a mãe e suas quatro filhas em 2001. Igualmente o Papa Pio XII se referiu publicamente a Maria Teresa Ferragud como “a mãe dos macabeus”, em referência aos sete irmãos judeus que, segundo o relato bíblico, morreram por defesa da sua Fé na presença da sua mãe, quem os igualmente os acarinhou ao enfrentarem o seu martírio.

Maria Teresa Ferragud, nascida em Algemasi em 1853, foi assassinada em Alzira em 1936 depois de ver o martírio de suas quatro filhas, que se tinham refugiado na casa familiar no início da guerra civil de Espanha, após os seus mosteiros terem sido incendiados e as monjas dispersas. Os milicianos arrastaram as quatro irmãs, mas a mãe destas ”quis segui-las para não as abandonar”, dizendo aos assassinos: “Onde as minhas filhas forem, eu vou!”, que após as ter trazido no seu ventre e as ter visto nascer, também quis vê-las nascer para a Glória.
Ao serem fuziladas, todas elas gritaram em voz alta: “Viva Cristo Rei!”, após terem todas perdoado os seus carrascos.

A mãe e suas quatro filhas martirizadas, Maria Jesús, Maria Felicidad, Maria Verónica y Josefa, as três primeiras pertencentes à Ordem religiosa das Clarissas Capuchinhas, e a quarta às Agostinhas Descalças, foram beatificadas pelo Papa João Paulo II em 2001, com outros 229 mártires espanhois, vítimas da insana perseguição religiosa ocorrida em 1936.

Maria de Teresa Ferragud, “de profunda convicção religiosa desde criança, teve uma especial devoção à Eucaristia, que se manifestava na presença diária da Missa e na Adoração ao Santíssimo”. Fez parte do grupo de Acção Católica da sua paróquia e assumiu diversas responsabilidades no grupo das mulheres desse movimento católico. Também participava nas actividades da Fraternidade de S. Vicente de Paulo da sua paróquia, de que foi presidenta.

As memórias destas martires cristãs são festejadas com grande alegria pela nossa Santa Mãe Igreja a 25 de Outubro.

Beata Maria Teresa Ferragud e tuas quatro filhas, Orem por mim a Nosso Senhor Jesus Cristo pois sou um miserável pecador!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pe. Isabelino Madroñal Sánchez - diocese de Toledo



O padre Isabelino Madroñal Sánchez, pároco de Ricomalillo, foi surpreendido pelo inicio da guerra, quando estava na paróquia de Malpica do Tajo.
Tinha nascido em Las Herencias a 8 de julho de 1900 e era sacerdote desde 22 de setembro de 1922. Perante as ameaças marxistas decide, naqueles difíceis dias de julho de 1936, regressar à sua aldeia natal. No entanto, foi detido por mílicias de Las Herreras que o entregaram a milicianos da sua antiga paróquia de La Nava. Ali permaneceu aprisionado até 29 de agosto, onde em pleno campo, junto ao rio Huso, o assassinaram.
Profundo conhecedor do coração humano, sabia que aqueles mesmo, de entre os quais repartiu o seu dinheiro e os seus cuidados durante 11 anos, seriam os que gritaram, como os judeus contra Jesus: "Crucifica-o!". Antes de morrer invocou ao Senhor em voz alta e perdou os seus antigos paroquianos do crime que cometiam. Antes de partir, os milicianos regaram o seu corpo com gasolina e atearam fogo. Os restos calcinados do Pe. Isabelino estiveram ali no descampado até ao final da guerra. Após a guerra, os seus restos foram colocados no cemitério de Las Herencias. Em 2011, procedeu-se à exumação das reliquias, e depositadas na Igreja paroquial.

Pe. César Eusebio Martín - padre da diocese de Toledo

Natural de Navalcán, recebeu a ordenação sacerdotal em 14 de junho de 1930. Quando rebentou a guerra civil, exercia o seu ministério como capelão das monjas Tercidiárias Carmelitas do Hospital de Oropesa (presentemente esta congregação tem o nome de Carmelitas Missionárias, fundadas pelo padre Palau, e continuam a trabalhar em Oropesa).

Sua mãe declarou que o seu filho passava aqueles dias, antes de ser martirizado, a rezar e a ler livros sobre mártires. Quando foi detido, foi conduzido ao Comité local dos comunistas. Após um interrogatório humilhante para apurar se era sacerdote ou não, e perante a sua afirmativa, o condenaram imediatamente à morte. Ao sair, um grupo de gente o quis linchar na praça. fazem-no subior a bordo de um automovel, acompanhado de um piquete de milicianos, na direcção de Calzada de Oropesa. Poucos quilometros depois, o fizeram descer do veículo e caminhar, quando ele, sereno, lhes diz: "Sei o que me vão fazer. Que Deus vos perdoe como eu vos perdoo". Um pouco antes, e segundo confessaram os mesmos assassinos, o tinham instado a gritar: "Viva o Comunismo!", ao que ele sempre respondia "Viva Cristo Rei!" Foi no dia 27 de julho de 1936.


As reliquias sagradas do jovem sacerdote e Servo de Deus, Pe. César Eusebio Martín, mártir da Fé, encontram-se sepultadas junto ao altar maior da igreja paroquial de Navalcán.


Pe. César Eusebio Martín, tu que deste a vida por Jesus Cristo e pela Igreja, ora por mim!



domingo, 4 de dezembro de 2011

Paracuellos de Jarama - 75.º Aniversário


O cemitério da pequena localidade nos arredores de Madrid, de Paracuellos de Jarama, é justamente considerado o maior relicário do mundo. Ali repousam os restos mortais de inúmeros mártires brutalmente assassinados em Novembro de 1936, fez agora 75 anos. Muitos já foram beatificados, outros mais serão ainda no futuro, sendo 22 deles já no próximo dia 17 de Dezembro. Estes são os nossos mártires. Esta é a nossa gloriosa e Santa Igreja Católica! Amados mártires de Paracuellos, vós que estáis na presença de Deus Todo-Poderoso, roguem pela nossa Santa Mãe Igreja, rezem por Espanha! Rainha dos Mártires, intercede por nós!
Ao falar de Paracuellos de Jarama, o Pe. Marcos Octavio da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, expressa-se da seguinte forma: "Este é um nome que ficou gravado com uma faca na alma de Espanha e cujos personagens estão manchados a púrpura do seu sangue. Lugar sagrado, campo de expiação, corpos espalhados pela terra santa e adubada com o sangue dos mártires. Estara ali, naquele espaço sagrado, não podemos deixar de ouvir os ecos das suas vozes, saidas dos lábios de todos aqueles ao morrer diziam: Viva Cristo Rei! Viva Espanha! Perdoa-lhes Senhor!, deixando o chão embebido com o seu sangue, enquanto suas almas subiam ao céu como incenso perfumado, revestidos com o manto de púrpura real, atributo glorioso da vitória e realeza de Cristo".
Holocausto impressionante, a tragédia de Paracuellos, aconteceu há exatamente 75 anos atrás, (7 e 8 de Novembro e de 28 a 30 de Novembro do ano de 1936), o maior massacre de católicos dos tempos modernos, perto do monte de São Miguel (cerro de San Miguel) em Paracuellos de Jarama.
Muitos milhares de católicos foram martirizados pelas forças que defendiam a República Espanhola (que incluiam comunistas, socialistas e anarquistas) de forma brutal e hedionda, antes e especialmente durante a Guerra Civil Espanhola - no entanto nenhum outro local foi tão empapado com o sangue de mártires cristãos num período tão curto como o campo de Paracuellos.
Madrid apenas haveria de cair nas mãos das forças nacionalistas quase no final da guerra. No entanto, em Outubro de 1936, o Governo republicano e seus aliados percepcionavam que Madrid iria cair em breve. O Governo seria tranferido para Valência e os milhares e milhares de prisioneiros nas prisões republicanas (que grande parte não eram partisans políticos, mas sim simples sacerdotes católicos, religiosos, e leigos fiéis à Igreja) e outros centros de detenção (as famosas "checas", prisões privadas e clandestinas ligadas a um partido político ou sindicato) teriam de ser descartados...
Em camiões de caixa aberta e em autocarros (alguns deles, aqueles de dois andares) centenas, centenas e centenas foram deslocados a partir do dia 6. Quando os prissioneiros chegaram a Paracuellos, encontraram enormas fossas comuns abertas, onde eram sumariamente fuzilados por esquadrões de esquerdistas. Dado o tipo de execução, muitos eram os que apenas ficavam feridos e eram sepultados feridos ainda com vida.
O fluxo de prisioneiros para Paracuellos foi interrompido a 8 de novembro, quando as forças nacionalistas foram estabilizadas, e também a intervenção de diplomatas estrangeiros.
De 28 a 30 de novembro, milhares foram assassinados em Paracuellos, incluindo quase toda a comunidade de frades agostinhos de Real Mosteiro de São Lourenço do Escorial. Vários historiadores estimam que o número de mortos em Paracuellos em novembro de 1936 tenha atingido os 10.000, dos quais, um incalculável número mortos, somente por causa da sua Fé.
Publicamos embaixo o nome de alguns dos mártires de Paracuellos, padres e irmãos de ordens e congregações religiosas várias (identificados como Ir.) Imensos de muitos outros sacerdotes e irmãos, bem como de milhares de leigos, não identificados e também martirizados, ali permanecem naquele local santo. Vários já foram beatificados. A lista que obtive, de várias fontes está incompleta. Honramos onome dos mártires de Paracuellos, conhecidos e desconhecidos.
Que o martírio destes nossos irmãos na Fé católica em Jesus Cristo, nunca seja esquecido, bem como as lições tiradas daqueles terríveis tempos de perseguição religiosa de uma feroz tirania ateia.

Martires de 7-8 de novembro e 28 a 30 novembro de 1936:

1.
Adalberto Juan (Irmão das Escolas Cristãs)
2.
Adradas Gonzalo, Juan Jesús
(Beato)
3.
Alcalde Alcalde, Juan (Ir)
(Beato)
4.
Alcalde González, Benito
5.
Alcalde Negredo, Pedro María (Ir) (Beato)
6.
Alcobendas Merino, Severino
7.
Alfonso, José (Ir)
8.
Alfonso Beltrán (Irmão das Escolas Cristãs)
9.
Alonso Cadierno, Pedro
Nolasco
10.
Álvarez Melcón, Bernardino
11.
Álvarez Rego, Manuel
12.
Arnaiz Álvarez, Atanasio
13.
Baldajos Pérez, Juan (Ir)
14.
Basilio Julián (Irmão das Escolas Cristãs)
15.
Bautista Jiménez, Eduardo
(Ir) (Beato)
16. Bernalte Calzado, Pedro
Alcántara (Ir) (Beato)
17.
Blanco, Vicente
18.
Bocos, Ángel (Ir)
19.
Caballero, Juan José
(subdiácono)
20.
Carmona, Isabelino
21.
Daciano (Irmão das Escolas Cristãs)
22.
Delgado Pérez, José (Ir)
23.
Delgado Vílchez, Hilario
(Ir) (Beato)
24.
Díez Fernández, Jenaro
25.
Díez Sahún, Clemente (Ir) (Beato)
26.
Donoso Murillo, Arturo (Ir)
(Beato)
27.
Escribano Herranz, Mariano
28.
Esteban, Francico
29.
Esteban, Gregorio
30.
Eufrasio María (Irmão das Escolas Cristãs)
31.
Fanjul Acebal, Alfonso
32.
Feijoo, Zacarías
33.
Fernández González, Justo
(Ir)
34.
Floriano Félix (Irmão das Escolas Cristãs)
35.
Franco Prieto, Emilio
36.
García González, Senén
37. García Molina, Diego de
Cádiz (Ir) (Beato)
38.
García Pérez, José (noviço)
39.
Garzón González, Anastasio
40. Gesta de Piquer, Jesús
(Ir) (Beato)
41.
Gil Arribas, Valentín
42.
Gil, Justo (diácono)
43.
Gomara, Vidal Luis
44.
Gómez Lucas, Daniel (Ir)
45.
González Bustos, Maximino
46.
Guerra, José (Ir)
47.
Iglesias Suárez, Ramón
48.
Ismael Ricardo (Irmão das Escolas Cristãs)
49.
Juan Pablo (Irmão das Escolas Cristãs)
50.
Juanes Santos, Justo
51.
Julián Alberto (Irmão das Escolas Cristãs)
52.
Llop Gayá, Guillermo (Ir) (Beato)
53.
López Arroba, Rogelio
54.
Luis Victorio (Irmão das Escolas Cristãs)
55.
Marcelino Rebollar, Julián
(Ir)
56.
Marco, Alberto
57.
Martín Gago, Victorio
58.
Martín Gómez, Manuel
59.
Martín López, Francisco
José
60.
Martínez Gil-Leonis,
Antonio (Ir) (Beato)
61. Martínez Izquierdo,
Isidoro (Ir) (Beato)
62.
Martínez Vélez, Dámaso
63.
Martínez y Martínez, José
64.
Mata Pérez, Anastasio (Ir)
65. Meléndez Sánchez,
Martiniano (Ir) (Beato)
66.
Mendivelzúa, Juan
67.
Mendoza Sabada, Jacinto
68.
Menes Álvarez, Antonio
69.
Monterroso García,
Crescencio
70.
Mora Velasco, José (Beato)
71.
Morquillas Fernández,
Francisco
72.
Múgica Goiburu, Lázaro (Ir)
(Beato)
73.
Muñiz, Félix
74. Nogueira Guitián, Manuel
(Carlos de los Santísimos Sacramentos)
75.
Pablo de la Cruz (Irmão das Escolas Cristãs)
76.
Pajares García, Samuel
77.
Peña, Vicente
78.
Peque Iglesias, José (Ir)
79.
Pérez Buenavista, Marcos
(Ir)
80.
Pérez Carrascal, Laureano
81. Pérez Díez, Gabriel
(Manuel del Rosario)
82.
Pérez Nanclares, Florencio
(Ir)
83.
Plazaola Artola, Julián
(Ir) (Beato)
84.
Poveda Daries, Luis
85.
Prado, Eleuterio (Ir)
86.
Prieto Fuentes, José (Ir)
87.
Reguero, Victoriano
88.
Renuncio Toribio, Vicente
89.
Riaño Herrero, Serviliano
(Ir)
90.
Rodrigo Fierro, Sabino
91.
Rodríguez Alonso, Avelino
92.
Rodríguez Crespo, Agustín
93.
Rodríguez Fernández,
Vicente
94.
Rodríguez Peña, José María
95.
Rodríguez, Clemente (Ir)
96.
Rodríguez, Publio (Ir)
97. Rueda Meijías, Miguel
(Ir) (Beato)
98. Ruiz Cuesta, José
(postulante) (Beato)
99.
Ruiz Ruiz, Leonardo
100.
Ruiz Valtierra, Luciano
(Ir)
101.
Sáenz Gastón, Romualdo
102.
Salvador del Río, Nicéforo (Ir) (Beato)
103.
Sánchez Fernández,
Marcelino (Ir)
104.
Sanz Domínguez, Manuel (Ir)
105.
Sastre Corporales, Ángel
(noviço) (Beato)
106.
Sedano Sedano, Enrique
107.
Sinfronio (Irmão das Escolas Cristãs)
108.
Soria Castresana, Juan
109.
Touceda Fernández, Román
(Ir) (Beato)
110.
Turrado Crespo, Eleuterio
111.
Valiente, José María (Ir)
112.
Vega Riaño, José
113.
Villarroel Villarroel,
Balbino
114.
Zubillaga Echarri, Joaquín
(Agostinho do Escorial, Martirizado a 30 novembro 1936)
115.
Abia Melendro, Luis (Ir)
116.
Alonso López, Ramiro (Ir)
117.
Arconada Merino, Dámaso
118.
Calle Franco, Bernardino
(Ir)
119.
Carvajal Pereda, Pedro J. (Ir)
120.
Cerezal Calvo, Miguel
121.
Cuesta Villalba, Víctor
(Ir)
122.
Dalmau Regas, José M. (Ir)
123.
Diez Fernández, Nemesio
(Ir)
124.
Espeso Cuevas, Matías
125.
Fariña Castro, José Agustín
126.
Fincias, Julio María (Ir)
127.
Fuentes Puebla, Francisco (Ir)
128.
Gando Uña, José (Ir)
129.
García Ferrero, Joaquín
130.
García de la Fuente, Arturo
131.
García Fernández, Nemesio
(Ir)
132.
García Suárez, Esteban
133.
Garnelo Alvarez, Benito
134.
Gil Leal, Gerardo
135.
Guerrero Prieto, Marcos
(Ir)
136.
Iturrarán Laucirica, Miguel
(Ir)
137.
Largo Manrique, Jesús
138.
López Piteira, José (Ir)
139.
Malunbres Francés,
Constantino
140.
Marcos del Río, Francisco
141.
Marcos Reguero, Ricardo
(Ir)
142.
Marcos Rodríguez, Julio
(Ir)
143.
Martín Mata, Román (Ir)
144.
Martínez Antuña, Melchor
145.
Martínez Ramos, Pedro
146.
Mediavilla Campos, Isidro (Ir)
147.
Merino Merino, Heliodoro
148.
Monedero Fernández, Juan
149.
Noriega González, José (Ir)
150.
Pascual Mata, Gerardo (Ir)
151.
Pérez García, José Antonio (Ir)
152.
Renedo Martin, Agustín
153.
Revilla Rico, Mariano
154.
Rodríguez Gutiérrez,
Conrado
155.
Rodríguez González, Benito
156.
Sánchez Sánchez, Juan
157.
Sánchez López, Macario (Ir)
158.
Sánchez López, Tomás (Ir)
159.
Simón Ferrero, Pedro (Ir)
160.
Suárez Valdés, Luis
161.
Terceño Vicente, Dionisio
(br)
162.
Valle García, Máximo (Ir)
163.
Varga Delgado, Pedro de la
164.
Velásco Velásco, Benito
165.
Zarco Cuevas, Julián